segunda-feira, fevereiro 27, 2006

bp

 
Mas quem é que raio me visita a partir do Banco de Portugal?!
 
Acuse-se! Estou a morrer (salvo seja) de curiosidade!
 
Diga lá quem é, porra!

iraque-fotos

 
 
Fotos da guerra no Iraque.
Penosas.
De corpos.
 
Só consegui ver duas ou três. Não consegui ver mais.
 
A guerra é uma merda.

O Morto 2

 

O Morto -2-

 

 

No Trenó, pastelaria-café do Lumiar, entro, recolho o papel da senhora que está à caixa, dirijo-me em três passos ao balcão e peço.

Uma bica (por favor).

Um croissant com chocolate para consumir ali.

E outro, embrulhado, para levar.

Os empregados, de calças escuras e camisas brancas, olham-me estupefactos, mas atendem-me (o cliente tem sempre razão, não obstante achar-se morto). O garçon escreve o valor em dívida no papelito e lá vou eu sentar-me, distante dos outros fregueses, que lancham (ou lanchavam) com gosto. Noto que acabam de comer à pressa, à bruta, e vão em catadupa enfileirar-se frente à senhora da caixa para pagar. Saem, entupindo a porta meia aberta.

Devia ter pena, mas não tenho; não, meus senhores, compatriotas, conterrâneos, concidadãos – de vós não tenho pena, afinal quem está morto sou eu. Sim, cheiro mal, apodreço em vida, mas possuo ainda vibrante o espírito humano em aflitiva cópula contranatura com esta carne que ameaça deslaçar, romper. Não tenho pena de vós, afinal quem morreu fui eu.

O estabelecimento esvaziou-se e os empregados encarreiram-se do lado de lá do balcão, as mãos nas costas, à espera de clientes, sem coragem de me olharem ou abordarem-me e pedirem que saia.

Sinto o espinho da culpa. Termino rapidamente o croissant e a bica. Têm um sabor estranho, esquisito, quase alienígena.

E saio. Vou a outro café, dentro do centro comercial do Lumiar, em frente à loja de perfumes, porque me descubro ainda com fome, fome esganada, mas um apetite, uma voracidade em banho-maria, a queimar em fogo lento.

Peço um irish coffee e um mil-folhas. Sento-me. Rapidamente as cadeiras dos lados se esvaziam.

Reparo que sou, senão uma celebridade, um caso conhecido. Efémera vedeta, mais efémera ainda (o que estranho porque afinal sou um cadáver ambulante) que o homem doente mental que matou o filho de quatro anos com um tiro de pistola e de seguida a virou para si – mas falhou e está vivo. Esse é a verdadeira, indubitável vedeta; eu sigo, no alinhamento jornalístico, logo depois. Contam-se histórias, entrevistam-se vizinhos, fala-se com a polícia, médicos, o diabo – mas nenhum explica porque matou ele o filho.

Matou-o porque não tomava os medicamentos.

Diz-se tudo sem se dizer o essencial.

Espero que a morte não me tente também deitar areia para os olhos.

 

[E parei por aqui porque não me apeteceu continuar esta história.]  

 

 

domingo, fevereiro 26, 2006

Será que amanhã os Correios fazem ponte...?

É que tenho de lá ir...

Espero bem que não.
* We do not write because we want to; we write because we have to. (W. Somerset Maugham)
[Confere.]

* The only reason for being a professional writer is that you can't help it. (Leo Rosten)
[Humm... not yet.]

John Irving
* The way you define yourself as a writer is that you write every time you have a free minute. If you didn't behave that way you would never do anything. (John Irving)
[Não confere.]

Every time...? 0_o
Parece-me quando a ver muito o número 14. À bocado sentei-me e reparei no relógio do pc. Marcava 14:14. Não me parece que seja esta a primeira vez em que reparo nesse número. Há uns tempos atrás, um ano, talvez dois, não me lembro, o número 1 ou 11 ou 11:11 estava sempre a aparecer (no relógio do pc ou despertador, nas matrículas dos carros, mas às carradas, houve uns dias em que me dispus a contar todas as vezes em que isso acontecia. Talvez cerca de 10, 15 vezes por dia); agora parece-me que é ou o 4 ou o 14. Mas ainda não atingiu aquela quantidade enorme. Portanto fiz pesquisa no google e encontrei isto e mais isto.

Interessante.

Significará que "regresso a casa" para "trabalhar com o barro e/ou silicone" (barro - matéria bruta; silicone - computador)?

Às vezes apetece-me ver significados ocultos, transcendentais, em símbolos - mesmo que não haja lá nada a não ser whisfull thinking.

Ah - hoje escrevi. Ontem virei o despertador e hoje quando acordei não sabia que horas eram. Só as vi no final da escrita - quase duas horas.

Tenho de usar este método mais vezes.

sábado, fevereiro 25, 2006

Há poetas que, parece-me, não têm verdade nenhuma lá dentro.

Que se escondem - até de si mesmos; ou - sobretudo de si mesmos.

Não têm, não mostram verdade nenhuma nos poemas (clarifico).

A verdade que se evita, não se olha de frente, como não fitamos os ladrões que nos roubam (por medo).

A verdade - ladra?
(Isto pode ter todos os sentidos que lhe quiserem dar.)

A verdade que nos rouba e a verdade que nos ladra.

Hum...

(E eu devia estar a escrever...)

Bad. Bad girl.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

"Both men, it seems, were in love with the same girl from the village. She was called Léoncie. And everyone in Gresse, even today, knows that she was very beautiful. "

[92 anos depois.]

A memória demora a morrer.

O Morto

O Morto


Sou um homem morto, não brinco, morto mortíssimo, e porém caminho porque a morte perdeu-me e aqui na rua me encontro, procurando uma morte ubíqua e esquecida (as múltiplas personalidades fazem isso) da clientela ou material (nem sei em que categoria me insiro), putrefacto, apodrecendo, derramando líquidos pútridos para o chão, a assustar pessoas e animais, que se afastam de mim apertando as narinas ou com um voejar de asas espavorido.

Encontrei um senhor muito velhinho, com um fato castanho coçado, gasto do uso, estimado porque é o único, presumo, que caminha como um compasso aberto sem dobrar os joelhos, formando no espaço vazio das pernas um bizarro, mas geométrico triângulo. Tem o lábio inferior descaído e anda em passos de compasso hesitante, um pé à frente do outro, um pé de cada vez. Agora me lembro que já por alturas do Natal encontrei o mesmo homem-compasso nesta rua do Lumiar. Eu ia de carro, ao lado as compras de última hora para a ceia, e ele movia-se com este fato gasto e os joelhos rígidos e o lábio pendente, no rosto a barba rala e acinzentada por limar.

