quinta-feira, abril 14, 2011
Morrer (um poema)
Eu não tenho medo da morte
Eu não tenho medo da morte
Porque haveria eu de temer a morte?
A morte é o suave cobertor que nos abraça e enlaça depois da vida.
É o doce e suave sono - esta é a morte. É o descanso. O recreio. A recompensa. As férias após meses de trabalho sem fim.
A morte eu não a temo. Temo mais a vida que a morte (esse suave murmúrio que acompanha e amortalha o dia).
Viver é difícil. Morrer é fácil. Morrer é natural. Viver custa. Viver custa-te a pele. A própria pele, eis o custo da vida.
Mas a morte é um velho fiel amigo. Mesmo se inimiga fosse, mesmo aí (ou nela) habitaria a calma e quieta e tranquila amizade. Um reconhecimento antigo, longínquo...
Ó morte, não te temo. Não Te Tenho Medo. Nunca medo terei de ti.
Pelo contrário. Acarinho-te no meu peito todos os dias (enquanto caminho). E todas as noites fecho os olhos e entrego-me a ti durante sonos e sonhos. Dormes comigo abraçada como um gato, como todos esses gatos que eu amei e perdi y que añoro (añoro...).
Não me leves ainda, porém, para apodrecer com suavidade e leveza debaixo da terra fria. Preciso de viver muito, tanto, porque viver custa e eu ainda não aprendi a viver bem - com coragem, com toda a força do meu peito. Dá-me um abraço, agora, ó morte, e um leve beijo na fronte - e deixa-me viver (viver viver) mais este dia.
Amanhã, como sempre, conversarei contigo. Daremos as mãos, velha amiga.
[Escrito a 14 de Abril de 2011]
(Comentário do meu ego super-inflado: porra, que eu escrevo bem!)
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2 comentários:
Como já te disse elsewhere não gostei (de certa forma) do início do poema. Julguei-o, precipitadamente, como uma assunção que me preocupou ao lê-la de ti. Mas depois redimiste-te. ;) No fundo o que quero dizer (e já o escrevi no meu próprio canto blogoesférico) é que o teu "ego super-inflado" é perfeitamente vero.
Vivamos este lado da Morte, enquanto não sobrevém.
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Uff, fico contente por ter ficado mais claro! 'Tá tudo bem comigo, não olho para pontes de uma maneira menos saudável, hehehe, nem muito menos estou doente (nem espero estar!). Este foi, digamos, um Desabafo Filosófico ;)
O meu ego agradece o elogio :D
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