quinta-feira, julho 31, 2003

Recebi a Nova carta de recusa da Dom Quixote!
'Tou parva!
Fizeram uma Nova carta de recusa só porque me queixei da universal uniformidade das ditas!
Pergunto-me: terei sido a primeira a quem enviaram a carta?
Devolveram-me o manuscrito que enviei em ’99, ou seja, no século passado.
O que não é muito habitual na Dom Quixote, regra geral demoram poucos meses a responder.
Li uma entrada há uns tempos no blog de outro editor. Dizia que, a não ser por recomendação, era impossível publicar um livro.
Estou quase a ponto de mandar o idealismo às malvas e angariar a recomendação de alguém. Conheço, por acaso, um escritor famoso. Terei lata para o abordar nesse sentido?
Nop :-/ Sou uma atadinha.
Porém! Saber! Que o meu post sobre as malditas carta de recusa! Foi lido! E! Que mudaram o standard! Isto é que é poder, hã! Ponham os olhos nisto, mês lindos! Isto é que é poder a sério! A minha acção levou a que um novo tipo de carta de recusa fosse elaborado! (Pelo menos na Dom Quixote...) ‘Tão a imaginar o impacto da coisa? Eu vou entrar nos livros da História. Putos ranhosos vão decorar a data, juntamente com os feitos de D. Afonso Henriques, as Descobertas, as batalhas cristãs contra os mouros e os gloriosos feitos do Benfica (deixem-me sonhar, porra).
(Estou a queimar Qualquer hipótese – remota, remotíssima – com a editora, não estou?)
(Também não sou nenhum ás em políticas, já deve ter dado para notar.)
Bom, fiz um acordo comigo mesma. Quero ver se tenho a força para o cumprir. Portanto, em princípio, esta será a última entrada. Não tenciono regressar ao blog senão daqui a um mês.
Aqui fica a famigerada carta! (Itálicos e negritos meus.)


"Agradeço o envio do seu original acima referenciado e não posso deixar de lhe agradecer a gentileza que teve em no-lo propor para publicação na Dom Quixote. [Ora, não tenha de quê! Foi um prazer!]


Após cuidada apreciação o seu texto, lamentamos no entanto informar que não vemos possibilidade de encarar a sua publicação. [Todos: ooooohhhhhhhh.] Para além de uma inevitável sobrecarga do nosso programa editorial para o ano corrente (desculpa mais frequente de todos os editores, embora verdadeira), julgamos [atão, não ‘tavamos no singular, pá? Afinal quantos é que escreveram a carta?!] que o seu original precisa ainda de um trabalho mais apurado antes de poder atingir condições de publicação.


A sua escrita, porém, revela qualidades que, em nosso entender, vale a pena acompanhar. Pelo que lhe sugerimos que não desista e continue a enviar-nos os seus trabalhos. Não deixaremos [cansei-me dos itálicos] também de continuar a transmitir-lhe a nossa opinião.


Devolvemos em anexo o original enviado, despedindo-nos com as mais cordiais saudações.


Departamento Editorial"



Bom, boas férias a todos.
Meditem, que eu também não.

domingo, julho 27, 2003

sexta-feira, julho 25, 2003

Vou concorrer com o livro que fiz nos últimos meses a um concurso literário - mas nele não se pode usar pseudónimos. Sou obrigada a usar o meu nome verdadeiro. Ok, suponho que é uma maneira de evitar que as mesmas pessoas que já ganharem ganhem de novo, mas há outras maneiras de o fazer se de facto é esse o objectivo. Seja como for - lá se vai a objectividade porque é impossível evitar a imparcialidade se o concorrente não for anónimo. Já começo a desconfiar que, em vista do prémio (10 mil contos), seja uma maneira, sei lá, de o manter em casa, if you know what I mean. Já me passa tudo pela cabeça. É uma idiotice, na minha opinião, não permitir o anonimato. Acaba-se não por julgar a obra - mas o autor.
Entrevista ;)

quarta-feira, julho 23, 2003

Incontornáveis



Estou a lembrar-me da “Construção “ de Chico Buarque onde o tipo faz todas as coisas pela última vez [ouvi a música com mais atenção].
Lembrei-me da música ao ler a palavra “incontornável”. Obra tal é “incontornável”, pessoa assim é “incontornável”.
Depois lembrei-me de uma ideia que tive no outro dia. A memória não é eterna. A memória finda, a memória não engana a morte. Nisto culpo um bocado algumas escassas leituras zen. Mas como se pode ignorar isto? Que nada é eterno? Um dia o sol explode e lá se vai a Terra. O pó do pó do pó da memória do pó das obras de Shakespeare seguem-na. Sabendo à partida que a única certeza é o fim (por mais longínquo que esteja) porque é que o escritor escreve, o pintor pinta, o escultor esculpe, o cantor canta? Não pode apenas, como fim último, apontar para a Memória. Se ele aponta para aí já perdeu porque absolutamente nada nos sobrevive. Ele aponta para si, talvez (penso). Ele aponta para a sua alma, exprime-se para a conhecer, compreender-se – e fá-lo publicamente. Li algures que o universo se dividiu em partículas minúsculas de maneira a poder analisar-se melhor. Se o artista apontasse para a Memória (que é finita) estaria a apontar para o “incontornável” (que ninguém no fim de contas é), estaria a apontar para o efémero, estaria a apontar para (aiming at) fora de si. E fora de si não há arte possível porque se elimina a expressão individual.