A que categoria de homens pertence o sujeito? É vagabundo sem casa ou tem abrigo? Adivinho-o só, pateticamente só. Nunca casou. É solteiro. Mal saberá ler, talvez soletrar. E usa chapéu. Não sai de casa sem ele. Mas mais só do que ele poderei eu afirmar-me só porque, morto, apodrento?

Ao encontro da morte devo ir. Para que me leve. Vou implorar: leva-me. (Ou leve-me. Posso tratar a morte por tu ou é má educação? Por tu, defino. Já a Deus ofereço idêntica intimidade. Ao divino, ao desconhecido, ao que está para além do fino véu de aranha que nos separa do oculto, não podem permitir-se ainda maior distanciamento. O tu aproxima-nos, cria empatia onde havia ignorância e vazio. Se não se preencher este vácuo com empatia a ignorância alarga-se, torna-se material e violenta. Sanguínea.) Leva-me seja lá para onde for.

Como um cordeirinho, de trela, eu vou; para o matadouro (mas já estou morto); leva-me, suplico-te, ó morte.

Hoje de manhã acordei assim. Fui não obstante para o emprego. Sentei-me à secretária, pronto para o dia. Entro mais cedo que os colegas, cerca de dez minutos. Quando eles foram chegando juntaram-se e pediram-me que partisse.
- Para onde?
- Para um lugar qualquer. Menos aqui.


Apertavam os narizes com os dedos em forma de tenaz ou tinham lenços à frente da boca e não me fitavam. Só o sub-gerente, o do cabelo oleoso penteado com gel para trás a denunciar as entradas do crânio, de óculos, um poupadinho que traz a lancheira e almoça à secretária, nem sequer fuma, o tipo, tem alma de contabilista, sabe para onde vai e deve ir cada tostão cada clipe; só esse, de mãos nos bolsos, de camisa branca e engravatado e sem casaco – só ele me olhou de frente, foi firme, pôs-me na rua. Um sub-gerente da porra, abaixo de mim na hierarquia, um sub-gerente expulsa-me do meu próprio emprego. Só por estar morto, só porque morri e a morte nem deu por isso.

Pois bem. Adapto-me. Não vem ela à minha procura, vou eu à procura dela.



24 Fev.’06



P.S. Apetecia-me continuar esta história. Não sei se o farei. Matéria a pensar. Tenho tantas outras que me ocupam. Escolher um caminho e nele manter-me, não andar a saltar de carreiro em carreiro.

roxas

Mesmo Para Não

 

E aqui vem tudo neste encantamento do não-ser

(mariposas, então, mariposas)

Há um descalabro de neve e uma chaleira ao lume

Com um copo de chá a nevar

(mariposas – então – mariposas)

Cri-cri, diz a caneta, mariposas ao lume; cri, gritam, gritam ambas mariposas e resto do lume ao chá à noite a nevar pelo frio do fim do inverno

(mariposas-mariposas-mariposas)

- Estou a fazer isto para não ter sentido nenhum porque hoje I’ve been a bad bad girl não trabalhei e mariposas –

Roxas.

A lenha apagou-se-acabou-se O lume não acende

Talvez Madonna ou Franz Ferdinand.

CD, qual deles? A Madonna é tipo algodão-não-engana (mariposas mariposas e um mordomo gordo)

Céus a viajarem de avião à noite (a nevar)

O chá ao lume evapora-se ao lume

Roxas.

Se puder. Se puder, roxas. Sim, é das roxas, das roxas, criaturinha.

A pessoinha lá vem andando andando

(mesmo para não ter sentido nenhum porque não posso passar sem a caneta a morder à frente da língua-de-neve e ao chá a nevar)

Nevam no chá. Hoje serve-se chá que neva.

(Mariposas – I’ve missed you)

(Assim, forte, moreno, bonito e forte, por dentro por fora, forte bonito e gentil)

(De mãos mariposas)

Moreno. E mariposas.

 

Roxas.

 

24 Fevereiro’06

 
 

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

pensares disciplinares

Trying to light the bloody fire...

 

Sim, é vero: albergo uma salamandra em casa. É pequena, negra, rectangular e tem um visor de vidro que, feitas as contas, fica mais caro, ou quase tão caro quanto a salamandra ela mesma. Mas quarto sem salamandra nem chega a ser quarto! É sucedâneo de quarto! É torre friorenta num castelo bolorento! São imperativas – as salamandras.

 

Hoje de manhã diligenciei feito extraordinário – escrevi durante quase duas horas. Ó, e chego a ter saudades desses tempos imemoriais, perdidos em antiquíssimas lonjuras temporais (rima, mas que se lixe) em que era capaz da proeza de escrever durante quatro horas! Ok, ok, interrompidas amiúde para fazer o chá.

 

Verde. Porque sim. Porque bate e é saudável. Coisas que batem geralmente não fazem bem à saúde (é o que oiço).

 

Acorda-me, pronto. Põe-me com vontade de fazer coisas. E isto sem cafeína não vai lá, meus senhores.

 

Ai... agora que vou estar uns mesitos parada, só a escrever, livre do call-center (para onde desgraçadamente terei de voltar quando se me acabar o money), deparo-me com a grave dificuldade de disciplinar-me. Como fazer para me levantar cedo de manhã e ir escrever? Eu até acordo cedo, mas depois fico na cama. A chatice é essa. Talvez arranjar um buldogue treinado para estas eventualidades de preguiça. Devem existir, com certeza. Há cães para tudo. Certamente haverá um para nos arrancar da cama à força e nos depositar na secretária e, entre rosnadelas ameaçadoras, convencer-nos (com delicadeza) a trabalhar.

 

Já abandonei a ideia (peregrina) de me levantar às oito e escrever até às onze. Agora ando a ver se me convenço: oito e meia. Não? Ok, nove horas. Também não?

 

Nove e meia...?

 

‘Tá difícil. Sou avessa a negociações.

 

Mas tenho de escrever de manhã. Se a deixo passar então à tarde não faço nada.

 

 

Bom... passo a passo, pouco a pouco, lá chegarei! A um horário mais ou menos definido, mais ou menos definitivo – por uns meses. (Novamente reformulado quando regressar ao emprego.)

 

Logo se vê.

  

 
 
Muito triste :(

Adoráveis criancinhas, sem dúvida.

