Adoro música clássica barroca. É a única em que consigo suportar a voz humana enquanto escrevo ou leio, enquanto necesito fazer alguma actividade em que preciso de estar a sós comigo própria e atenta aos meus pensamentos, concentrada. Com ópera, daquela mais dramátca e retumbante, não consigo isso. O cantor impõe-se à música. Na barroca o cantor funde-se nela, flui com ela como se ambos fossem feitos de líquido, de água. Prefiro. Gosto muito.
Requisitei outro cd de música barroca (porque não há money, meus lindos, para os comprar! Isto ser remediado é lixado). O grupo chama-se ¨La Trulla de Bozes¨. E o título é: Sevilla circa 1560.
Gostei muito das palavras de uma das canções, que aqui vos deixo (com a ortografia de então, suponho).
Ay de mi, sin ventura! Ó la monja
¡Ay de mi, sin ventura!
¡Ay vida trabaxosa entre paredes!
¡Ay qué estrecha prisión son estas redes!
¡Carçel molesta, oscura!
¡Torno fiero y enojoso, avaro, esquivo:
Abrasar te vea yo de fuego bivo!
¡Ay, qué regla tan pesada!,
triste coro ynportuno:
¿para qué fué beldad y gracia en uno,
no habiendo de ser vista ni gozada?
¡Vida desesperada!
Ay, qué gran sinrazón, qué ley tan fuerte,
que nos dé libertad sola la muerte!
Juan Navarro (1530-1580), compositor andaluz
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