sábado, janeiro 29, 2005

terça-feira, janeiro 25, 2005

Signo solar.



Ascendente em escorpião.



Lua em sagitário.



Ultimamente ando a interessar-me pela astrologia.

domingo, janeiro 23, 2005

É impressão minha ou já não se fala da Casa Pia...?











Às vezes apetecia-me emigrar.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Em 1999 eu, estupidamente, assinei um contrato com a Editora Ulmeiro para a publicação da obra "À Procura de um Livro" em que usei o pseudónimo Anthony Andaluz (don't ask why). Ganhei dois prémios literários com esse livro. A Difel, depois de eu já ter assinado o contrato, quis também editá-lo. Se eu soubesse o que sei hoje...
Mas temos de fazer umas burradas para aprender como é a vida.
A Editora Ulmeiro NUNCA ME PAGOU NEM UM TOSTÃO FURADO.
Nada. Porra Nenhuma.

Essa editora publicou o António Lobo Antunes, sabiam?
E agora já não: I wonder why...

Resumindo: antes de tudo, antes de assinarem porra de contrato algum com uma editora qualquer - inscrevam-se na Sociedade Portuguesa de Autores. Estão mais protegidos. E a SPA depois é que assina o contrato em vosso nome.
E não aconselho, em caso algum, tendo em conta a minha experiência, publicarem pela Ulmeiro .

Os Escritores Trabalham e Merecem Ser Pagos!

Repito: Os Escritores Trabalham e Merecem Ser Pagos!

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Mágoa.

