Ontem dei sangue.
Saio com vento e céu azul, um vento que enfraquece a pele e obriga a encasacar-me.
Estou com a tensão arterial a 10/6. Sou hipotensa.
- É mau?
- É bom! - revela a enfermeira. - Deus queira que continue sempre assim! Mas, quando se dá sangue, há certos parâmetros que temos de seguir. Mínimos. E você está sempre no limiar, ali mesmo no limite!
(Em termos de hemoglobina, por exemplo. E a tensão. O mínimo é 10/7.)
- Mas eu tenho 10/6.
- Por isso é que pode dar!
(Compreendo. Se fosse 9/6 já não podia.)
Desde '98 que dei sangue seis vezes e tentei oito. Duas vezes não pude (os parâmetros, os parâmetros).
Comi umas belas bolachinhas antes e depois, regadas a laranjada.
- Tem de repôr os líquidos. Você já tem a tensão baixa e agora retiramos-lhe quase meio litro de sangue, já vê!
(A enfermeira é exclamativa.)
- Costuma dar sangue? - pergunto.
- Claro! Todos os que trabalham aqui – no Instituto Português do Sangue, sito no Hospital Júlio de Matos – dão!
Era a única. Levei algum tempo a chegar por causa do Mercúrio retrógrado (but never mind that). Aproveito o dia de folga. Almoço cedo.
Ah, e informação para quem não quer pagar taxas moderadoras: deem sangue [pdf]. Com duas dádivas por ano ficam isentos. Os homens podem dar de três em três meses, as mulheres de quatro em quatro. Pode ser dador quem tenha entre dezoito e sessenta e cinco anos. Apareçam cerca de três horas após a digestão. Na consulta medem a tensão arterial, picam o dedo para ver o nível da hemoglobina e colocam questões. Pelos anos mandam-nos um cartão a desejar Feliz Aniversário.
E depois há aquela boa sensação de que se está a fazer Algo Bom para ajudar o Mundo!
- Meu Deus, sou uma Humanitária!
Isto para mim é muito mais fácil de fazer do que solucionar a crise de Darfur.
[HIATUS BACK ON]
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