sábado, agosto 24, 2002

quarta-feira, agosto 21, 2002

Porque é que veneramos mais a arte do que os homens? Será apenas impressão minha? Respeitaremos, de facto, mais a vida humana do que uma obra artística?

Pergunto-me o que teria acontecido se o General von Choltitz tivesse obedecido às ordens de Hitler e reduzido Paris a cinzas.

('Hitler contata o General Choltitz, ordenando que ele destrua as pontes sobre o Sena, para dificultar a invasão dos aliados, os quais, para acudir os guerrilheiros em perigo, apressavam a marcha sobre Paris. Choltitz, argumentando que a destruição das pontes deixaria os próprios alemães bloqueados na cidade, convence o Alto Comando Alemão a revogar a determinação.
E, depois, ignora outra ordem do ditador nazista para incendiar Paris, "transformando a cidade em um monte de ruínas". Choltitz informa Berlim que havia mandado colocar toneladas de explosivos em locais importantes como o Louvre, a Notre-Dame, os Inválidos e a Torre Eiffel. Mas não faz nada disso. Na realidade, o general alemão, que nunca fora adepto do nazismo, admirava a beleza da capital francesa e, num gesto de bravura, prefere correr o risco de incidir na ira do Fuhrer, a destruir Paris.')


(Ver também este link.)

Quase – quase – aposto que a demonização (esta palavra existe...?) dos alemães seria superior e ainda hoje presente. Tenho a certeza que os odiaríamos desmesuradamente (hoje!) por isso e não pelos milhões de vidas humanas que pereceram nos campos de extermínio.

Estou quase segura que a entrada em França de qualquer cidadão de nacionalidade alemã seria proibida. (Ok, estou no reino da fantasia, porém...)
Será que me engano ou o nosso ódio é maior quando alguém destrói uma obra de arte e não quando comete homicídio? Não sou exactamente imparcial na matéria, quiçá exagere, me engane.
Todavia, se estiver certa... porquê?

Porque o homem morre e a obra fica. Porque, de divino e imortal, o homem só tem a arte. Ele é imortal na medida em que a obra artística é rememorada pelas gerações vindouras. Logo, conclusão (bué facciosa): destruindo a arte destrói-se a parte humana que é divina. Cometo heresia acrescentando: ao aniquilar-se a Arte aniquila-se Deus. (O Deus que em nós se expressa artísticamente.)

(Ok, ok, estava a lavar a loiça quando estas ideias me ocorreram, façam o favor de dar o devido desconto.)

[Ouvindo (over and over again) ‘Left of Center’ de Suzane Veja.]
[Género do gato. Update: nada a acrescentar. Ainda em branco. É gato? É gata...? Gente não é certamente e a chuva não bate assim. Já tentei ver, mas ele/a não deixa...]

segunda-feira, agosto 19, 2002



Que idade tinha eu na altura em que a série deu na televisão portuguesa? Dez anos, talvez.
Marcou-me imenso.

(Prontossss, já parei com a Candy ;)
A sequência inicial!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

('Tá em francês, mas que se lixe!)
http://candyneige.com/

Hoje deu-me uma Candynite aguda... hehehehe

(Não acredito, 'tou a ver o último episódio!!!!)
(Ok, pronto, não é video, mas já não nada mau!)
(Não, não tenho 7 aninhos... :[ )
Eu não acredito, já existe uma petição!!!! LOLOLOLOLOL

International Petition for the come-back of Candy Candy.


Quando era pequena tinha uma adoração por esta série animada...! Até hoje guardo o desgosto de ter perdido o último episódio da Candy Candy... :....(
*sniff*

(Porque é que que repetem mil e uma coisa, às vezes sem interesse nenhum, e não tornam a repetir a Candy Candy...?)

(E se eu começasse uma petição...?)

(Alguém assinava...?)

(Quem se lembrará da Candy Candy...?)