Não há incontornáveis, não há permanências eternas; eterno por enquanto só é o presente. À maneira zen devíamos fazer as coisas como se fosse a primeira vez que as fizéssemos (analisando a questão, no momento em que as fazemos até é a primeira vez). O fim é inevitável – morrer na contramão a atrapalhar o trânsito (metaforicamente, claro).
Gato


Que fazes aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens
e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pêlo, frio no olhar?!


De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos, quem somos nós, teus donos ou teus servos?



Alexandre O'Neill

terça-feira, julho 22, 2003

Sonhei com chuva e pantufas. Sonhei que ia para um sítio de bicicleta e cheguei lá de carro. Estava a chover e eu estava de pantufas. Pensei: que se lixe. Fui assim mesmo, à chuva e de pantufas, fazer o que tinha a fazer.

segunda-feira, julho 21, 2003

Escrever é deixar de ser escritor.

[Enrique Vila-Matas]


Outro site com alguns capítulos traduzidos (não todos).


Também têm o livro em inglês para download.

[A minha costela anárquica manifesta-se :->]

Update: não vale a pena fazer o download do suposto livro em inglês do HP. O que vos dá é isto: http://www.portaldetonando.com.br.

"Harry Potter e a Ordem da Fênix PORTUGUÊS


Você não está sonhando. É real. Ordem da Fênix em primeira mão.

Aqui vocês conferem todo o livro. Atenção. Eu estou dizendo todo o livro. Se por ventura alguns capítulos não tiverem com link é porque ainda estou traduzindo. Obrigado."



Quem é amiga, quem é? ;)



E já agora... vejam isto também.

domingo, julho 20, 2003

Entre sopa e bípedes o que é acham que a Mafalda escolhia?
Lol!


eating people
YOU EAT PEOPLE!!!


what's YOUR deepest secret?
brought to you by Quizilla



Busca no google:

- pudim flamejante.

?

Quê?

Whati?
Filhos da puta dos gobelins. Eu sei lá o que são gobelins! Sou classe média, porra! Neta de agricultores analfabetos! Eu lá sei o que são gobelins...
Perguntem-me sobre sardinha assada, frango no churrasco, vivendas com empenas inclinadas na santa terrinha, onde nunca neva. Nunca vi um cabrão de um floco de neve perdido, a pedir indicações para regressar à Suiça ou à França. Falem-me de azulejos na parte exterior das casas e eu compreendo. Agora gobelins?! Digam-me que foram aos saldos ou comprar roupa na Feira das Galinheiras – vou perceber. Aliás, como não perceber a existência de móveis onde nas vitrinas se ostentam copos de cristal? Quem tem gobelins não terá móveis destes, expondo copos de champanhe de cristal, comprados nas franças, décadas atrás. Ca-te-go-ri-a. Ah! (Estalinho de boca.) Repetição: ca-te-go-ri-a! Ah-ah! Carro que é carro só de Mercedes para cima, não importa o ano, se é a gasolina ou gasóleo, tem de ser é Mercedes! Ah não! Ora pois! Eu percebo isso tudo. Percebo que o mês de Agosto é o mais importante para os meus primos e tios franceses. Percebo que se casem e baptizem só em Agosto. Percebo que é o mês de praia e sol, ansiado o ano inteiro, lá, onde só chove e chove e uma nesga de luz é milagre gerador de comentários semanas a fio. O que é que sei de gobelins, chiça?! Ora se não fosse a internet bem podia morrer burra! (Ou quase: bem-hajam as bibliotecas.) Nem tenho quadros em casa. Nem serigrafias. Já passei o tempo dos posters de bandas pop-rock e artistas celebérrimos. O último poster, lembro, a ser despejado da parede do meu quarto foi o de Brad Pitt. Porra, o tipo é bom. Todos os dias. Mas gobelins...? Gobelins...?
Como viverá uma família que os possua? Que os tenha há décadas? Ou séculos, se é possível. Até entendo, obliquamente, o possuir-se um quadro do Cargaleiro, assim, a modos que desgarrado na sala, a pontificar por entre a quinquilharia de bibelôs e pratos representando a Natividade. Um – eu percebo. Quem é que na classe média lusa pode coleccionar quadros? Quem é que andará de galeria em galeria comprando esta e aquela tela, porque lhe agrada? (Não falo, óbvio, dos pintores famosos, mas dos outros, mais baratuchos, com toneladas da talento.) Qual é o pai de família, bigodudo, sócio do Benfica, faz piqueniques aos Domingos ou passeia com mulher e filhos no Centro Comercial, taxista, quiçá; qual é o pai de família, repito, que colecciona quadros de pintores contemporâneos? Que faz o circuito das galerias, à cata de belas obras, que lhe agradem e sejam baratas o suficiente para ele as comprar? Conhecem algum? Se sim, rápido, dêem-me os contactos da criatura, dessa ave rara! Perguntem a um funcionário público:
- Tem gobelins em casa?
A resposta seria:
- Sim, mas já os tomei todos. Tenho de ir ao médico de família renovar a receita. Isto com a saúde não se brinca! (Frémito vivaz do bigode.)
Como é que eu, vil criatura, nada e criada na classe média, me concedo o atrevimento de falar, ainda que pela rama, sobre gobelins! Gobelins, por Deus, gobelins!
Mas falo. Não é a ignorância que me atrapalha. Quem se atrapalha com a ignorância tem o impedimento da vida.
Espalho-me, de trombas, caio no chão. Não mal!
(Ai tanta exclamação, vê-me isso ‘pariga, corta na cafeína.)
Agora vou fazer uma coisa muito feia: não digo o que são gobelins. Façam aqui como a je – vão ao Google.