Ai se o senhor Bentley as apanha...

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

JÁ FUI PAAAGAAAAAAAA!!!!!!!!!!


Durante uns meses - no call-center. Free from it.

Paraíso.
E continuamos a felicitar quem nos visita a partir do Banco de Portugal!

(Ai se o menino é apanhado a ler blogs durante o expediente, ai ai. Leva com o chicote.)

Rien que de l'eau


Rien que de l'eau, originally uploaded by des bleus au coeur.

Blue day...


Blue day..., originally uploaded by *sugar*.

isolation


isolation, originally uploaded by bealluc.

lost


lost, originally uploaded by Lastexit.

Um sítio onde eu não me importaria de estar perdida.
Adoro estes cenários. Adoro percorrer sozinha estes lugares.

Silent End


Silent End, originally uploaded by cjcampbell.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

The Braganzzzzza Mothers

Um blog de que o Senhor Bentley ia gostar.

Mas não sei ele lê blogs...

leiria

Mário-Henrique Leiria
 
 
RIFÃO QUOTIDIANO

Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
 
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
 
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
 
 
 

troca

Não podemos trocar o Herman José pelo Mário Viegas?
 
É que eu gostava.
 
 

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Que filhadaputice de democracia.

É preciso não ter vergonha nenhuma naquele trombil.
Pulhas.

E fazem-no às claras, à vista de toda a nação.

Senhores governantes: vocês dão-me nojo.

Nem à categoria de sacos de pulgas merecem ser elevados.

Nem para escarro de pulgas servem.

Salazarentos de merda.

Gostava imenso que apodrecessem em pé, meus sacanas, que as tripas vos saíssem pelas orelhas, para que fosse bem visível no exterior a corrupção que vos habita dentro. E a malta em redor tivesse de se afastar por causa do cheiro putrefacto.

Serão injuriados no futuro, estafermos, e é essa a única memória que ficará presente nos livros de História.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Scorpio Rising and Mars in Aries

Your Mars is in the courageous, independent and self-motivated sign of Aries. Your function is to be a leader and a pioneer, bringing forth something unprecedented and original. Boldness, valor, and originality are your keynotes. You are a fierce competitor or warrior, and have a "killer instinct" which, even when used in defense of good principles, needs to be tempered with kindness. The shadow side of this is that you can be ruthless, selfish, and you tend to overuse force


Ai é?! Não sabia...

(fonte)
Sim senhor, cultura de paz e tal e tal! Que respeita a mulher e tal e tal.
A quem me visita a partir do Banco de Portugal um Grandessíssimo.

Olá!

Atão, vocemessê, em vez de trabalhar, em vez de contribuir para o PIB, anda a ler blogs?!

Fogueira com ele!

Ai se o Sócrates te apanha, pá. 'Tás tramado. 'Tás lixado c'o gajo.

Não te ponhas a pau, não.

domingo, fevereiro 12, 2006

free writing exercise

 
 

É assim. Vê-se quem não se quer ver, ah pois, dia após dia a pensar-se a ter considerações sobre essa pessoa; é assim, depois espetam com um gajo no dia 14 de Fevereiro, dia tramado, tramado; e a gente convida e a pessoa diz não e dia após dia continua a pensar-se sobre a pessoa; e depois há o trabalho; o trabalho não se faz sozinho (mas não azeda, diz o outro); são invenções comerciais que nos lixam o coração, porque a mulher tem a faca e o queijo na não, a mulher pode dizer não, secamente, secamente e com um sorriso, não é justo, e nós ali, feito parvos, a tentar, a tentar; é assim, não pode ser sempre assim, não devia ser ao contrário? Nos dias tramados devia ser ao contrário, o dia dos opostos, em que elas nos perseguem e somos nós com a faca e o queijo na mão, de outro modo é sempre a mesma rotina e o mesmo esmagar de ossos em redor do peito; é assim - não pode ser sempre assim.

Powered By Qumana

none

Devia estar a escrever. Mas não estou. Talvez daqui a bocado. Ou talvez não.

Quatro anos. Uau. Nunca pensei que este blog durasse tanto. Quero daqui a seis comemorar os dez anos de actividade! Tinha outro blog, no lj, mas apaguei-o. Dizia lá coisas mázinhas sobre o job e achei que era melhor, lol. Descobri o mundo dos blogs pelo livejournal. Tentei criar uma conta, mas na altura, sem conhecer ninguém, tinha de se pagar. Cerca de um ano depois, já nem me lembro, descobri o blogger. Ou seja eu podia, neste momento, ter já um lj há pelo menos cinco anos. Mas continuo a preferir o blogger. Acho que este é dos que vai durar, a empresa, digo. Acredito que uma explosão nuclear pode acabar com a raça humana, mas os servidores da blogger vão continuar activos! Daqui a mil anos, completamente extintos, extraterrestres visitarão a terra e irão descobrir blogs, milhares, milhões de blogs. Talvez comecem a comentá-los. Talvez fiquem por cá e criem eles mesmos os seus. Ou, quiçá, continuam a postar nos já existentes.

Mas, por favor, meus caros, sendo esse o caso - não me lixem a template. Sobretudo não me lixem a template. 

 

Powered By Qumana

test

Technorati Tags :

test

Another tool...
 
Travessão: -
 
"Para ver se funciona..."
Hão-de.
 
[test]
 
 
Dia 6 de Março este blog faz 4 anos.

Vai haver trapezistas, mulheres nuas e anões.

Ok, não.
Anões não.

sábado, fevereiro 11, 2006

http://pmw.org.il/Latest%20bulletins%20new.htm#b201205

This. Is.

Disturbing... 0_0
Dr. Sanity: SHAME, THE ARAB PSYCHE, AND ISLAM

Culturas de Culpa e Culturas de Vergonha.


Muito interessante.
Gostei particularmente deste comentário: http://egyptiansandmonkey.blogspot.com/2006/02/7-questions.html#c113969320980798754
Rantings of a Sandmonkey: 7 Questions
http://oglobo.globo.com/online/blogs/cat/

"Resumindo -- os terríveis cartuns que têm sido motivo de baderna,
destruição e morte, já tinham sido publicados há quatro meses, ou seja, durante
o mês sagrado do Ramadan e não houve qualquer revolta. Ninguém pensou por um
momento em boicotar o Egito nem seus produtos. No entanto, quando as mesmas
charges foram publicadas num jornal dinamarquês... deu no que deu.