(Os gajos da Sic é que podiam pegar nesta ideia.)


sábado, agosto 17, 2002

quinta-feira, agosto 15, 2002

Morcheeba - Otherwise.

Adoro o início. Ah!, se eu soubesse música poria a pauta aqui. As colcheias e semicolcheias são, hoje, parte de uma língua ignorada a cujos segredos me permitiram acesso apenas por dois anos. Depois acabou. Não percebo porque acabaram com a música (Educação Musical? Já nem me lembro do nome da disciplina...) e mantiveram as aulas de matemática...
(Porra para a lógica economo-materialista.)

Passemos à escrita.
Escrever à mão ou a computador? Qual o método preferencial?

Adopte aquele em que se sinta mais à vontade. Confortável. Agora, por exemplo, escrevo à mão. Depois deixo ficar o texto 'de molho'. Não lhe toco por um bocado. Daqui a umas horas ou dias passo-o a computador, aproveitando o maravilhoso recurso do Word: o corrector, hehe... A seguir copio-o e coloco-o na área de edição do Blogger. Copy & Paste, fazer dois ou três cliques e voilá!
/me in awe

Prefiro escrever à mão porque escrevo melhor assim. Noto. Outros escreverão um português sem falhas, escorreito, ao teclado do Pc. Óptimo. Ainda bem. Não sendo esse o meu caso, prefiro o método manual ao mecanográfico, embora seja (comparando) lento.
Mas dá-me espaço para reflectir. Por vezes no início da frase penso no fim da mesma quando, dois parágrafos antes, não teria a mínima pista, percebem? É um processo lento, mas com resultados razoáveis, eficazes, seguros. E regulares.
Para mim, sejamos claros.

Já escrevi livros a computador. São sempre os piores, embora um tenha sido publicado. A diferença reside no entusiasmo, na rapidez. Ao teclado eu vejo as imagens que se formam no cérebro e tento descrevê-las o mais rápido possível, antes que se esfumem e desapareçam. No teclado consigo apanhá-las todas . O que não me acontece quando escrevo à mão já que as imagens mudam, transformam-se. A+B não é igual a C. À mão é do género: A+ 322 a dividir por redondas cornucópias menos sabão e cinco pijamas é igual a iguanas transexuais. No computador consigo acompanhar toda a sequência de pensamentos antes que se convertam noutra coisa, topam?

Dantes fazia dois tipos de livros: o livro 'a sério', escrito à mão. Pensado, meditado; e o livro 'para me divertir' era feito a computador. Era o livro para eu brincar. Divertir-me. Gozar. (Nota para eventuais brasileiros que cheguem ao blog por engano/proposta irrecusável dum gajo italiano: este termo aqui em Portugal tem outro significado, ok! Lol.) Eram construídos sem plano, nem mesmo básico. O máximo que fazia era anotar uma cena gira que surgisse (mesmo tendo só duas linhas) e ir escrevendo a partir dela o que me viesse à cabeça.

Já não faço livros desses. Já não escrevo a computador tais livros. Há imenso tempo que não escrevo um livro todo maluco só por pura diversão. O facto não me causa sentimentos negativos. É que prefiro escrever manualmente, dedicar-me a sério a uma obra de cada vez. Pensá-la.

Ah. Ia-me esquecendo.
Escrever a teclado. Rescrever tudo à mão. Tornar a passar a computador (modificando aqui e além algumas coisas). Fiz isto com 'A Fada dos Sonhos'. Deu um trabalho do Ca-Ra-Ças! Mesmo assim, não sou muito apologista das 'duas versões'. Escrever a primeira versão e depois escrever a segunda versão da obra. Comigo o método não funciona. Acho uma perda de tempo e, agora, não o aplicaria com tanto afinco como o apliquei n' "A Fada dos Sonhos". Não tenho pachorra. Prefiro 'gastar' o tempo de outra maneira: a pensar. A pensar na ligação entre os capítulos 8 e 9, por exemplo.
Episode1Page

Parece giro, o site. :: Lembrete - colocá-lo nos links. ::
Hum... não, por enquanto não ponho outro piercing, mas... se por acaso passar por uma loja de piercings (sem estar à procura) e encontrar um de que eu goste E ter money para o pagar... aí vou pensar que é destino. É fado. Entro e ponho e não se fala mais nisso lol!