Estejam atentos a este site:


JPCoutinho.com


Dá para adivinhar de quem é?

;)
(Mas o que é que eu estou aqui a fazer a estas horas!)



Ao ler Eça tive este subitâneo pensamento - a gente inventa os heróis, não os descobre. Chega o tempo de os haver e, desdenhando heróis de facto, vai inventar os que nos agradam, parecidos com os "lá de fora".
A estranja, pensamos, tem heróis decentes. Heróis com o tamanho de Heróis. Nós começamos pelo tamanho - o resto logo se vê.
O resto vem por acrescento, se vier; se não vier façamos de conta que sim.
(Eish! Usei a p*ta da ponta e vírgula! Estreia! Desbravo novos mundos na pontuação!)
O luso vai pela Forma, o Conteúdo (ou a Ideia) que se fornique.
(Esta palavra é gira, não é? Outra: que se coza.)
A Ideia da Forma parece que nos talha.
Vivemos as aparências, de aparências e pelas aparências.
(Ou talvez se trate de uma simbiose.)
Os nossos heróis, e génios, são aqueles a quem vestimos a heroicidade. A virtude que se veste.
Virtude: manta, roupão, cobertura - trapo.
Ou seja, colocamos as virtudes no domínio do material. Voltámos à Forma. Talvez nunca tenhamos atingido o abstracto, o lado espiritual (translúcido) da vida.
E é por isso que temos de inventar heróis - gente de qualidades translúcidas, místicas. Não há como viver sem Ideias, sem virtudes, sem qualidades. O mais perto que delas chegamos é através da Forma.
Da aparência.
Somos todos uns menininhos à procura do Superior, a fazer perguntas difíceis às flores e aos ramos, a ver se achamos Deus numa toca abandonada no meio da floresta.


sábado, julho 19, 2003

"O objectivo desta página é disponibilizar textos integrais das obras de Eça de Queirós."


(link)

sexta-feira, julho 18, 2003

(Poema passado no #poesia.)



Vivo agora aqui, num quarto fechado, a tua roupa, todos os teus
objectos caem sobre mim como trovões. Há um terror teimoso
que me prende a estas gavetas cheias, já me deixei fulminar
numa noite de onde não me queria levantar, e tu à mesma dormindo,
sem dares por nada. A partir daí a minha testa de zombi chocou
contra vidros, paredes e jarras de flores, é testa dura que não se parte.


Foi missa ligeira a que assistimos sem crer, mais um dos nossos
mortos ia a enterrar, cumprir o dever de aparecer por ali e depois,
deitados, nós dois tão afastados, tão mortos. Ver-te no cinzeiro
fora do quarto, de calças oscilantes, arrumando na distância
os teus assuntos práticos, é ver-me nisso tudo que perdi e sentir-me
frio, frio, cada vez mais frio. Tenho andado a pensar no nosso caso
e - tirando da estante um livro - está tudo aqui bem claro, disse.


Nunca serei para ti a Grande Mãe, esse maníaco corpo onde te queres
enroscar e buscas protecção para os temores da noite e de deus.
Não te acompanharei nessa viagem sexual até à exausta escuridão
do infinito, não contes comigo para cobrar impostos à tua amoralidade,
nem penses que me comove a tua pena, a tua dor, o teu sofrimento.