Grande sacada do Sandmonkey, parabéns. Vale a pena visitar o blog do
homem [egyptiansandmonkey.blogspot.com] e clicar nos links que ele oferece. Esperemos que o Sandmonkey mantenha
sua real identidade bem guardada, caso contrário vai levar uma bela
escovada."





Via Marretas.
Álvaro de Campos

Domingo irei para as hortas na pessoa dos outros,
Contente da minha anonimidade.
Domingo serei feliz - eles, eles...
Domingo...
Hoje é quinta-feira da semana que não tem domingo...
Nenhum domingo. -
Nunca domingo. -
Mas sempre haverá alguém nas hortas no domingo que vem.
Assim passa a vida,
Subtil para quem sente,
Mais ou menos para quem pensa:
Haverá sempre alguém nas hortas ao domingo,
Não no nosso domingo,
Não no meu domingo,
Não no domingo...
Mas sempre haverá outros nas hortas e ao domingo!



Roubado (mas não posso dizer a quem ;^)

cambodia rays


cambodia rays, originally uploaded by kazzie*.

The Blue Dream


The Blue Dream, originally uploaded by artofgold.

y6.2


y6.2, originally uploaded by hs_yin.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Bem, o Atendimento de Autores da SPA ontem telefonou-me (após lhes ter enviado um longo e-mail com muitas perguntas) e dissipou-me as paranóias.
Abençoados.
Tendo eu uma Enorme Esperança de que não serei, no presente e nem no futuro, a única pessoa a ter este tipo de dúvidas (porque ou vai publicar ou está em vias de publicar ou acabou de assinar contrato ou planeia publicar no futuro), aqui deixo as informações que me deram. (Sim, sou boazinha.) Penso que estas coisas têm que ser ditas, esclarecidas. A vida Prática, Como As Coisas Se Passam. Chateia-me a lusa condição de tudo esconder, não dar a informação toda. Adiante.

- Só pago 50% de IRS sobre o valor que recebi. Ou seja, se receber 1000 euros, pago IRS sobre 500. Só que... tenho de o pagar sempre. Mas aparentemente, parece que os Iluminados do Governo, esses sacos de pulgas ambulantes, querem mudar a coisa para 100%. O que significa que eu morro de fome para poder pagar a merda dos impostos. This does not make a happy writer. Um escritor lixado pode escrever coisas lixadas. Ai pode. Mas adiante. Por enquanto é 50%. Talvez para o ano é que seja 100% (espero bem que não) e só para o ano é que eu tenho de pagar.

- Para poder receber os direitos de autor através da SPA tive de ir às Finanças e colectar-me (palavrinha gira, eish) como Trabalhadora Independente. Escolhi a actividade Outros Artistas porque não há nem Autor nem Escritor. Mais outra coisa gira. Ver se me lembro de escrever ao Ministério das Finanças (acho que é para aí, não tenho a certeza, penso que sim) e perguntar Porquê. Afinal há astrólogo, há toureiro, há o raio que o parta, escritor é que não! Não tive de pagar nada. Fui à tesouraria e comprei os recibos verdes (não me lembro quanto foi, dois euros praí). Ah! Como a actividade é escrever, criar, não tenho de pagar Iva! Fixolas. Perguntei à funcionária que estava a tratar dos papéis se eu tinha de descontar para a Segurança Social. Ela disse-me para ir à S. Social e perguntar.

- Cheguei a casa. Fiz pesquisa no Google. Vi um artigo do Correio da Manhã. Descobri que o Governo, esses Gajos que passeiam na Assembleia a sua Genialidade, agora obrigava os trabalhadores independentes a descontarem para a Seg. Social 150 euros por mês. Não é por ano. É por mês.

- PASSEI-ME.
- Ainda por cima estava (e estou) menstruada (sim, meus lindos, as mulheres menstruam. Habituem-se) de modo que eu estava em Ponto de Morteiro Pronto a Disparar.

- 30 CONTOS POR MÊS, SEUS FILHOS DA PUTA?!?!?!?!?!?!?!?!?! 30 CONTOS?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!? MAS EU NÃO GANHO ISSO!

- Depois recebi o tal telefonema do Atendimento de Autores da SPA.
- NÓS NÃO TEMOS DE PAGAR SEGURANÇA SOCIAL. NUNCA.
(Se calhar não devia ter escrito isto com todas as letras. Os Sacanas ainda nos podem obrigar a fazê-lo. Aí é que obrigatoriamente terei de me mudar para Espanha porque deixo de poder viver - alimentar-me e criar - em Portugal.)
- Ai. Que peso me saiu de cima. Porra. Estava a ver que podia escrever, sim, mas que nunca mais podia publicar porque, se publicasse, não comia. Ia tudo comido pelos impostos. Os desgraçados dos trabalhadores independentes que descontam 30 CONTOS POR MÊS nem sequer têm direito a segurança social. A nada. Um murro nos queixos é o que os sacos de pulgas geniais e iluminados mereciam.

- Um dia, mais tarde, quando eu começar a ter imeeeeensos contratos de editoras (ora não) e a ganhar mais verdinhas (isso é que era bom!), terei de fazer um ppr e um seguro de saúde. Por enquanto ainda não preciso disso porque estou a trabalhar (oh, the joy, the glorious... joy 0_0).

- No próximo ano a SPA vai-me enviar uma declaração de rendimentos que apresentarei (acho) quando for declarar os rendimentos e assinalo na declaração a parte de "direitos (acho) de propriedade intelectual" - não consigo encontrar isso na declaração. Tenho de ver aquilo melhor. Mas só apresentamos isto na 2ª fase (entre 16 de Março e 30 de Abril). E apresento os rendimentos do meu trabalho dependente juntamente com este.

- Ah. Em relação ao IRS no que me concerne: só pagamos 7,5% de imposto (ou seja, só incide se percebi bem nos tais 50%) até 25 mil euros. (25 mil euros... I wish...). Ou pagamos na altura devida ou fazemos retenção na fonte (que a SPA pode fazer se lho pedirmos). Acho que vou pedir porque senão vou gastar o dinheiro todo em comida, despesas inerentes ao estar vivo e respirar e mover-se e tal. O Governo, parece-me, quer-nos todos débeis para não escrevermos livros aborrecidos que os aborreçam. Podem matar as pulgas. But... moving on.