(Foi basicamente assim que pus o primeiro.)

quarta-feira, agosto 14, 2002

Os mestres Zen são famosos por sua irreverência. Eles chamam um ao outro de "desmiolado", as sagradas escrituras de "papel inútil" e o Budismo de "uma doença". As pinturas Zen retratam grandes mestres como ridículos e cômicos. Desse modo eles previnem que seus alunos os idolatrem como seres iluminados e os ajudam a perceber que devem buscar a iluminação sendo eles mesmos.

"Frequentemente os mestres Zen referiam-se uns aos outros como 'sacos de arroz velhos' e outros termos descorteses; não por inveja, mas porque isso os distraía de pensar que fossem considerados, pelos padrões comuns, especialmente sagrados. Eles perceberam que tudo é sagrado, até potes de comida e folhas secas caídas levadas pelo vento, e não há nada particulamente venerável acerca deles mesmos." - Alan Watts

- Timothy Freke: "Zen Palavra Básica", p. 60

Giro, não é?

Tentem pensar da mesma forma em relação não só à escrita, mas também em relação aos Grandes Autores, aos Consagrados. A 'falta de respeito' talvez nos dê acesso ao verdadeiro Respeito.

A Tua Verdade é única. Não vás à procura da Verdade nos outros. Nos Consagrados. Nos Grandes Autores. Se ele/a escreveu de determinada maneira, tal não se transforma irrevogavelmente em dogma. Quebra os dogmas. Dos outros. E os teus.

sábado, agosto 10, 2002

Abifado daqui.

'Remote Linking forbidden'! Porra, isto até parece urrado por um oficial nazi em alemão. Worbidden!!
Cabrões.
(Dá a sensação que fui ao Louvre e gamei a Monalisa, chiça...)

Porém, deixo o link! Arte é arte! Há que ser superior a estes sacanas nazis.

Fui.


Jackson Pollock.
:: Esta é para ti Neblinazul ;) ::

Talvez através da mentira da arte (ou do embuste?) se possa ver melhor (descortinar, intuir) a verdade da vida. A arte ou o exercício artístico é insight (discernimento intuitivo). Just go with the flow. É deixarmo-nos transportar pelo rio sem tentar controlar o destino final, a direcção.

Suponho que a arte (ou o exercício dela ou a tentativa do seu exercício) engloba tudo – incluindo preconceitos. Agora que penso nisso... algo construído através do véu do preconceito talvez, ainda assim, seja arte. Os criadores/autores não conseguem ser totalmente isentos quando criam/escrevem/pintam/fotografam, etc. Não se pode extirpar o preconceito, as ideias preconcebidas, da arte porque, desconfio, estaríamos em simultâneo a extirpar a arte da arte. Há que aceitar tudo (presumo). Take me as I am or don’t take me. Quem é que me disse uma vez que Eça de Queiroz tratava as mulheres muito mal? (Lembrete: cortar no queijo.) E porém, Eça persiste em nós e nós persistimos em lê-lo. Criador não é santo embora por vezes tenha intuições iluminadas.

Para mim arte é também mentira pois é nela que inteiramente nos podemos expressar, sem medos (ou com receios atenuados) do julgamento social. Se tirar a parte negativa de mim, o que de mim fica? Como me posso expressar sem ela? Eu preciso do negativo, da mentira, do logro. Da fábula. Ou, quem sabe, necessito sublimá-los pelo exercício da escrita.

