quinta-feira, janeiro 29, 2004

Acho que a dois está uma merda.
Dantes passavam filmes e séries decentes a horas decentes; agora passam merda a horas decentes.


quarta-feira, janeiro 28, 2004

Fiz um banner.
'Tá ali ao lado.
Simplesmente adoro a imagem: o homem a voar com o chapéu-de-chuva. É brilhante.
«Escrevo. Escrevo que escrevo. Mentalmente vejo-me a escrever que escrevo e também posso ver-me a ver que escrevo. Recordo-me já escrevendo e também vendo-me que escrevia. E vejo-me recordando que me vejo a escrever e recordo-me vendo-me a recordar que escrevia e escrevo vendo-me a escrever que recordo ter-me visto a escrever que me via a escrever que recordava ter-me visto a escrever que escrevia e que escrevia que escrevo que escrevia. Também posso imaginar-me escrevendo que já tinha escrito que me imaginaria escrevendo que tinha escrito que me imaginava escrevendo que me vejo a escrever que escrevo.»

Salvador Elizondo, El Grafógrafo

[Citado por Mário Vargas Llosa em A Tia Júlia e o Escrevedor.]

terça-feira, janeiro 27, 2004

Comentários estão de volta.
Se demorar muito tempo para abrir digam e eu tiro a imagem.

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Viver na assumpção da imortalidade. E a auto-ilusão cai por terra quando vemos um tipo de 24 anos subitamente a morrer. Num momento estamos vivos e no outro podemos desaparecer, assim, de repente. Culpar o destino fulminante? Ou culpar a nossa auto-ilusão? Ou não culpar nada nem ninguém e observar apenas?
Observar como compartimentamos a vida e alimentamos a ilusão da perenidade. Ninguém vive para sempre com 10 anos. Ninguém vive para sempre com 40 anos. Ninguém vive para sempre. A certeza única é a morte. Mas até lá adiamo-la com expectativas e resultados e desejos. E. E. E.
Eu não estou aqui para chegar ali.
Eu estou aqui para viver.
Eu estou aqui e pronto. E chega. É isso.
Basicamente a própria vida é um presente.
Os dons e os talentos são prendas. Não são meios para alcançar fins.
Toda a gente sabe isto, mas a sociedade passa décadas a moldar-nos para agirmos em consonância com as ilusões que ela, desconfio para sobreviver, nos impinge.
Para... ser imortal? Ou viver mais do que um mero ser humano.
Os indivíduos não são eternos, as comunidades são... quase.
Cegueira imposta e auto-imposta. Cegueira que se alastra.
Não estamos habituados à morte. A vê-la tão perto. E em gente tão jovem. Não morram à nossa frente, por favor, dissipam-nos a fantasia. Eu sei que vou viver feliz para sempre logo depois de terminar o curso, arranjar um emprego Bom, casar-me, comprar casa, ter filhos, casá-los bem casados, ter uma boa reforma, e vencer o cancro. Aos 70 anos vou ser tão feliz. Imortal.
O amor é eterno enquanto dura.
A vida (terrena, esta) é eterna enquanto dura.
O segundo que passa - enquanto passa - é perpétuo.
Temos acesso a esta imortalidade enquanto não morremos e antes de comermos erva pela raiz - que imagem tão bonita.
Ser me-lhor. Ser pi-or. Ser.
Sou um ser que é.
Isto para mim faz, abstractamente, sentido. Ou tem um sentido de um novelo de lã enrodilhado. Mas possui-o e, cá dentro, mais que compreendê-lo - intuo-o.
Eu não escrevo para. Eu escrevo. Escrevo.
Mas as cegueiras embaraçam-nos a visão original, primária, primitiva, e quem escreve (e agora falo por mim porque só por mim posso falar) sofre por isto ou aquilo ou aqueloutro. Não há fins, porra; não há meios, chiça. Há acções. Estar na acção é tudo. É a imortalidade.
Enquanto amamos somos imortais; enquanto escrevemos somos imortais; enquanto lavamos a loiça somos imortais; ontem a passar a roupa a ferro fui imortal.

sábado, janeiro 24, 2004

Já sei como é que isto do Feed funcionaaaaaaaaa!!!!!!!
(Fiz o download do bottomfeeder.)

Já compreendi. São raros, mas quando os tenho os meus "blond moments" costumam durar uns anitos.
HÁ ÁGUA EM MARTE!
HÁ ÁGUA EM MARTE!
HÁ ÁGUA EM MARTE!
HÁ ÁGUA EM MARTE!

Meu Deus, é incrível - há água em Marte :)

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Não faço a mais pequena ideia do que é, mas o meu blog já tem um, errr, Feed. Está ali para baixo, ao pé do Ninja.

quarta-feira, janeiro 21, 2004

maggie and milly and molly and may
went down to the beach (to play one day)

and maggie discovered a shell that sang
so sweetly she couldn't remember her troubles, and

milly befriended a stranded star
whose rays five languid fingers were;

and molly was chased by a horrible thing
which raced sideways while blowing bubbles: and

may came home with a smooth round stone
as small as a world and as large as alone.

For whatever we lose(like a you or a me)
it's always ourselves we find in the sea

:: e.e. cummings
Às vezes tenho vontade de passar a escrever só livros secretos e, no fim da vida, queimá-los todos.
Estou dividida entre o Lá Fora e o cá dentro.
Não posso continuar dividida.

sábado, janeiro 17, 2004

"A man is a critic when he cannot be an artist, in the same way that a man becomes an informer when he cannot be a soldier." -- Gustave Flaubert, 1846

http://www.transparency.org/

Purpose

To curb corruption by mobilising a global coalition to promote and strengthen international and national Integrity Systems.