Os teus objectos, todas as tuas coisas, os teus sapatos, a tua tristeza,
já não são bem coisas, são palavras que eu levaria comigo para outra casa.
Serei eu quem me lembro de ter sido? É uma questão que só ocorre
num quarto fechado de paredes desiguais, quando a memória
não é senão um facto igual a tantos outros e o teu cordão de histórias
repete datas - num dia de setembro, por exemplo, amámo-nos.


Dez dias fora. Ao longo dos dez dias vou sentindo cada vez mais
escuridão e contudo no dia marcado para o teu regresso há tanta alegria
na minha boca (mesmo se fechada a boca põe os lábios
de outra maneira, deixa entrever metade dos seus dentes) que
só me apetece escrever um enorme e ridículo poema épico



Helder Moura Pereira
LÁGRIMA
poesia inédita portuguesa
Assírio & Alvim
2002

(Alguns problemas de escrita)



Abuso no seu, sua, nos que’s.
E as rimas involuntárias são uma praga recorrente na prosa.
Palavras terminadas em –ado ou –ada ou –ava. Graças a Deus existem sinónimos.
Prosa não é rima, o que não quer dizer que não possa ser poética.
(Que, que, que. Bolas.)
E os verbos? Epidemia nos que têm terminação em –ar. Ou –er. Em –ir já é mais raro.
Sem dicionários eu não sobrevivo.
E ainda não atino com a ponta e vírgula. Como raio é que se usa aquilo?!


quinta-feira, julho 17, 2003

Arqueoblogo.

Estive quase a ser arqueóloga :)
Lembro-me bem dos tiques que se apanham na profissão, lol.



"Quando depararem com um indivíduo olhando constantemente para o chão, procurando algo, trata-se provavelmente dum arqueólogo procurando indícios humanos primitivos, sejam eles na forma de anomalias topográficas ou de materiais avulsos: pedaços de sílex, pedras trabalhadas, fragmentos de cerâmica, objectos metálicos, vidro ou até ossadas."

"Estes achados contribuem para localizar os assentamentos humanos e caracterizar a sua cultura material, os hábitos e os costumes das comunidades primitivas."




Quando íamos escavar era sempre a mesma piada: quer ir lá cavar na minha horta! Eu também tenho lá muito por onde cavar!

É fácil topar com um arqueólogo, é o tal tique: 'tá sempre a olhar para o chão, a ver se descobre alguma coisa. Há alguns que são uns artistas, vêem tudo! Tive um professor na universidade que era assim. Tinha cá um nariz pós cacos... :)



SE...


Se é possível conservar a juventude
Respirando abraçado a um marco de correio;
Se a dentadura postiça se voltou contra a pobre senhora e a mordeu
Deixando-a em estado grave;
Se ao descer do avião a Duquesa do Quente
Pôs marfim a sorrir;
Se Baú-Cheio tem acções nas minas de esterco;
Se na América um jovem de cem anos
Veio de longe ver o Presidente
A cavalo na mãe;
Se um bode recebe o próprio peso em aspirina
E a oferece aos hospitais do seu país;
Se o engenheiro sempre não era engenheiro
E a rapariga ficou com uma engenhoca nos braços;
Se reentrante, protuberante, perturbante,
Lola domina ainda os portugueses;
Se o Jorge (o «ponto» do Jorge!) tentou beber naquela noite
O presunto de Chaves por uma palhinha
E o Eduardo não lhe ficou atrás
Ao sair com a lagosta pela trela;
Se «ninguém me ama porque tenho mau hálito
E reviro os olhos como uma parva»;
E Mimi Travessuras já não vem a Lisboa
Cantar com o Alberto...

... Acaso o nosso destino, tac!, vai mudar?



Alexandre O'Neill
CAIXADÒCLOS


- Patriazinha iletrada, que sabes tu de mim?
- Que és o esticalaria que se vê.

- Público em geral, acaso o meu nome...
- Vai mas é vender banha de cobra!

- Lisboa, meu berço, tu que me conheces...
- Este é dos que fala sozinho na rua...

- Campdòrique, então, não dizes nada?
- Ai tão silvatávares que ele vem hoje!

- Rua do Jasmim, anda, diz que sim!
- É o do terceiro, nunca tem dinheiro...

- Ó Gaspar Simões, conte-lhes Você...
- Dos dois ou três nomes que o surrealismo...

- Ah, agora sim, fazem-me justiça!

- Olha o caixadòclos todo satisfeito
a ler as notícias...


Alexandre O'Neill
A porcaria do contador agora não funciona.
#$%&%$#
Que se dane.

/out
Chega, já não consigo olhar mais para isto.
Tirei a template do blogskins.
Novo template.
Porque me apeteceu :)

quarta-feira, julho 16, 2003

Olha a Armada Invisível.

O meu porteiro é que sabe : "Se um dia destes eu ficar siamês, quero ser operado pelo Doutor Gentil Martins" JQ
Escrevi este poema quando estava lixada com uma pessoa, já há algum tempo atrás.
A raiva faz-me escrever melhor, lol!