Ying and yang, um não existe sem o outro. A complementaridade dos opostos. Duas faces da mesma moeda (e não me lembro de mais clichés).

O exercício da arte engloba tudo, tudo aceita. Melhor: aceita-nos por completo. Não é admissível socialmente rapinar carteiras no Metro, mas podemos pintar um quadro irónico em que a simpatia do autor vai para o ladrão das carteiras. Ele por isso não é preso. (Não sei se me explico como deve ser.)

Quanto ao resto, quanto ao que vem depois. Depois da obra estar terminada e pronta a ser re-criada pelo observador; depois da obra já não ser nossa e estar disponível aos olhos e julgamento do mundo. Tudo isso, em sentido estrito, é ruído. Bom ou mau, não importa. Elogio ou censura, não interessa. O julgamento do mundo, dos nossos pares, é ruído. Cheguei a esta conclusão há já algum tempo, todavia não consigo consolidá-la no meu peito. Está-me presente no juízo, na cabeça, e muitas vezes tenho de parar (com as lamúrias e as queixas) e recordar-me disto. Tenho de centrar-me. Eu sei que o olhar exterior não é relevante. Aquele momento único – o da criação – já passou e nele não havia espaço para mais nada nem mais ninguém. Mas ainda não possuo a sabedoria para me livrar da avidez (o desejo da fama, da massa, all of that, hehehe...). Quiçá um dia lá chegue... talvez...

A abstracção total aos juízos que tecem sobre a nossa obra é, considero, algo, não digo essencial, mas conveniente à criação mais isenta e mais pura. Ao exercício artístico mais puro possível. Não são a honraria e os louvores (ou críticas) exteriores que nos fazem avançar. Não é isso (no, not that). Logo, não será isso que nos deve ocupar, tomar o nosso tempo, atenção e recursos emocionais.
Não possuo essa abstracção, embora a deseje. Porém ainda não a quero tanto como quero o ruído. Enfim, é a juventude... lol ;)

Portanto, que se lixem as redomas onde nos fecham e classificam; que se danem os exames preconceituosos com que nos julgam (ao observador também é necessária a tal abstracção, pois ele é co-criador da obra pelo simples acto de a observar). Somos superiores a isso. Temos de ser. Continuo a afirmar: não olhar para os lados. Just do your thing. O resto que se coza.

P.S. Sim, a nível intelectual, de raciocínio, parece simples, mas na prática a conversa é outra (infelizmente).
P.S2 Acho que o meu gato é uma gata (*sigh*). Burra, burra, burra que eu sou! Como é que não diferencio um gato de uma gata?! A confirmar-se o facto terei de arranjar um primeiro nome para o/a (?!?) Queiroz.



5:07

To sleep or not to sleep.
To dream or not to dream.
Maldita insónia. Malditos ácaros.

Ya. Fui. Went. Ok, prontoss, num empurres, já vou!
4:57 da manhã... não consigo dormir :|
(Caraças...)

Note to myself: greymatter, han? Como é que raio é que aquilo funciona...?
(Podia ter escrito: 'como raio é que aquilo funciona?', retirando o duplo 'é que', mas às vezes é giro
repetir palavrinhas só pelo simples prazer de repetir palavrinhas...)
::..::

(Sensação de dejá-vu...)

quinta-feira, agosto 08, 2002



The last twenty years of Miller's life, spent in Pacific Palisades, were humbling ones. His body slowly deteriorated, yet his wit and artistic capabilities stayed in tact. Miller spent much of his time reflecting on his turbulent life with interviewers and close friends. When often questioned about writing he has said, "It's a curse. Yes, it's a flame. It owns you. It has possession over you. You are not the master of yourself. You are consumed by this thing. And the books you write. They're not you. They're not me sitting here, this Henry Miller. They belong to someone else. It's terrible. You can never rest. People used to envy me my inspiration. I hate inspiration. It takes you over completely. I could never wait until it passed and I got rid of it" (Kraft 1993:477).

