segunda-feira, dezembro 15, 2003

Pena de morte: mais outro apedeite.


Não me calo com isto, não é?
Quem defende a pena de morte não compreende que a defende também para si e para os seus? Não está a defendê-la única ou primeiramente para os outros, mas para si e para o cônjuge e os filhos e os pais e os amigos e os irmãos. Se a pena de morte é para ti aceitável, então estás a dizer-me que em caso de tu seres condenado, a aceitas também. E em caso dos teus filhos serem condenados, a aceitas também. E em caso dos teus pais serem condenados, a aceitas também.
Não duvido que exista malta por aí que responda sim sem hesitação.
O que me espanta formidavelmente.
Há gente que aceita que outros têm direito de tirar a sua vida. Há gente que aceita que outros, validados, têm direito de tirar a vida da sua mulher ou esposo e dos seus filhos. Há gente que aceita que o Estado tem o direito (ou deveria ter o direito) de executar os seus pais. Com eles a assistir, aposto.
Há gente que aceita que a sua própria vida vale tão pouco. Vale nada. Que a vida dos seus filhos vale tão pouco – vale nada; que a vida dos seus familiares vale nada.
Se dão tão escasso valor à vida de quem (alegadamente) amam – que tipo de valor darão à vida humana de estranhos?
Lobos. Somos lobos.

A relembrar:

Declaração Universal dos Direitos Humanos


Artigo 3:
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

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