LACAIO

Lacaio     Rato

Ordinário tapete
Amouco Chocarreiro
És trapo Fiel sabujo
Rato treteiro
Lacrau Mochila reles
Leal pagem
Vil alma entregada
ao carcereiro da tua vontade
Morrerás serviçal
às suas mãos
Bufão Criado
Leco Moço de frete
Dobras o rabo
e passas-lhe o cheque
Bobo de feira
Tens alma de servo
E é como cervo (ou frango assado)
que te come o corsário
Ignóbil tratante
Cabeça de ameba
Veleto Volante
Escravo sucumbirás
no ninho, no antro


30/11/01

domingo, julho 13, 2003

O primeiro me chegou / Como quem vem do florista / Trouxe um bicho de pelúcia / Trouxe um broche de ametista / Me contou suas viagens / E as vantagens que ele tinha / Me mostrou o seu relógio / Me chamava de rainha / Me encontrou tão desarmada / Que tocou meu coração / Mas não me negava nada / E, assustada, eu disse não

O segundo me chegou / Como quem chega do bar / Trouxe um litro de aguardente / Tão amarga de tragar / Indagou o meu passado / E cheirou minha comida / Vasculhou minha gaveta / Me chamava de perdida / Me encontrou tão desarmada / Que arranhou meu coração / Mas não me entregava nada / E, assustada, eu disse não

O terceiro me chegou / Como quem chega do nada / Ele não me trouxe nada / Também nada perguntou / Mal sei como ele se chama / Mas entendo o que ele quer / Se deitou na minha cama / E me chama de mulher / Foi chegando sorrateiro / E antes que eu dissesse não / Se instalou feito um posseiro / Dentro do meu coração

Chico Buarque, Teresinha (Ópera do Malandro)

(Roubado.)
Ainda ponho este gajo ali (--->) nos links. Ah, ponho.

Porra, que ele escreve bem.
Uma coisa que ainda não tinha dito: sou uma das beta testers do TypePad.

Lá mais para o fim da experiência sou capaz de pôr aqui o link para o blog.

Ah: ontem tive um 3 no totoloto. Iupi, ena tão rica que eu estou...
Sue, sue, sue...

All the world, all the children...

(Via Impressões Digitais.)

sábado, julho 12, 2003

Ok, visualizem o círculo vermelho no canto superior direito.
Visualizem...
Visualizando...
Já está? Aqui vai.
_________________

Discurso do filho-da-puta

Balada ditirâmbica
do pequeno e do grande filho-da-puta


I

o pequeno filho-da-puta
é sempre
um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.

no entanto, há
filhos-da-puta
que nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.

de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o pequeno filho-da-puta.

o pequeno
filho-da-puta
tem uma pequena
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o pequeno filho-da-puta.

no entanto,
o pequeno filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o pequeno filho-da-puta.

todos
os grandes filhos-da-puta
são reproduções em
ponto grande
do pequeno filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

dentro do
pequeno filho-da-puta
estão em ideia
todos os grandes filhos-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

tudo o que é mau
para o pequeno
é mau
para o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

o pequeno filho-da-puta
foi concebido
pelo pequeno senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o pequeno filho-da-puta.

é o pequeno
filho-da-puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

de resto,
o pequeno filho-da-puta vê
com bons olhos
o engrandecimento
do grande filho-da-puta:
o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples Sobejo
ou seja, o pequeno filho-da-puta.


II

o grande filho-da-puta
também em certos casos começa
por ser
um pequeno filho-da-puta,
e não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não possa
vir a ser
um grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

no entanto, há
filhos-da-puta
que já nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o grande filho-da-puta.

de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o grande filho-da-puta.

o grande
filho-da-puta
tem uma grande
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o grande filho-da-puta.

por isso
o grande filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o grande filho-da-puta.

todos
os pequenos filhos-da-puta
são reproduções em
ponto pequeno
do grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

dentro do
grande filho-da-puta
estão em ideia
todos os
pequenos filhos-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

tudo o que é bom
para o grande
não pode
deixar de ser igualmente bom
para os pequenos filhos-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

o grande filho-da-puta
foi concebido
pelo grande senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o grande filho-da-puta.

é o grande
filho-da-puta
que dá ao pequeno
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o pequeno filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

de resto,
o grande filho-da-puta vê
com bons olhos
a multiplicação
do pequeno filho-da-puta:
o grande filho-da-puta
o grande senhor
Santo e Senha
Símbolo Supremo
ou seja, o grande filho-da-puta.

©Alberto Pimenta




Índice de blogs brasileiros pelo mundo.

Para quando um directório de blogs portugueses pelo mundo?

Acho que era uma boa ideia :)
A porcaria do contador da Bravenet anda marado...