Tirei deste site.

:..: Escritor é canalha? :..:

Sacana? Filho da mãe? Da puta que o pariu? Da avózinha sarnenta? Cabrão?, malandro?, biltre? Desavergonhado, cínico, gentinha, ordinário, patife, pulha, velhaco, tratante, mariola, falso, bandalho, etc. e tal?
Resposta possível/provável - sim.
Mas não só.
Ele/a (e indecisos) também é santo/a.

Lembro-me da primeira vez que li Henry Miller. O final de um dos 'Trópicos' ('Trópico de Câncer' ou 'Trópico de Capricórnio', não recordo qual) chocou-me.
Não foi o sexo, a forma mecânica como era descrito, mas outra coisa que me causou choque.
Foi o facto de ter mentido a um dos amigos.
Foi uma Revelação. Nós podemos mentir/aldrabar/ludibriar os nossos amigos e depois (ainda por cima) escrever sobre isso?! (ou seja: lixá-los duas vezes...)

Não sabia. A sério. Juro-vos que me era desconhecido.
O gajo ficou com o dinheiro que o amigo lhe entregara, à confiança, para dar a outra pessoa. Henry Miller, aquele cabrão, sorridente, concordou. Eh pá, vai em paz. Confia. Eu dou-lho.
A real pinóia. Abotoou-se com ele.
Tudo bem, a outra pessoa, o terceiro elemento, era a namorada do amigo e era uma besta, um algoz. (Confiando - ...? - no retrato de H.M.) Ok. Mas o amigo confiou nele!

Adorei. Uau. Fiquei fã do homem. Quer dizer que, na escrita, podemos ser filhos da mãe! Podemos ser sacanas de primeira apanha! Lixar os outros! Tramá-los! Sem consequências! Amei, amei, amei (como dizem os brasucas).

Significava que a escrita não tem regras. É isenta de moral. A escrita, ela mesma, fundamenta-se, baseia-se na excepção. A ressalva, a marginalidade que se permite.
A sociedade necessita dos seus marginais, das excepções (como é que podem existir regras sem o seu contraponto?). A sociedade permite, melhor, fomenta os seus marginaizinhos encartados: os artistas. Os criadores, autores, os que artisticamente se exprimem.

A natureza da arte é a mentira.
Mentira que, dado a relação estabelecida entre criador-'leitor'/observador (o pacto da suspensão da verdade), se transforma/transfigura em verdade. Outro tipo de verdade ou uma verdade que se conjuga, mistura na verdade vigente.
(Já agora, o que é verdade? E o que é a verdade?)

Talvez a verdade actual seja o somatório de mentiras primeiro toleradas e depois nela integradas. Logo, a criação precisa da sacanice, da canalhice. É o seu oxigénio.

No dia a dia não sou dada à violência. Detesto conflitos, agressões, falsidades de qualquer género. Porém, quando escrevo... Ah!, quando escrevo posso ser tudo, deus e o diabo, para as minhas personagens. Quando escrevo estou além (ou pelo menos é para lá que aponto). Quando escrevo exerço a excepção.

À regra.
Porque a escrita não tem regras nem moral.
[Desconfio que o Henry Miller (e outros de idêntico calibre) diriam isto de forma, bom, mais gráfica, ehehe...]

terça-feira, agosto 06, 2002

Ando com vontade de pôr outro piercing: logo abaixo do lábio inferior, na reentrância que fica por cima do queixo. Uma bolinha de metal. Não ficava giro? Cá em casa passavam-se, LOL.

segunda-feira, agosto 05, 2002

Apetece-me escrever mesmo sem nada para dizer.
(A rima é involuntária.)


(Não sei onde pára o meu gato Queiroz - homenagem ao Eça. Vadio. Está a entrar nos 5 meses e já começa a passear muito por fora.)
(Porra. Porque é que não arranjei uma gata?)
(Porque é que os gatos desaparecem sempre quando mais precisamos deles?)
(Não. É. Hoje não tenho nada para escrever...)