O JOGO

- Vamos jogar. Eu sou o agressor, tu és a vítima.
(Estamos no quarto, ele está sentado na cama. Eu, de pé, começo:)
- Estamos num quarto qualquer. É uma divisão fechada. Não há saída possível. Ou a porta está trancada e eu tenho a chave.
- Escondeste-a.
- Não é preciso. Sou maior do que tu. A chave pode estar ali, à tua vista, em cima da cómoda. Tu não tens força para a tirar e libertares-te. Eu tenho o poder. Eu sou o poder.
- Eu tenho medo. Eu sou o Medo. Tremo. Sou pequeno, magro. Tento abafar o choro. Choro por entre sufocos, aos gaguejos. Bato os dentes. Fungo. Tudo ao mesmo tempo. Abafo um pânico atroz, uma emoção para a qual não encontro nome. Tento não tremer muito para não te despoletar a ira, a força. Não olho para ti.
- Tens medo.
- Tenho.
- Eu gosto.
(Aproximo-me devagar dele. Levanta as pernas para cima, apoia-as na cama e abraça-se a elas. Eu continuo a caminhar com a leveza de um gato.)
- Gosto do teu medo. O teu medo dá-me força. Quase gozo. Tenho os mesmos sintomas exteriores que tu, mas subtis porque me controlo. Quero saborear o momento.
- Não haverão outros?
- Talvez, mas não sei se serão contigo.
- Mas já estiveste comigo antes.
(Paro. Penso.)
- Sim, já. Poucas vezes. Por isso é que o teu medo é tão forte, tão poderoso. Talvez duas vezes.
- Provavelmente eu já conheço a dor.
- É isso. É isso! Já a conheces!
- Mas tens tempo para estares à vontade?
- É possível. Sim. Desta vez tenho tempo.
- Uma hora? Mais?
- Não sei. Continuemos.
- Humm... tenho os braços enrolados à volta das pernas, a cabeça enterrada nos braços.
- Não te vejo a cara, só o cabelo negro.
- Castanho-claro.
- Porque é que eu disse negro?
(O olhar dele alumia-se.)
- Porque está escuro, mas brilhante o suficiente para me veres!
- Estamos na penumbra! Eu prefiro-a?
- Talvez.
- Mas o exercício do poder necessita de luz.
- Nem sempre. Continua.
- Eu avanço como uma aranha peluda, nojenta, devagarinho. Toco de leve no teu cabelo.
- Um choque eléctrico percorre-me a espinha, a carne. Dou um salto. Respiro com mais força, tremo. Suo. Colo-me à parede, vou até à porta, puxo desesperado a maçaneta, mas está irremediavelmente fechada e eu irremediavelmente perdido.
- Aproximo-me, pouco a pouco. É como se, ao ver-te, estivesse a ver um filme. Como se as tuas acções não fosse reais.
- Porque é que dizes isso?
(Paro de novo. Reflicto.)
- Talvez seja o meu estado de espírito. Talvez seja sempre assim: há o gozo da antecipação e em simultâneo existe um distanciamento do que eu faço ou estou prestes a fazer. Não sou eu, é o Outro. Não sou o eu normal, respeitado, respeitável, um homem comum; é o Outro, o homem das trevas, o homem escondido, a habitar esta pele digna que de dia se passeia sem temor pelas ruas. É o Outro. Como não posso ser sempre o Outro talvez exista um clique que actue nestas alturas, um estranho mecanismo psicológico que me faça sair de mim - literalmente -, que faça brotar de mim o Outro, rasgando-me a pele e saindo para a luz da noite, a luz lunar.
- Não acredito. Estás a desculpar-te. Tu és sempre o mesmo. Não te mostras todo à luz do dia por medo das consequências impostas pela sociedade. Tu és sempre igual: estás consciente do que fazes, do que me fazes, consciente do castigo se fores apanhado. Talvez estivesses Mesmo a ver um filme.
(Junto as sobrancelhas.)
- Um filme a sério? Como? Tu és uma criança a sério, preso num quarto a sério, prestes a...
- Espera. Não é isso. Eu sou verdadeiro. Mas porque me confundes com a personagem de um filme?
(Ficamos os dois em silêncio. Algo acorda em mim.)
- Porque já te vi antes num!
- Também já viste outras crianças antes.
- Mas a ti, a ti eu já vi de certeza! Portanto...
- Este pode não passar do primeiro encontro.
- É por isso que eu levo o meu tempo, saboreio cada segundo. Ninguém me vai interromper.
- Tu pagaste por este tempo sem distúrbios.
- Eu paguei por ti. Por isso é que ele, tu não gritas.
- Ninguém me virá ajudar. Já é normal.
- Pouco normal ainda. Foram poucas vezes.
- Poucas? Achas que o terror acaba ao fim de um, dois anos?
(Sinto vergonha. Digo a verdade.)
- Não sei.
- Ele foi vendido por alguém que o conhece, alguém que o devia proteger.
- Tu foste ven...
- Exacto. Eu. Eu. Continuemos. Encolho-me no canto da parede, longe da porta e longe de ti. Agarro as pernas, magras, fracas, ramos quebradiços.
- És moreno, bonito. Cativas-me.
- Mentira. Não me mintas. Nem preciso de ler-te nos olhos. Intuo-o.
- É verdade. Eu... tomo por ternura e amor ao belo, ou desejo tomá-lo, o que não passa de violência. Quero limpar-me da mácula, antes de a cometer. Não é a tua beleza que me impele nem um sentido perverso de ternura.
- Sinto os teus passos avançarem lentamente para mim. Abraço-me mais, escondo a cara, aperto-a com força contra os braços e joelhos.
- Coloco devagar a mão direita sobre a tua cabeça.
- Quase nem respiro. Tenho os olhos fechados com muita força, tal como os dentes.
- Fico assim um bom bocado sem me mexer.
- Só quero que isto seja um sonho, quero acordar, quero acordar.
(Vejo-o a estremecer, os olhos quase desorbitados.)
- É melhor pararmos. Tu não estás bem.
- Não! Continua, continua!
- Ai... eu, eu...
- Puxas-me o cabelo com violência.
- Não é preciso. Estás completamente submetido, sob o meu poder. É tão bom sentir esse completo domínio. Lá fora não é assim, nunca ninguém foi subjugado por mim. É este o respeito que eu quero. Respeito que confundo com dominação. Agora é só esperar mais um pouco.
- Para quê?
- Para tu acalmares. Quando ficares inerte, hipnotizado, não me darás trabalho. Posso fazer o que quiser. Não vais espernear, arranhar-me. Nada. É este o momento que eu quero. Que eu mais amo. A dominação absoluta.
- Hipnotizado... como o rato pela cobra antes de ser comido. Eu fico...
- Inerte.
- ...
- Sem acção.
(Tem os lábios entreabertos e os olhos presos num horizonte imaginário. Gotículas de suor acumulam-se no lábio superior. Respira com menos dificuldade, mas ainda aos soluços entrecortados. A pele da testa está lisa. Eu chamo por ele. Não me responde. Pego-lhe na mão: está como morta, não a prende na minha. Com medo vou para a janela. Vou abri-la, deixar entrar o sol, mas paro um segundo antes de o fazer. Regresso a ele.)
- ... mais vale... não... não... me debater. Termina mais rápido. Eles perdem o interesse... depressa.
- Eles?
- Se eu não me mexer. Se eu não me mexer. É mais rápido, acaba logo. Muito rápido. O pior, o pior é antes, o medo antes. O pior é antes.
(Quero acabar isto agora, não me agrada a morte no seu olhar.)
- Eu pego em ti pelo braço, tu deixas-te conduzir para a cama onde te deito de barriga para baixo e dispo-te as calças e...
- É tudo tão rápido, tão rápido! Mal me lembro. Porque é que eu não me lembro?
- No fim...
- Só me lembro do peso enorme em cima do meu corpo.
- No fim eu...
- Do peso.
- ... limpo-me. E limpo a mão do suor do teu rosto. Pus a mão no teu rosto. Podia ter posto uma almofada em cima do crânio, mas tive medo de te matar. Com a mão era mais seguro. Tu não gritavas, mas eu tinha de ter certeza. Limpo a mão molhada do teu suor e saliva às calças e...
- Vais buscar a chave à cómoda.
- E vou-me embora.
- Olhas para mim.
- Não vale a pena. Já não tens nada para me dar. É um vício. Hoje tomei a minha dose.
- Eu permaneço deitado na cama, nu da cintura para baixo.
- Vamos acabar.
- Não. Eu quero saber o resto.
- Nós sabemos o resto.
- Não sabemos as emoções.
- Vamos parar!
(Quase zangada abro a janela e a luz bate-lhe directamente na vista. Vira o rosto e defende-se com a mão em pala.)
- E agora...? - pergunta-me ao fim de um tempo.
- Agora nada. Agora vamos dar um passeio pelo jardim. Anda.
Fechamos a porta, sem levar a chave.