Hoje já me contou 62 visitas. Muito estranho.

sexta-feira, julho 11, 2003

Dizia uma vez Aquilino...

Dizia uma vez Aquilino que em Portugal
os filósofos se exilavam ainda em seu país
(v.g. Spinoza). O curioso porém
é que também ninguém foi santo lá:
os nascidos em Portugal foram todos sê-lo noutra parte
(St. António, S. João de Deus, etc.)
e outros santos portugueses, se o foram,
terá sido, porque, estrangeiros que eram e em Portugal
vivendo, não tiveram outro remédio
(v.g. Rainha Santa) senão ser santos,
à falta de melhor. Oh país danado.
Porque os heróis também nunca tiveram melhor sorte
(Albuquerque e outros que o digam) a menos que
tivessem participado de revoluções feitas
*em vez de* (v.g. o Condestável que fez
fortuna e a casa de Bragança e acabou só Santo quase).

Jorge de Sena

quarta-feira, julho 09, 2003

Um conto que escrevi há muito tempo, na época em que participava no Dn Jovem.
_____________________________

CARGA D’OSSOS


Falar com bonecas de porcelana não é tão difícil como parece. As bonecas de porcelana são dóceis, mansas, não mordem nem arranham como feras enjauladas ou políticos catapultados do governo para a oposição. Elas têm olhos grandes e expressivos, pestanas encaracoladas e sobrancelhas finas, delineadas com cuidadoso rigor na testa de marfim rosado. Sorriem como Mona Lisa. São lindas, prestáveis e sabem contar histórias. Se Deus inventou o homem, segundo uma crença judaica, porque gostava de ouvir histórias, o homem inventou as bonecas de porcelana.
Tenho várias. Todas me distraem com gracejos, contos e máximas. A minha preferida, no entanto, é a de cabelos anelados de cor de avelã. A Suzy. Quando lhe tapo os olhos e depois retiro a mão, as lagoas negras do centro diminuem até se sintonizarem com a luz ambiente. Uma das histórias que me contou foi a de um rapaz, apaixonado por uma rapariguinha feia e magrela. Carga d’Ossos, chamavam-lhe. Ora era costume no local onde viviam comprar a noiva ao pai por um tanto número de vacas. A média andava nas três vacas, sendo as mais feias trocadas por uma e as top models do sítio atingiam o número astronómico de cinco vacas. Quando iam ao mercado as mulheres, vaidosamente, trocavam informação recíproca do número bovino que o pai recebera em troca da sua cedência.
«Três vacas», dizia uma. «Quatro vacas», adiantava outra. «Duas vacas», sussurrava alguém. Esta recebia logo olhares de desprezo das suas congéneres.
O rapaz apaixonado não queria que a sua Carga d’Ossos recebesse quotidianamente semelhante humilhação. Por isso trabalhou, poupou, mourejou e certo dia, num pôr-de-sol belíssimo em que o astro-rei dourava as núvens que o encobriam, coando-lhe os raios (Deus é um tremendo artista), pôs-se a caminho da casa da amada. O pai dela recebeu-o espantado. Atrás dele alinhavam-se sete reluzentes vacas. O rapaz pediu-lhe a filha em troca, pedido prontamente aceite pelo pai, apesar de no íntimo julgar que o rapaz não devia bater bem da bola. Afinal sempre pensara que, mesmo oferecendo as vacas que era suposto receber, jamais conseguiria encontrar um marido para a filha. Enganara-se, está visto. Carga d’Ossos não compreendeu o gesto, mas a incompreensão reforçou-lhe o sentimento de gratidão profunda que lhe brotava do peito, como uma flor que via pela primeira vez a cor do céu.
Casaram. Suzy disse-me que aquele obrigado imenso, puro, cristalino desabrochou noutra coisa, nalgo que vive e morre todos os dias, como o sol, que renasce depois da noite e hiberna no coração dos homens enquanto eles dormem. «Acho que vocês chamam a isso amor.»
Um ano depois Carga d’Ossos era considerada, por mérito próprio e não devido à oferta de sete vacas (apesar de sete vacas comprarem muito respeito), a mulher mais bela das que se iam abastecer ao mercado.
«Quem te contou essa história? Foi outra das bonecas de porcelana? A Donnyazade?», perguntei-lhe.
«Não. Li no Reader’s Digest.»
"Do not believe in anything
simply because you have heard it.
Do not believe in traditions
simply because they have been handed
down for many generations.
Do not believe in anything
simply because it is spoken and rumored by many.
Do not believe in anything
simply because it is found written in your
religious books.
Do not believe in anything
merely on the authority of your teachers
and elders.
But when, after observation and analysis,
you find anything that agrees with reason,
and is conducive to the good and benefit
of one and all,
then accept it and live up to it."
-- The Buddha's Kalama Sutra

(Tirado daqui.)


terça-feira, julho 08, 2003

Prometo a mim própria: tu em Agosto não pões cá os pés!
(Cá: blog, irc, e-mail. Enfim, internet.)