- Ah. (Ainda bem que fui anotando enquanto me foram esclarecendo porque senão já me tinha esquecido de metade das coisas.) Há duas categorias de autores na SPA: os beneficiários (the general population) e os cooperadores. Para ser cooperador tem que se ter publicado 6 livros e/ou (já não me lembro se são as duas coisas e outras ao mesmo tempo ou se basta uma, tenho ali os estatutos da spa que explica isso, mas não sei onde os pus) ou, dizia, ter tido uma média de rendimento de 1200 euros durante 5 anos (não seguidos). O cooperador pode votar, ser eleito, etc; e, aos 60 anos pode pedir a reforma do fundo de assistência social. O valor mínimo é de 80 euros, o máximo é de 716 €. Para atingir o máximo a média dos seus melhores 10 anos tem de ter sido... 8000 €.

- Coisas que eu me esqueci de perguntar e só me lembrei após pousar o telefone (o que me acontece bastante): posso pôr como despesas cadernos, canetas, folhas para a impressora, impressora, computador? Tenho de ver isso.

- Resumindo: pago 50% de impostos sobre os direitos de autor que recebi (mesmo que receba 100, tenho de pagar imposto sobre 50 euros, o que me parece injusto); apesar de ser trabalhadora independente, ao menos, não tenho de me preocupar com a segurança social, não é obrigatório descontar. Se trabalhar (o que tenho de fazer senão não como nem tenho dinheiro para pagar os impostos) apresento os meus rendimentos enquanto trabalhadora dependente E independente ao mesmo tempo, na 2ªfase. A SPA envia-me uma declaração daquilo que eu ganhei. Acho que não me estou a esquecer de nada.

- O que me chateia é o seguinte: os impostos. Este ano terei mesmo de pagar 100 euros, tendo-os ou não gasto em despesas? E falo unicamente de trabalho dependente. Ganhei pouco (a culpa é minha, também trabalhei pouco).

- O que me chateia, parte II: porque é que eu tenho de pagar sempre impostos sobre os direitos de propriedade intelectual se, por exemplo, ganhar apenas 50 euros? Porquê?

- Como é que estas merdas se passam em Espanha?

Aos sacos de pulgas, a esse fértil pasto de vermes, que ocupam agora o Governo deixo as perguntas e também o desejo de que não aumentem a sobrecarga de impostos no trabalho criativo porque, entonces, a malta deixa de comer. Mas se calhar éisso o que Vossas Excelências querem, não é, meus estafermos?

Espero não me estar a esquecer de nada...

AH!

Meus lindos, meus Queridos leitores, Anjos do Céu!, Estimados, Dilectos, Amados Leitores!

Vejam se convencem os vossos amigos, colegas, camaradas, familiares, vizinhos a comprarem o Sr. Bentley que é para os meus direitos, epá, serem maiorzitos!

Sim, sim, lata :p

E bem, acho que é tudo!

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Afinal não é tão grave como eu pensava. Só vou ter de pagar irs - nada de segurança social. A segurança social fazem-na os autores, mas por enquanto ainda não preciso de fazer isso (porque trabalho - ai ai, infelizmente).

Eu entro em paranóia, assusto-me e Passo-me.

Mais tarde farei um resumo de como as coisas são aqui.

É ESTA MERDA QUE ME VAI ACONTECER

http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=4135

"A larga maioria dos trabalhadores da área artística são considerados independentes e passam recibo verde, não tendo, por isso, direito a baixa ou a subsídio de desemprego. Se tivermos um acidente de trabalho, por exemplo, estamos por nossa própria conta e risco. Ao contrário do que se possa pensar, mesmo os actores que integram o elenco dos teatros nacionais não fazem parte de um quadro fixo, são trabalhadores independentes e passam também recibos verdes. Apesar disso, somos obrigados a fazer descontos para a segurança social mesmo quando estamos em períodos de inactividade, com a agravante de a contribuição ter aumentado recentemente, uma situação que está a afligir muitas pessoas. Eu diria que mais de 90% dos meus colegas de profissão não paga a segurança social porque não tem dinheiro para suportar esse encargo. É muito grave que as pessoas descontem todos os meses, independentemente de estarem a trabalhar ou não, e não beneficiem absolutamente nada com isso."

"Infelizmente, a classe artística em Portugal não é muito unida e desconfio que algum dia seja possível congregar interesses comuns para concretizar esse objectivo. Actualmente existem dois sindicatos um deles passa uma espécie de carteira sindical, porque não existe, de facto, uma carteira de actor profissional e ambos têm uma actividade reduzida."

"Quando há três anos consultei a legislação cheguei à conclusão que não existe nenhum regime especial que preveja a redução de impostos em situações de trabalho sazonal como aquelas a que estamos sujeitos. O encerramento da actividade profissional durante os períodos de inactividade, processo a que alguns recorrem, acaba por não compensar por períodos curtos de dois ou três meses, porque se torna dispendioso e dá muito trabalho por causa da burocracia."

"O país com cujo sistema estou mais familiarizada é a França, onde sei que um actor faz descontos para a segurança social mas o Estado garante uma contrapartida nos momentos de inactividade. Alguém que trabalhe durante dois anos, por exemplo, sabe que estará coberto por um período mínimo de meio ano, durante o qual o Estado assegura um salário equivalente à média dos descontos. Isso faz com que haja não só dinheiro para formação contínua como também menos espaço para angústias pessoais."


Eu não tenho dinheiro para pagar a merda da Segurança Social!!!! Mas o que é que estes cabrõezinhos que fizeram esta lei de trampa e a aprovaram esperam que faça??????? Que magicamente apareça com dinheiro suficiente para pagar as porras das contribuições?!?!?!!?!?!?!?!?!?!?!?!?!!?

Eu não vou poder SER PAGA pelo meu trabalho!!!!!!!!!!!!!!!!!! Filhos da puta. Estafermos de merda!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

NÃO VOU TER DINHEIRO PARA PAGAR MERDAS DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES E UMA DATA DE OUTRAS MERDAS!
Epá, hoje estou "naqueles dias, estou completamente lixada!!!!!!!!!!!

COMO É QUE EU FAÇO?!?!?!?!?!?!??! PARO DE RECEBER DINHEIRO PELO MEU TRABALHO?!!!!!!

Sacanas. Que morram de peste. De desinteria. De malária. Que as pulgas lhe chupem o sangue e o cuspam porque é venenoso, ácido, repelente. Que os vermes lhes comam a alma. Que Deus lhes negue a porta do céu e o diabo lhes vede a entrad do inferno. Que para sempre deambulem como almas penadas, eternamente perdidos, eternamente rejeitados.
Que os do futuro lhes escarrem na tumba.

