Usem a raiva. Usem o ódio. A compaixão. A intolerância/tolerância. Façam uso dos vossos sentimentos. Verdadeiros. Entranhados. Não os mascarem. Não os ignorem. A verdadeira obra, o verdadeiro livro é-o mercê da veracidade.
«O Caso do Parquímetro», por exemplo. Não torneei nada, não tentei mascarar os meus sentimentos com palavras bonitas, eufemismos. (Morte aos eufemismos!)
De certeza que muitos se chocaram. Há palavras que eu nunca uso, sabem-no as pessoas com quem convivo. Não digo palavrões. É preciso estar Muito irritada.
Não pensem: isto vai parecer mal, é melhor substituir %&@£# por sacana ou outro vocábulo. Sigam os vossos instintos mais primários. São os certos. Não vão, ao escrever, pelo caminho da diplomacia, do meio termo, do bonito, do “giro”. “Fica mais bonito assim...”
A falsidade para com vós próprios não vos leva a lugar nenhum, só à íntima insatisfação em relação ao vosso trabalho.
Eu sei: a frio vão ler o que escreveram e sentir vergonha. Óptimo. Vão querer modificar/censurar tudo. Péssimo. Vá lá, respirem fundo – e não mexam! Quietiiinhos! Tira a mãozinha! Não risques essa palavra! (Logo depois seguem a eito a frase e o parágrafo...)
Vá. Mãozinhas quedas. Arrumem a caneta e o caderno e porta fora. Leiam o texto apenas quando a lembrança da vergonha vos faça sorrir.
Sem comentários:
Enviar um comentário