Tenho de pedir a alguém que me esconda o modem.
Liberdade para Mordechai Vanunu.


Vejam as fotos que ele tirou.

É este género de coisa que me leva à questão: o que é a justiça?

I am 72.5% British, just like
Michael Caine
Though you know your way around London you are most likely to retire to the West Coast of the USA.

Take the Brit Quiz at
www.darrenlondon.tripod.com/britquiz1.htm

Quiz written by Daz
A Cova da Moura.

"236 dias e nengunha demisión desde o desastre do Prestige."

Em galego.

segunda-feira, julho 07, 2003

Para que serve um blog?
Serve o não servir para nada.
A falta de utilidade é a melhor utilidade possível.
É de toda a utilidade o não ter utilidade nenhuma.

Ehpazes, 'tou filosofica hoje, porra.

domingo, julho 06, 2003

Procuro-te


Procuro a ternura súbita,
Os olhos ou o sol por nascer
Do tamanho do mundo,
O sangue que nenhuma espada viu,
O ar onde a respiração é doce,
Um pássaro no bosque
Com a forma de um grito de alegria.

Oh, a carícia da terra,
A juventude suspensa,
A fugidia voz da água entre o azul
Do prado e de um corpo estendido.
Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
As coisas mais simples:
O pão a água
A cama e a mesa, os pequenos e dóceis animais,
Onde também quero que chegue
O meu canto e a manhã de Maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
Quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei há diferenças,
Mas não quando se ama,
Não quando apertamos contra o peito
Uma flor ávida de orvalho.

Ter só dedos e dentes é muito triste:
Dedos para amortalhar crianças,
Dentes para roer a solidão,
Enquanto o verão pinta de azul o céu
E o mar é devastado pelas estrelas.

Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
Com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
De noite, de dia, triste, alegre - procuro-te.

Eugénio de Andrade

Finalmente abriu!

Passem por lá :)
Era uma vez os três os famosos Moscãoteiros!
Visitem o blog do Rain e oiçam a canção!
Ó, infância, opá, começo a ter saudades pá, a sério...
(Sniff, lágrimas melancólicas...)

;D
SOMOS TUDO AO MESMO TEMPO

Somos tudo ao mesmo tempo
Somos desejo e lamento
Somos querer obrigado
Somos tormento desejado
Somos falta e culpa
Somos lembrança olvidada
Somos mente boçal e astuta
e fiança desconfiada
Somos sãos e loucos
Somos génios de todos
e de poucos
Somos cortar e juntar
União e desunir
Somos querer e matar
Bestialidade febril
numa inocência de estar
Somos tudo ao mesmo tempo
Ruído e canção
Som, silêncio, perdão
Imperdoável maldição
Bendito ser
Anjo, Diabo
Deus que tudo sabe
sem o desejar saber
Bem e mal
Mau e bom
Doente e são
Entre um e outro estado
Entre uma e outra mão
Somos mel e sal
Doce, picante
Um amante enciumado
ou compreensivo matante
Somos um bilhete postal
com tudo lá dentro
Parcialmente somos
tudo ao mesmo tempo

5/96


PTbLOGGERS


"Que tal um site em que os visitantes possam sugerir links, avaliar os weblogs, deixar comentários? E se fôr um site gerido por um pequeno grupo de pessoas, de forma a manter a lista o mais actualizada possível?
Apresento-vos o PTbLOGGERS!
De tudo o que referi anteriormente, só falta mesmo o pequeno grupo de gestores. Aceitam-se voluntários. E aceitam-se sugestões e críticas para melhorar o site."

sábado, julho 05, 2003

Se o blog é umbilical, então o meu umbigo é pró-blog.
:: O Pensionista Satisfeito ::


Trinta e nove contos de reforma, ó pá, atão, isto até me parece demais! É um exagero! De certezinha que não quer ficar com algum, ó Senhor Estado, para ajudar a pagar os estudos dos sobrinhos dos excelentíssimos Ministros? Veja lá... peça à vontade! E não se acanhe! A mim não me faz diferença! Ando a carcaças sem conduto semanas a fio, mas há despesas mais prementes, isso lá, nunca faltei com o meu dever ao Estado!
Diga? Quer um impostozito para ajudar nas obras do 2004? Ora por quem é! Tire, tire à vontade! Ó, senhor, tire, porra! Eu a mim, se quer saber, tanto dinheiro de reforma até me faz impressão, até me faz mal aos olhos! 'Tar a olhar para aquela dinheirama toda... Aquilo quase que é preciso um Banco só para mim para o guardar! Eu tenho vergonha, a sério, vergonha de dizer o que recebo por mês ao pobre do meu médico. Corria o risco do tipo ficar a olhar para mim embasbacado, largar o tratamento por tu e passar a chamar-me Senhor Doutor Engenheiro!
Bom, agora vou para casa a pé. O exercício faz-me bem. Ver se ponho rodagem na puta da bengala. Faz-me espécie andar em transportes públicos, tanta mordomia, acho mal. Acho mal, pois. Os senhores deputados e ministros devem pensar o mesmo porque não põem lá os pés. Não querem 'tar a usar as mordomias dos cidadãos. Isto é de partir o coração (sniff), deixam sempre o melhor para nós.