Que ÓDIO!!!!!!!!

Coisas que eu gostava de saber: se não pagar a merda da segurança social qual é o castigo, se há? Multas? Vêm-me a casa e penhoram-me os cadernos e as canetas???????? Levam-me o gato e vendem-no em hasta pública?????

ESTA MERDA ACONTECE COM TODOS OS ARTISTAS, NÃO É SÓ AOS ESCRITORES.

O Governo ou Estado ou lá o raio que o parta tem a escondida intenção de acabar com Toda e qualquer rebeldia, matando de nascença, pelo bolso, a criatividade??????? Parece-me que sim. Quer pôr a malta a balir, a balir, a balir, de joelhos. Calhordas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

E NÓS ACEITAMOS COMO BOVINOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

MAS TODOS OS ARTISTAS NÃO SE PODEM UNIR E EXIGIR QUE AS COISAS SE FAÇAM DE OUTRO MODO???????????????????????? TODOS! tOUREIROS, CANTORES, ACTORES, REALIZADORES, PINTORES, TODOS TODOS TODOS. FAZER GREVE À CRIAÇÃO. NADA DE ESPÉCTACULOS DE CINAME NEM DE TEATRO NEM NOVELAS DA TVI NEM ARTISTAS POPULARES NAS MANHÃS DO GOUCHA NEM TOUREIROS NEM MERDA NENHUMA ENQUANTO NÃO MUDASSEM A PUTA DA LEI.

Sonho?

Gostava de ver os criadores unirem-se durante meses. Gostava de ver Portugal destituído de expressão artística durante meses. Penso que faria mossa. Não é a merda de leis a obrigar passar mais música portuguesa na rádio que os artistas precisam.


/completamente enraivecida

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Hoje estou muito chateada.

E penso se não seria mesmo possível viver com menos...

Menos comida.
Menos luz. Menos aquecimento, menos calor.
Menos água (a água está cara). Menos tudo.
Quer queira quer não queira os actuais governantes estão a forçar-me à Simplicidade Monástica!

Estafermos. Que morram todos com uma carrada de pulgas.

/fui
Using a new tool...
Agora toda a gente, quer tenha ganho um euro ou dois no ano passado, vai ter de pagar de irs um mínimo de 100 euros.

Eu quero dar um tiro aos cornos de alguém.
Não sei é se é aos políticos se a quem votou neles.

Não faço a mais pequena ideia de onde vou desencantar esse valor. Nem eu nem muita gente.

Cabrões de merda. O meu consolo é que estes sacanas hão-de arder todos no inferno.

Lentamente.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Hoje


Cá estou, quente e a chaleira não está ao lume; a salamandra hiberna no meu quarto; quietamente hiberna, mas sem tubagem, não respira; certamente amanhã ou depois (ou após o depois) respirará fumos, dióxidos, oxigénio e, enquanto respira, eu aqueço-me (já que não há liberdade para me aquecer, que o material, o absoluto material me aqueça).

Hoje arrependo-me de ter nascido com útero e de repente eis que surge novel obstáculo: a fala, a voz, as mãos, o pensamento. O pensamento que desenha, o pensamento que escreve, o pensamento relator. O pensamento que ruge e grita. Não se pode falar o pensamento com a boca.

O pensamento é blasfemo; o riso é blasfemo; a pele dos ofendidos é fina e fende, racha, quebra, esmaga-se ante a poeira, desmorona-se o seu inteiro ser à nossa frente; chiu, não ousemos o riso, não ousem o riso blasfemo. Para eliminar o riso há que eliminar a boca, os dentes e quiçá a garganta. Elimine-se a garganta; de enxurrada virá quem nos elimine o resto, o escasso fulgor que sobra.

Não gosto nada que o meu coração bata quando tenho medo (pára de bater); não gosto de conflitos, gritos gritos (pára de bater); não gosto de linhas, mas há linhas e cordas e tendões humanos e dentes e dentes – para nos abater.

Espanta-me o frio.
Espanta-me o frio por dentro e o ódio gélido de fora.

Aqui nos encontramos, camaradas, irmãos, ante o implacável olhar e julgamento do Outro, e o outro acha-nos bárbaros; o outro que nos julga malevolamente por não sermos como o outro; o outro é perfeito, a perfeição do deus-homem condensada em carne em carne em carne.

Amo o calor. Amo o ninho quente. E o quente edredão. E a boca para falar; amo a mão (esta minha mão) que escreve; amo o meu deus que me criou agnóstica e que espera de mim heresias, milhões de heresias, as quais juntará às suas.
É um deus que me abraça e beija enquanto durmo; um deus que me ama porque eu, em inteira liberdade, sou eu – não sou o outro.

Fascinam-me os facínoras, os estafermos. Os grunhos. Os incondicionais grunhos.
Mas fascina-me mais a liberdade.
Posso viver sem grunhos (o que me custaria), mas é impossível viver sem liberdade.

Eu quero somente escrever, não quero lutar; dão-me urticária, as lutas, coço-me, fico vermelha e custa-me respirar; não posso tão-somente escrever? Porque terei de lutar infinitamente pelo direito de viver na minha própria pele? Porque terei de lutar, eu? Não quero. As manhãs são para dormir, não para gastar em guerras; as manhãs fizeram-se para o nada.

Desejo esse absoluto nada das manhãs em que me contemplo e me contemplo a contemplar-me e faço o almoço do gato e contento-me no contentamento.

Não quero guerras, não tenho armas. Também não quero viver com amarras. Ou nós. Ou calada, muda. Quero-me a mim própria inteiramente.

Onde a liberdade? Só por dentro? Não me chega.
Não me chega.


5 Fevereiro’06

Oui, c'est moi.
Ao lado está o João Seixas e ao lado dele (não se vê) o David Soares.

Agradeço a todos os que contribuiram para a edição e lançamento do Sr. Bentley :)

E a quem o está a ler: boas leituras!
Ontem foi o lançamento :)

A todos quantos foram um grande obrigado :D

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

O Espectro: A LEI DO MAIS FORTE


A. Ler.
Ousássemos

Ousássemos nós ter o peso das estrelas aos ombros, nus, quiçá nus, por certo nus; estrelas afogadas em brilho, em luz, poeira, escuridão, matéria negra que suga, suga, chupa o vazio.

A dor das estrelas. Quando morrem. Quando expiram.
Ousasse eu senti-la. Amplificá-la, amplificá-la no ventre; que se me dilacera o ventre com a dor explosiva das estrelas.

