Tive uma ideia no outro dia que me veio num misto de sonho e "visão":
- Plutão como pura energia instintiva, sem direcção, um Golem sem cabeça;
- Ceres como a cabeça que dá direcção a esse poder bruto, a esse "petróleo" subterrâneo - que usa o interior informe e o refina (virgem) e o distribui igualitariamente (mutável-virgem), dando conforto a todos (Ceres regida por caranguejo, segundo a astróloga Lynn:
http://astrodynamics.blogspot.com/ ). Talvez eu esteja a ser influenciada pela minha Vénus em virgem, que confunde amor com serviço Prático e Útil - em que cuidar não significa meramente abraçar e consolar, mas ser Prático, dar Instrumentos, ser Útil. Amor tem de ser materialmente expresso (e não me refiro em termos financeiros), mas tem de haver algo palpável, concreto, actos concretos que manifestem esse amor e serviço.
Ceres em caranguejo - cuida emocionalmente (elemento água);
Ceres em virgem - ama Cuidando do seu jardim, trabalhando (elemento terra) - sendo prática e objectiva (penso eu).
Discriminativa. Vendo os factos, os detalhes, não se deixando submergir pelo lado racional - tem de haver alguém com os pés assentes na terra para encarar a realidade tal como ela é - em Benefício de todos. Amor sem actos concretos não é amor. Amor não pode ser feito só de palavras e abraços, bem efémero será.
(Mas aqui, quando falo de Amor e de Ceres, refiro-me a um amor alargado, pela humanidade.)
- Então primeiro fomos apresentados à força bruta de Plutão no início do séc. XX (1930). Plutão, o que violou Perséfone (o antigo princípio feminino dominante derrubado pelo patriarcado) - e pergunto-me se ela se submeteu de bom grado, se era seu desejo submeter-se, a fim de que algo novo emergisse? Veria Perséfone mais longe?
Essa energia irrompeu da Terra, do Inconsciente, de modo destrutivo, incontrolável:
- A cisão do átomo (ciência) - usada no fabrico de bombas nucleares, lembrar Hiroshima e Nagasaki; a ciência, o Conhecimento Profundo (escorpião) dos Mistérios da Natureza posto ao serviço da Destruição Colectiva e sim, vou dizê-lo, do mal;
- Movimentos sindicais, dos trabalhadores, repressões. O Comunismo que deu origem à URSS e à Cortina de Ferro. A Pol Pot. À China comunista. Actualmente a expressão máxima disso encontra-se na Coreia do Norte (e que afirma ter, a propósito, misséis nucleares). Novamente algo no seu fundamento Bom (trabalhadores a exigirem melhor tratamento, maior igualdade) usado para Reprimir, Controlar, destruir o semelhante.
- A emergência da Psicologia. A capacidade de nos voltarmos para dentro e de nos auto-analisarmos e auto-conhecermos. A única preversão disto de que me consigo lembrar é talvez o aparecimento de seitas em que os membros abdicam do poder individual e o entregam, juntamente com os seus destinos, ao Guru. Embora isto talvez seja mais do domínio de Neptuno...
(Em tudo há um elemento Possível de Ajuda e de Cura ao Outro - mas que tomba sob a vontade do Poder. Para ajudar o nosso semelhante temos de reconhecer que há um elemento de poder muito forte que temos sobre ele e, de seguida, abdicar desse poder.)
- Novas formas de energia para alimentar um mundo em constante mudança. A emergência do Petróleo, trazido das entranhas da terra e refinado para alimentar as nossas Necessidades Crescentes (e, porém, pergunto-me, serão de todo Necessidade Primárias ou, ao contrário, Desejos? Há uma diferença entre o que precisamos e o que intensamente desejamos. Aprender a abdicar do desejo intenso, e a regenerar-se, é a função do signo escorpião, regente moderno do planeta Plutão).
- Tirámo-lo das entranhas da terra, onde há milhões de anos modorrava, o petróleo que nos força, para nos matar a fome do vício, a ir a outras paragens guerrear e roubar um recurso que não nos pertence. Mas estamos adictos e não ouvimos a razão.
- Vício, obsessões - outro sinal de um escorpião mal estruturado.
- Tirámos este ouro negro dos abismos do tempo e nem sequer pensámos que isso traria graves e duras consequências. Nós, meros mortais, fomos ao Reino da Morte roubar os Tesouros Subterrâneos do próprio Deus da Morte. Vêem a fulminante Arrogância Humana? You don´t mess with Pluto.