Recebi este e-mail:

Atenção! Se receberem uma chamada no tlm, a aparecer no visor
ACE,não atendam. Trata-se de um virus que bloqueia completamente o
telefone e o cartão, fica tudo bom para o lixo. Esta informação já foi
confirmada pela Nokia e Motorola. Passem esta mensagem a outras
pessoas.


Bolas, os virus informáticos ainda nos conquistam o planeta.

sexta-feira, julho 04, 2003

Ena tanta malta que vem parar ao meu blog à procura do blog do João Pereira Coutinho. Pois, se ele já tem um, não se desmancha...

:|
[Pensamento avulso.]

Aquilo que aceitas para os outros aceitas para ti e para os teus.
Se aceitas a falta de injustiça para os outros estás a aceitá-la para ti igualmente. E quando ela te bater à porta não vais poder dizer nada, não vais poder defender-te - porque já a tinhas aceite.

E informamos os nossos estimados leitores que a visita número 5000 chegou cá via Ghostboy!


quarta-feira, julho 02, 2003

Acabei de ver a única parte que importa n'O Perfeito Anormal. São capazes de adivinhar qual? Eu dou umas dicas: RAP e ZDQ. Pronto.
Não meteu foi girafas, o que eu acho mal. Também acho mal aqueles barulhos irritantes em cima de certas palavras. Não sei ler lábios, porra. Ponham legendas nessas alturas.

De súbito lembrei-me dos aranhiços com que costumava assustar uma amiga na infância.
Tinham pernas longas e finas e o corpo do tamanho de uma pulga. Eu pegava neles e lançava-os contra B. Fartava-se de gritar! Fazia de propósito. E olhem que ela era a minha melhor amiga.
Ó, a pureza da infância...
Do que é que eu me lembro mais? Dos figos que nos faziam estalar a boca de cieiro no Verão. Da fruta que roubávamos a toda a gente. Das duas fontes, uma ao pé da cabine telefónica. Desses três incríveis meses de liberdade, as Férias Grandes. Dos desenhos animados.
(E se eu escrevesse um relato mais ou menos autobiográfico, na primeira pessoa, sobre parte da minha infância?)
(Tenho medo e vergonha. Não sei se conseguirei dizer tudo. Mas na ficção, ainda que parcialmente baseada na realidade, pode-se esconder. O leitor sabe disso. O leitor perdoa-nos a mentira porque a espera, ele antecipa o engano.)
Não podíamos ir para o monte por causa dos Rapazes da Torre, mas íamos à mesma. Comíamos caracóis. Quando chovia, no Inverno, levantávamo-nos cedo só para ir apanhar caracóis. Havia um miúdo muito mau que mos roubava ou, acaso eu encontrasse um sítio pejadinho deles, afastava-me para o lado e recolhia os caracóis todos. (Cabrão.)
Havia um rapaz de quem eu gostava muito aos oito anos. Hoje rio-me pensando nisso.
Havia atalhos. E pés descalços no alcatrão quente. E quarenta graus à sombra. E eu, a única a andar de patins. Ah, os cães. Os cães têm personalidades diferentes. Havia o poli, que morreu de desgosto pouco tempo após a morte do dono; as cadelas da Americana, muito snobs, não deixavam que ninguém lhes pussesse a mão em cima. E mais, não recordo os nomes agora.
Livros de banda desenhada, partilhados.


terça-feira, julho 01, 2003

Que nojo. Vi imagens sobre o transporte de animais. Desgraçados.

Acho que vou passar só a comer peixe.

Na prática os culpados somos nós, os consumidores. Nós compramos a carne daqueles animais.
http://wireless.com.pt/

"O Movimento Wireless Português tem como missão promover e ajudar na criação de redes wireless pelo pais inteiro, bem como fornecer gratuitamente todos os recursos que sejam razoáveis para o bem estar e bom funcionamento de uma comunidade wireless.

O Movimento Wireless Português é uma comunidade que abrange e é constituída por pequenas comunidades locais de redes e/ou indivíduos com equipamentos munidos de capacidades para ligação e comunicação em redes informáticas sem fios (wireless).

É objectivo primário, a interligação de todas as pequenas comunidades locais do país numa única global a nível nacional."

O sistema de comentários da Falou e Disse parece não funcionar, voltei ao do comentar.br.
COISAS, PEQUENAS COISAS

Fazer das coisas fracas um poema.

Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.

Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.

Fernando Namora