terça-feira, junho 28, 2005

Quando escrevo

Quando escrevo sinto uma suave vibração interior, a sweet humming sound, like a slow, lazy bee – or bumblebee.
Um doce embalo, hummmm, com o ême alongado. E dá-me prazer, difuso, mas constante.
Um abafado murmúrio. Um sonar que me atravessa e devolvo à fonte.
Ou talvez esse murmúrio seja a Fonte.
Habitada pela fonte – enquanto escrevo.
Quando caminhões passam na rua e a vossa casa pulsa ou quando o avião voa por cima das vossas cabeças e o corpo vos estremece – diminuam o volume, baixinho, baixinho. É algo assim, um pálido som, se o som tivesse cor, um som-creme, pastel. Mas menos denso. O décimo de um décimo de um brando tom pastel de azul ou amarelo. Azul. Just a hint of color. A hint. Quase temos de intuir a cor – mas ela está lá; tal como esse suave, doce pulsar, essa mansa vibração também se encontra presente. Enquanto escrevo.

terça-feira, junho 21, 2005

Alguém me sabe dizer onde posso comprar óleo de coco virgem? (Ou seja: não refinado, não tratado.)
(Nas lojas do Celeiro não têm.)

sábado, junho 11, 2005

sexta-feira, junho 10, 2005

Escrevi o texto abaixo para este desafio do Escreva!. Ainda podem participar até ao final deste mês :)



O Funeral


Convidaram o senhor Bentley para o funeral do vizinho Tim_booth, velho com as traças (sem desprestígio para as traças), que tencionavam realizar ali para os lados do Lumiar, perto do antigo palacete dos Holstein.
A intenção dos anfitriões (porque funeral sem anfitrião é como um jardim sem rosas. Ou gladíolos) era a de passar a mensagem subtil que, efectivamente, o seu tempo na terra esgotara-se há muito e essa teimosa insistência em conservar-se vivo começava a ser maçadora.
No funeral (não se apresentou ao velório. Deplora-os) o senhor Bentley comportou-se impecavelmente. O motivo era simples: tinha sido drogado pelo empregado do café, ricardomteixeira, que de modo sub-reptício despejara no chazinho de limão o vicodin previamente esmagado em finíssimo pó.
O senhor Bentley navegava por entre as pessoas como se navegasse num mar de algas que lhe embaraçavam os membros e a voz. Mas conseguiu manter os olhos abertos.
Viu Silvino Bastos, sargento reformado da GNR, gajo dos seus noventa anitos, com a pele da cara escura plantada de rugas, e uns arremessos de pêlo no topo do crânio, a estender os braços para os lados e a gabar a vida honrada e de amplas virtudes que Tim_booth levara. Quem o ouvisse julgaria que, de tão puro, o defunto não tinha nunca partido uma unha.
A bajulação ao morto seguiu os trâmites do costume, mas sem choradeiras. O senhor Bentley teve a peculiar intuição que ali todos aqueles aviltantes velhinhos e velhinhas se tinham reconciliado pacificamente com o horizonte da morte e andavam há muito a preparar-se para ela, sendo a comparência no funeral apenas outro ensaio. Ou prelúdio. Porque, a não ser por isso, não se justificaria que saíssem de casa, tendo em conta a sua encolhida saúde. Mas vieram. De andarilho, bengala, muletas, cadeira de rodas, ou apoiados em familiares mais jovens que os amparavam de cada lado, arrastando-se o melhor que podiam para a campa, baixando-se aos tremeliques para pegar num pedaço pequeníssimo de terra e lançarem-no desajeitada mas decididamente à tampa do caixão, já a emprenhar a cova.
O senhor Bentley pensou que se calhar eles estavam mais perto de Deus do que ele e pela primeira vez duvidou da sua Iluminação.
Mas teve pena de não ter conseguido dizer mal da esposa do finado, a CaMiLiNhA, pois certamente seriam palavras memoráveis.



[Continuo obcecada com esta personagem. Não consigo avançar para outras.]
Não fazia ideia que fosse tão difícil.


Se a Igreja Católica não se adequa aos tempos modernos...

quinta-feira, junho 09, 2005

Texto que fiz para participar neste desafio. Só depois é que reparei que o limite eram 100 palavras. Portanto, aqui fica o texto completo.