What makes TI different?

TI is the only international movement exclusively devoted to curbing corruption.

(Também em português.)

sexta-feira, janeiro 16, 2004

O FdP do meu Editor Interno (o sacaninha sadista que nos lixa o vigor literário e nos estraçalha a auto-estima com comentários cínicos) fez alguma à Musa. Ela anda demasiado calada. Desconfio que albergo uma Musa deprimida. Ou talvez seja dos charros. Mas desde quando charros deprimem Musas? Ainda por cima são biológicos (ela é esclarecida activista ambiental, além de hippie viciada no Bingo, mas divago). É o cabrão do EI. Fez-lhe alguma, de certeza. Vou ter de tomar medidas drásticas e encomendar a "morte natural" ao gajo. O sacana tem é o vício de reencarnar. É para aí o décimo quarto passamento que lhe encomendo. Isto fica-me caro em cartuchos, o que é que pensam. (O tipo que faz o serviço dá a mão de obra e eu forneço o material. A vida 'tá cara e assim saco um desconto.)
Real chaga.
"(...) É importante dar qualidade ao esforço, em vez de esperar o resultado dele. Tudo o que você precisa fazer é apenas esforçar-se ao máximo, libertando-se de um rótulo ou julgamento, de que você é ou não capaz, de que você é ou não bom. Esqueça isso e faça apenas um esforço enorme." [In Blog do Zendô]

Hummmm... como isto se aplica à escrita.
O meu problema é que nos últimos meses me esqueci disso.
Graças ao Wysiwyg (Obrigada!) consegui puxar a imagem para cima e tapar o anúncio da blogspot. Mas é engraçado: no Explorer tapa tudo por completo, enquanto que no Opera os anúncios do Google continuam a ser visíveis. Por mim tudo bem :)

domingo, janeiro 11, 2004

Não consigo escrever. Tenho uma personagem que adoro por ser tão malvada, mas a seiva que me impele à escrita estagnou. Porra.
Basta sentar-me e agarrar na caneta e abrir o caderno e ligar o candeeiro? Não, não basta.
Caraças.
Não consigo.
Tenho que escrever outra coisa qualquer para me distrair daquilo que quero, mas que sou incapaz de escrever. Mas essa outra coisa também não me sai.
Carago. Carago não, que é à moda do Porto, porra. E eu 'tou em Lisboa, chiça.
Falhou o mecanismo. Falhou a roda. Falhou algo.
Não é writer's block. É outra coisa qualquer que não tem este nome. Não é preguiça, é outra coisa.
É uma coisa que eu não sei/não quero nomear. Estou-me nas tintas para o nome.
Nem vontade de escrever cartas tenho. E já nem me esforço o que me esforçava dantes em relação ao blog.
Às vezes tenho vontade de deitar a televisão fora e o computador. E amarrar-me à secretária como os monges copistas da antiguidade. Obrigada a escrever assim durante horas e horas. Mas criar é mais difícil do que copiar.
Criar é outra coisa e hoje não me apetece ser deus. Das minhas personagens, pelo menos.
Bolas.

sábado, janeiro 10, 2004

Ela diz que tem 3500 anos.

Hummmm...

Nevertheless, makes interesting reading.
Uma coisa que aprendi com uma criatura sociopata: o ódio não é o contrário do amor; ódio é Não Saber que há outra coisa; ódio não é a escolha entre dois caminhos - amor e ódio - mas a imposição do único caminho conhecido: a maldade. Errata: onde pus ódio ler "mal". A única coisa que os sociopatas sentiram desde sempre foi a maldade, nunca experimentaram o amor, os sentimentos bons, logo, desconhecem-nos, sabem que existem, mas nunca os sentiram. O que me leva a: para conhecer totalmente é preciso sentir. O conhecimento passa pelas emoções. O conhecimento do amor passa pela emoção. Tenho, até certo ponto, pena destas criaturas: aquando da morte vão receber em cheio, senão dobrado ou triplicado, todo o mal que provocaram e semearam. Vão, pela primeira vez, sentir culpa e remorso. Só no momento da morte, desgraçados.

Saber racionalmente não é saber/conhecer; saber emocionalmente sim.

(Os sociopatas sabem que há outra via, mas não a conhecem porque nunca a sentiram.)

segunda-feira, janeiro 05, 2004

Psicopatia: uma epidemia.
(Em inglês.)

Esta malta é muito destrutiva porque encerra em si o Mal perfeito onde nenhum verdadeiro bom sentimento humano reluz. Leiam para não apanharem desprevenidos uma besta destas pela frente. Elas existem, acreditem.

«We can feel fear, sympathy, empathy, sadness, and so on because we can IMAGINE in an abstract way, the future based on our own experiences in the past, or even just "concepts of experiences" in myriad variations. We can "predict" how others will react because we are able to "see ourselves" in them even though they are "out there" and the situation is somewhat different externally, though similar in dynamic. In other words, we can not only identify with others spatially - so to say - but also temporally - in time.

The psychopath does not seem to have this capacity. They are unable to "imagine" in the sense of being able to really connect to images in a direct "self connecting to another self" sort of way.

(...) they "feel" need/want as love, and not having their needs/wants met is described as "not being loved" by them.

(...) this "need/want" perspective posits that only the "hunger" of the psychopath is valid, and anything and everything "out there," outside of the psychopath, is not real except insofar as it has the capability of being assimilated to the psychopath as a sort of "food." Can it be used or can it provide something is the only issue about which the psychopath seems to be concerned. All else - all activity - is subsumed to this drive.

In short, the psychopath - and the narcissist - is a predator. »


(Mais sobre o mesmo assunto, em inglês, aqui: The Penny Drops!)