O ventre que dói, abortado; o ventre que se cala porque o calam; não há liberdade que não ofenda o sangue em que o ventre nada.
(Nada.)

Não vos quero ouvir. Calem-se.

Há um ror de cordas a compor o útero – não quero puxá-las porque se me rasga a voz.

Não vos quero ouvir. Esse cacarejar gratuito e louco.

Não há liberdade a não ser a dos mudos, a dos cegos, a dos que voluntariamente se deixam amordaçar.

Ousássemos nós seguir voluntariamente o caminho dos outros;
e negar o nosso canto;
e calar a nossa língua;
e apagar o nosso brilho.

Ah sim, isso sim seria libertador.
Seria libertador vivermos amarrados.



5 Fev.’06
Há claramente uma linha fracturante que separa a civilização ocidental do Islão.

Eu pensava que não havia. Estava enganada.

Eu fico deste lado.

É uma coisa, com sinceridade, que me parece mais pertencer ao instinto do que à cultura: eu fico do lado da liberdade de expressão.
Tirar este direito à nossa civilização é como tirar os pilares da casa: a estrutura vai abaixo e lá voltamos a tempos medievais.

Nem sequer pode haver discussão neste aspecto. Todas essas discussões já foram tidas, no passado; os nossos antepassados (ou contemporâneos recentes - 25 de Abril) já mataram, já morreram, já lutaram tudo o que tinham a lutar pelo direito fundamental à liberdade de expressão.

Já parámos, por exemplo, de usar a violência para manifestar o nosso desacordo, isto em matérias de religião.
Já fizémos esse caminho todo, no cristianismo. Ninguém me vai matar por blasfemar contra o Deus ou os santos católicos.

E porém a basfémia é a mesma, é idêntica.

Porque terei de me preocupar com a minha integridade física - no meu próprio país, na minha própria civilização - se blasfemar contra o Islão e, contudo, não tenho de modo nenhum de me preocupar com ela se blasfemar contra o cristianismo?

A única coisa que me impede de tocar num fiozinho de cabelo do Islão é, além do desinteresse que sempre tive (interessa-me mais o Budismo e o Taoísmo), o medo.

O medo pela minha vida. O medo pela minha integridade física. O medo pela destruição da minha propriedade.

Só o medo me contém. Não é o respeito.

É o medo.

Isto diz muito sobre o ponto a que nós chegámos, não diz?

Eu penso que sim.

Porque é absolutamente normal que tenha de ter esse receio saudável num país muçulmano.

Mas no meu próprio país? Na Europa? Dentro das fronteiras da civilização ocidental?

Porquê?

Epá, isto chateia-me. Chateia-me, pronto.

domingo, fevereiro 05, 2006

Esta merda está-se a espalhar...


http://news.yahoo.com/s/ap/20060205/ap_on_re_mi_ea/prophet_drawings
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=190461&idselect=91&idCanal=91&p=94

Comentários.

Leiam os comentários.
Glória Fácil: Guerrilheiros do sofá (breve comentário)

Ana, lembras-te do 31 que este cartoon deu? Lembras-te? Lembras-te da manifestações judias selvagens por todo o mundo? Lembras-te de vê-los a incendiar bandeiras? Lembras-te de terem mesmo incendiado uma embaixada dos EUA? Lembras-te? Pois eu não. Nem tu. Nem ninguém. Porque nada disso aconteceu. É ESSA A DIFERENÇA.* Fiz-me entender?"

*caps minhas
Vejam isto: http://corner.nationalreview.com/06_01_29_corner-archive.asp#089244

e isto:

http://www.radioislam.org/islam/roligt/roligt.htm

Houve porrada? Houve?

Ai, ai.

(A prtir daqui: http://blog.infinitemonkeysblog.com/archive/001963.html)

http://blog.infinitemonkeysblog.com/archive/001947.html

"Ah, but surely the U.S. Joint Chiefs of Staff are no different from the Islamists who scream for the blood of the infidel? Well, as a matter of fact, yes. Tom Toles has no reason to go into hiding for fear of being shot and hacked to death on the streets of Washington D.C. Well, not for his cartoons, at any rate.
Americans get worked up over many things sacred and profane. But I don't recall Bill Donohue and his Merry Men strapping on explosives and detonating themselves in the Brooklyn Museum a few years back. We write sternly worded letters and march and vent, and then we get on with our lives. We don't storm buildings with assault rifles and threaten to kill or kidnap those who would insult us.


Muslims the world over may be offended at the illustrations of their prophet. But they should be sickened and appalled at the behavior of their fellow believers.


We apologize for nothing. Police your own. Find the nerve."

http://www.brusselsjournal.com/node/382

"Meanwhile in Brussels a young Muslim immigrant published a poster depicting the Virgin Mary with naked breasts. Though the picture has drawn some protest from Catholics (though not from Western embassies, nor from the bishops), this artist need not fear being murdered in the street. On the contrary, he is being subsidised by the Ministry for Culture."

Nós Repetimos: this artist need not fear being murdered in the street.

Estão a ver a diferençazita? A diferençazeca? Estão?

sábado, fevereiro 04, 2006

rititi

Subscrevo.
Inteiramente.
Texto escrito para participar neste desafio do Escreva!:
http://www.escreva.com/desafio.php?d=112#p632

Participem também!



Quem é Alex Farhmouse Brissos?



É uma besta. Um energúmeno. Um sorridente ruminante cuja real percepção da crueza dos homens lhe possibilita a acumulação de riqueza por meios escusos. Subterrâneos. Elípticos. Evasivos.
É um reles. Usa óculos e tem a cara chupadinha. Tem um gosto perverso ao contar as notinhas, os euros, fá-lo com lentidão, molhando o polegar achaparrado e grande na língua (que projecta, lasciva, para fora) e os olhinhos pequeninos brilham, cintilam de activo prazer. Ai a volúpia.
É um cobardolas, encolhe-se ante o conflito, do género que manda pedras e depois se esconde; do género que espezinha com furor as costelas dos fracos, dos inválidos, dos ingénuos.
É magrinho e anda mal vestido porque o dinheiro é para se poupar e pôr a render no banco! Ah, vai levá-lo com ele para além da cortina da morte!
Segura os aros dos óculos com fita-cola para não comprar nova armação; tem o cabelo seboso porque economiza no banho e no champô. Jamais se casou porque as mulheres, mesmo as de feitio equivalente ao seu, têm miúdas vaidades que lhe custariam um balúrdio, um balúrdio, Jesus!
Em pequeno teve um hamster. Comia pouco. Contudo morreu e na sua morte foi-se o minúsculo fulgor da compaixão pelo outro que ainda o habitava...
Glória Fácil: A insuportável pregação do "bom-senso"

Subscrevo. In. Tei. Ra. Mente.