Regulamento Prémio LER/ Millennium BCP 2006

E NÃO É ANÓNIMO Outra vez!

Mas porque raio hei-de eu gastar uma porrada de dinheiro em fotocópias, tinta para a impressora, correio, etc., se eu sei que a minha obra Não Será Lida porque eu não tenho um nome sonante?!

E ninguém me diga o contrário porque não acredito!

"Os exemplares da obra devem ser acompanhados da identificação do seu autor (nome, morada e telefone de contacto)."

Se não há Obrigatoriedade de Anonimato nem vale a pena concorrer!

Sim, são 10 mil contos de prémio, sim, vão concorrer mais de uma centena de pessoas, sim, mesmo 10 pessoas para lerem mais de cem livros (cada um com mais de 200 páginas) num ano é pouca gente - Eu Sei Isso Tudo.

Ou aumentam os membros do júri ou arranjam outra solução!

SEM ANONIMATO NÃO HÁ VERDADEIRA COMPETIÇÃO!

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Mandei um mail para o contencioso da SPA no mês de Dezembro e outro este mês. Ainda não me responderam. Ai a porra.

Será que terá valido a pena ter-me inscrito?

sábado, janeiro 01, 2005

Uau. Daqui a três meses o blog faz três anos.

Três anos.

Será que chego aos dez anos?


Já não falta tudo.
Outro pequeno texto feito para o Escreva.

Aqui fica.


Tribo

Ao afastar-me do acampamento pela milenar trilha nómada, recordo a canção de ontem. Um paradoxo. A música dizia-me: “Vai. Vai! Agora! Parte! O mundo não é aqui, está lá fora. Parte, parte! Pega no mapa e abandona a tua casa, a tua tribo”, mas as palavras da mulher que a acompanhavam falavam da perda de um antigo amor, que a deixara por outra, e a mulher desde então esperava que o amor tornasse a acender a paixão de antes e voltasse para ela. Vejo uma imagem na mente: há uma corda e a música impele-me a puxar para um lado, mas essa mulher velha e enrugada (só tem a juventude na voz), melhor, as suas palavras puxam-me para o que conheço. Para as raízes da vida nómada. Para o que já entendo. Mas eu quero mais. Quero partir. E parti.

Feliz ano de 2005 :)