Branco


A página em branco. A folha em branco. A blank sheet.
Quero escrever coisas que perdurem, inolvidáveis, ou dessa aparência. Desejo que aquilo que eu escrevo seja lembrado. Mas, hoje, lendo textos inesquecíveis de autores inesquecíveis, deparo-me com a minha inépcia para pensar num tema e falar sobre ele.
A folha em branco é predadora. Um leão que, sob a cobertura da vegetação, se aproxima, passo a passo, das minhas crias – as palavras – e as come, uma a uma, antes que eu dê por isso, antes que consiga fugir e pô-las a salvo – talvez num terreno alto e sem plantas, deserto, onde eu e outros possam ver claramente a aproximação furtiva do predador.
Quero escrever e não tenho objecto. Não é justo.
Passo em revista as muitas histórias que alguma vez imaginei. Em nenhuma delas o “branco” se inclui. Branco de quê? De mar? De sol? De convés? De terrorista de arma na mão, fazendo reféns num cruzeiro de luxo?
Não existem uzis brancas.
Ou talvez sim. Desconheço o que se considera “fashion” hoje em dia.
O que é branco além da folha carnívora?
As paredes, interiores, exteriores; a luz, quando nos apanha de frente, sobretudo ao guiar. Cerra-se os olhos, mas aquele luminoso branco permeia as pálpebras como água, luz líquida.
Pedras brancas.
Pombas.
Paz. A Paz é branca.

A folha em branco é um predador carnívoro.
E as palavras são carne.
Carne. Crua. De cruel, de crueza.

segunda-feira, junho 06, 2005

Fui ao médico.
Consulta extarordinária no São José.
Atendeu-me - já nem recordo as horas. Perto das 13h.
Encontrei a mãe de uma amiga minha que também lá foi, mas para um exame aos olhos.
O raio do médico continua a insistir que eu durmo de olhos abertos, daí as feridas. Não passa daquilo. Ok, continuo o mesmo tratamento, menos à noite. Antes de dormir lubrifico os olhos e tapo-os para ter a certeza que eles não se abrem durante a noite!
(Isto, de súbito, parece-me tão ridículo.)

E não é que a minha mãe confirma o sacana do médico? "Sim, é verdade, - diz ela ao meu pai - ela dorme com os olhos abertos. Uma vez vi."

Bom, parece que o diagnóstico está definitivamente feito. Mas, por via das dúvidas, vou a um particular à noite.

domingo, junho 05, 2005

Malta do México, da Noruega e agora da Colômbia anda a visitar muito o meu blog, nomeadamente este arquivo em particular. Ou melhor: é sempre esse o arquivo que visitam. Em direct hit. Sem busca no Google. Eu sou um bocado paranóica, mas por vezes considero que a paranóia se justifica. Sometimes they are really out to get you. Agora porquê é que eu desconheço.
Quer dizer... acho que sei o motivo de Tanto interesse. Talvez seja este vídeo de um ovni...

Que eu tirei do site para-normal.com (nos links). E que há uma data de meses está em baixo.
Ou não funciona.
Ou foi descontinuado.
Ou descontinuaram-no.
Sei lá.

Mas acho interessante a proveniência dos hits, os países...

Tenho de deixar de ver filmes americanos, não é?
Mas... podiam fazer-me um favor? Baixem o vídeo e ponham-no no vosso servidor e depois digam-me se andam a ter visitantes a mais de países como o México, a Noruega e a Colômbia. Ou, se não tiverem servidor, podem fazer hot-link.

Quanto aos meus olhos... pelo menos não estão a piorar. Amanhã vou ao médico: duas vezes. De manhã e à noite.

Já tentei visualizar-me com bengalinha de invisual e penso que não é um estilo que me ficaria bem.
Não, nada bem.

A escrita... ai, ai... há quanto tempo é que eu não escrevo? Too long. Mas não sigam os meus péssimos exemplos, windos! Visitem o Escreva! e participem nos novos desafios ou votem nos terminados!

quarta-feira, junho 01, 2005

Estou com muito medo de perder a vista. Esta porcaria não melhora. Fui às urgências. Receitaram-me outro medicamentos, para tomar além dos que eu já faço. Recomendaram-me que falasse com o meu médico. Pois, mas só consigo falar com ele dia 6. Até lá isto piora ainda mais.
Por isso recorro a um velho estratagema português: a cunha.
Um amigo do marido da minha prima é oftalmologista. Ela vai pedir ao marido para falar com o amigo.

Merda para isto.

E depois, a minha opinião, nunca é ouvida pelos médicos. Hoje falavam uns com os outros e não me explicavam o que diziam.
Se eu perder a vista depois peço-lhes a deles emprestada?
Melhorou e depois piorou, nomeadamente o olho esquerdo. Eu já não percebo nada disto. O raio dos médicos não se entendem. Porque é que esta merda não melhora?
Vou ter de ir às urgências outra vez.