Foda-se, se eu não puder expressar-me criativamente e em inteira liberdade na Europa, no Mundo Ocidental, onde o poderei fazer?!?!?!?!?!?!?!


Em Marte?

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

http://atheisme.org/mahomet.html


Congratulations,

you're Mr. Darcy! Though you seem reserved or

aloof in public, once people see the real

you, they can't find a single bad thing to

say. You should be yourself more often! Also,

like your counterpart Elizabeth, you tend to

jump to conclusions about people, so avoid

those preconceived notions and happiness

shall be yours! Please invite me to Pemberley

sometime...


Which Character from Pride and Prejudice Are You?
brought to you by Quizilla




Até sou giro...
[Da série de coisas que eu posso dizer porque sou ocidental e cristã e a Inquisição há muito se finou, todos: Paz à Sua Alma!]


Deus carunchoso
Deus católico
Apostólico romano
Deus podre Ruim
Vaidoso
Fétido
Filho da puta Cabrão
Ainda não te apodreceste?
Ainda não morreste?
Deus na tua alta Torre
Que nos matas cá por baixo
Assassino de merda
Sacana Estafermo
Mais demo que o demo
Cuspo nas tuas regras
Cuspo-te nas barbas
Morre cão raivoso
Enterra-te na lama
No pantanoso chão a feder de cadáveres
Arranco-te as barbas
Queimo-as
Mando-te para o inferno
Com um pontapé no rabo
Bem dado e terno
Vai encaralhar outros
Nós já demos
Nós já nos fodemos
Morre Morre
Velho caquéctico
Perverso Louco Anquilosado
Morre meu filho da puta fétido

3 Fevereiro’06


[E ninguém me matará por isto. Não na minha sociedade.]


Mais exemplos.

Jesus, nunca se casou... hum, cá para mim era maricas o estafermo!

E a mãezinha dele? Grande puta. Virgem, ‘tá bem abelha!

E o S. José? Grande corno! Mas que grandessíssimo corno!



Eu até podia continuar, mas... para quê? I think I made my point.
The point is: como criadora, obrigada Deus por me teres feito nascer nesta época e no mundo ocidental! Obrigada, mil vezes obrigada!

E para os que, porventura, se sintam ofendidos... simples: não comam, ponham à borda do prato. Quem não gosta não lê.

Que leiam a bíblia.

Eu tenho o direito de escrever o que me apetecer, o outro tem o direito de não ler.
Liberdade, liberdade, amo esta palavra!
Liberdade criativa!
Rejubilemos


Pudéssemos nós viver a decadência como se a decadência fosse luz – a luz dos tortos, a luz desapegada dos tortos.

Rejubilemos!, diz o torto, Rejubilemos à vista deste candeeiro de luz.

Eu gostava imenso de poder um dia sacanear deus com a luz apagada dos tortos, esses vermes que guincham em vez de cantarem; Rejubilemos!, dizem. E alto.

Deus é decadente. Precisa de criar; só é Absoluto quem não cria; cessemos hoje a criação e o mundo apaga-se, alcançamos o esquivo Nirvana; cessemos, portanto.

Deus ubíquo, o deus dos homens.

Hoje não é um bom dia para gastarmos.
Em nada.

Quero parar de consumir. E ter uma horta. Criar peixinhos. E comê-los. Com hortelã.

Cessem-se as rixas, os devaneios, as ideias, os pensamentos; parem todos de reflectir porque hoje não é um bom dia para nada.

Cesse-se o batimento cardíaco!, e o lento evoluir do caracol na carruagem do Metro.

Rejubilemos no lixo. Na fuga. No ócio bovino que nos mata enquanto suicidamos a terra e nos suicidamos a nós com ela; água, a riqueza futura; água, sigam quem por ela mate e aí tendes o futuro.

Enquanto não nos afogamos em fumo – rejubilemos!
Um fumo que se vai meter nos poros e cobrir-nos a pele de negro; e eis que Deus completa a sua obra – deixando que a obra se negue a ela própria; uma equação furada, esta, a da raça humana.
(Que se humaniza na memória, mas nunca no presente.)

Aleluias ao podre, ao fétido, ao suburbano plutoniano; aleluias ao fim que é o fim que é o fim. Aleluias à feroz decadência de consumos que nos faz cair ao lago negro devorador da noite, a noite comedora de almas.
Sabiam que temos de passar recibos verdes para receber o pagamento através da SPA?

Pois, eu também não.

Agora tenho de ir às Finanças e abrir actividade como autora e requisitar um livrinho de recibos verdes.

Acho que acabei de encontrar o incentivo para me disciplinar e escrever todos os dias (ou cinco dias por semana pelo menos) – ou eu trabalho ou depois estou tramada com os impostos! O_0

E selos. Sabiam que os livros levam “selos”? Pois, eu também não, e não era só eu, lol.
Houve um pequeno problema com a selagem, mas já foi resolvido :)
Olívia

Olívia Carrusco ainda não chegou para jantar; está no estrangeiro, volta ao fim do mês; de facto já não vive aqui; morreu, está no cemitério, quer que a desenterre?; foi ao hospital visitar parentes; ainda está a trabalhar e depois vai para a Universidade; está a tirar o mestrado; está a deitar os miúdos; a dar comida aos miúdos; a lavar os miúdos; a fazer o jantar para comermos e depois ir deitar os miúdos; amamenta o bebé; sofre nos ouvidos os ruídos berrantes das criaturinhas. Abençoada esposa.

A Olívia está ocupada; toma banho; foi ao café, já volta, ligue daqui a dez minutos; tente mais tarde; está de férias; só está ao fim-de-semana, a partir das duas.

A Olívia só está disponível das dez e meia às onze da manhã.

Desculpe, não estamos interessados. [Insistimos.] Não estamos interessados [insistimos. É nossa função insistir]. Não estamos interessados. [Insistimos.] Desculpe, boa noite. Clic.

A Olívia tem mais o que fazer do que estar a aturar-vos. Clic.

Ah, ainda não chegou! Podem ligar mais tarde? Peço imensa desculpa, estão a gastar dinheiro em telefonemas...!

Não está. Aqui é o marido. É sobre que assunto! Mas não pode falar comigo? Ah, está bem... boa noite, boa noite.