De vez em quando a gente escorrega e cai na folha em branco, como a mosca no prato da sopa.
(Não embirrem com as minhas metáforas-comparações, pela vossa saúde!)


Ver se a sopa d'alface já 'tá pronta...


:..:
Lembrete: pôr link dos Canalhas ali ao lado... (gosto de lhes ler as canalhices...) ;)

sexta-feira, agosto 02, 2002

Depois de curado o trauma causado (-ado, -ado, fica mal. Um dia exemplifico melhor) pelo casamento evangélico da minha prima (que eu adoro, nem pensem o contrário), cá volto à escritura.

Costumo ler o ‘Diário de Notícias’ há anos. Mais ou menos desde a época em que os meus textos passaram a ser aceites pelo ‘Dn Jovem’. Começo pelo fim, a última página. Gosto de ler a coluna do Vasco Pulido Valente, embora metade das vezes não perceba lá muito bem o que ele diz (a política é-me indecifrável). No ‘Faz de Conta’ de hoje ele termina com estas palavras de aviso - “Atenção o incrível acontece”. Para tornar claro o discurso, transcrevo o parágrafo anterior: “Para muitos portugueses (...) os partidos «viciam» a democracia. E nada melhor para corrigir esse «vício» do que um «homem» plebiscitado.”

Ele fala do perigo sempre eminente do regresso aos tempos da Outra Senhora, da ditadura (a dita que dura a dita que dura a dita que dura). Para nós – a dita que durou e para os da minha idade, a dita que jamais conheceram.

Não fui educada num regime fascista e opressor onde a censura imperava (tesourando ideias, consciências e espíritos). Não tenho o hábito de imaginar ao meu lado o censor da praxe, de lápis em riste, riscando metade do meu texto. Fui habituada à democracia, percebem? Não gosto nem de supor que um dia ela possa, no nosso país, chegar ao fim, e eu tenha (por exemplo) de submeter as entradas do meu simples blog à censura institucional (para Bem da Pátria). Mas nunca se está totalmente livre da reincidência deste mal. A minha (e vossa) única arma é o voto. Porém, como escrevo, tenho disponível ainda outras armas, outras formas não direi de luta, mas de vigilância. Possuo a arma do voto e a arma da escrita. Se o meu país voltar ao tempo da Outra Senhora penso que teria de emigrar. Pirar-me. O exercício da escrita, o exercício da criatividade artística, até o exercício da criatividade humana não é compatível com regimes de terror. Mais cedo ou mais tarde ia pôr a pata na argola...

À censura do Estado, a essa escapei porque nasci um ano antes da Revolução dos cravos (não, não sou centenária, hehehe).
Mas existem outros géneros de censura. Os portugueses praticam muito a da invisibilidade. Se não gostam de determinada pessoa ou obra, é simples: não falam nela. A obra não existe, a pessoa não existe. São invisíveis, ocultos. Funciona.

Todavia, a censura a que o autor (de qualquer tipo) está habituado é a sua. É aquela vozinha (irritante) que lhe diz: “Mas tu ‘tás parvo?! É que nem te atrevas! Não podes dizer/pintar/esculpir um absurdo desses! Olha que te lixam depois... olha que magoas pessoas que amas... olha que te fecham as portas. Não digas que não te avisei. Passa aí a alface, se não te importas.”

É esta vozinha chata que temos de aturar e contornar. O problema é que muitas vezes ela tem razão.
Ou seja, jamais estaremos livres da censura (nossa ou imposta do exterior).
O que eu faço por vezes é escrever aquilo que me dá na gana e depois... depois nada. Depois esconder, arrumar num sítio discreto. E esperar.
Os livros secretos (ou a escrita secreta) são-me essenciais. Como disse atrás: importa escrever. O resto logo se vê.