- O custo: poluição, guerras. Poluímos o nosso ar, as nossas águas. Matamos por ele. E, pior do que isso, é esta a herança que legamos às gerações vindouras tal como as precedentes no-la legaram a nós. Uma espécie de tirania inter-geracional de que ninguém quer estar ciente - e só admite está-lo quando de súbito há manchas de crude ao largo da costa ou quando uma guerra nos confins do mundo ameça o nosso modo de vida, aqui, tão longe que estamos de tais "misérias", mas contribuindo em absoluto para elas, escolhendo todavia permanecer cegos à destruição que o nosso sereno modo de vida causa ao mundo, distante e próximo.
Resumindo: eu penso que primeiro era necessário apresentar o arquétipo de Plutão à Humanidade. A altura certa foi o início do século XX. E agora que já estamos familiarizados com o que ele representa, que já conhecemos tanto o seu poder Destrutivo e Regenerativo, acontecem duas coisas:
- Ele é demovido do estatuto de Planeta (ele já se apresentou à nossa Colectiva Consciência, já fez o trabalho que tinha a fazer, e agora sai de cena e regressa às Trevas - dando lugar a outro interveniente com a função de continuar esta peça - será comédia? - e de elevar a nossa Consciência Colectiva a outro nível);
- Ceres é elevada à condição de Planeta. Aqui está ela, presente. Visível. Já a vemos quando anteriormente trabalhava nos bastidores - com compaixão.
- Ceres, a mãe de Perséfone, raptada por Plutão. Os dois chegaram a um acordo e dividiram o tempo que Perséfone passava com ambos. Seis meses no subterrâneo, seis meses à luz do dia.
- E aqui os vemos, aos dois, parece-me, numa aliança, a trabalharem em conjunto. Para nosso Benefício .
Para mim Plutão é a pura energia do instinto. Cega. Sem razão. Sem princípios, sem moral. Imune a conceitos de bem e de mal. Poder em estado bruto. Simplesmente é. É energia pura, sem freio.
- Talvez a missão de Ceres seja Manifestar de forma Ordenada, Estruturada, essa Energia de modo a que não cause dano nenhum ao mundo. Ceres, a deusa da Agricultura. A que Alimenta, a que Nutre os homens. Aquando do rapto da filha deixou de cumprir as suas funções e o mundo ficou árido.
- Eu (nós) tenho (temos) esta energia toda, em estado puro, que me ameaça rebentar a alma e a dos outros, como a posso canalizar de modo positivo?
- Vejo onde está Ceres e descubro.
- A minha está em conjunção com Neptuno na casa 1. Não sei porquê penso: "Neptuno - arte!" No meu caso expressão artística na forma escrita. Canalizo a energia primordial do instinto, dando-lhe Forma e Estrutura, através da escrita? De algum modo penso que para mim isto faz sentido. Também a tenho a aspectar num trino a 7 graus Mercúrio na casa 9 e Jupiter (sextil, a um grau) na casa 3. Claro que o mesmo é verdade para Neptuno... por isso posso querer estar a atribuir a Ceres algo que talvez seja melhor explicado por Neptuno... mas, outra coisa que notei. Gosto de dançar. Gosto de música alta e barulhenta, explosiva. Não gosto que me vejam a dançar, porém. De vez em quando tenho absoluta Necessidade de Dançar de uma forma desregrada, explosiva, ridícula, com música muito, muito alta. Ceres em sextil com Plutão. Esse puro instinto sai-me pela expressão, pelo movimento do corpo (casa 1, conjunção. com Neptuno.)
(Não sou astróloga profissional, não sei se as minhas interpretações estarão correctas. Tento apenas explicar isto a mim própria.)
- Agora que a saúde do nosso planeta e a nossa estão em risco, Ceres apresenta-se à Consciência Colectiva (numa altura em que Plutão também está em conjunção muito próxima com o Centro Galáctico, o que é interessante - como se este fosse o seu último grande papel antes da reforma). Penso que este é o sinal de que haverá uma verdadeira Viragem para as Energias Renováveis na Terra. Talvez daqui a cem anos elas cumpram o papel que tem sido cumprido pelo petróleo (e anteriormente pelo carvão).
- Penso que este momento marca a viragem Séria, Definitiva, Concreta para o uso das energias renováveis.
Este marcará talvez também o tempo em que começa a haver a integração saudável dos dois princípios, feminino e masculino, sem que um domine o outro. No princípio dominava o matriarcado, depois foi a vez do patriarcado. É interessante notar que no matriarcado pensava-se que o homem não tinha papel nenhum na criação de vida, que esse era um dom totalmente pertencente à mulher. "Reinavam" as mulheres porque só elas podiam criar, gerar vidas. Culto da lua, do princípio nocturno.
Durante o patriarcado eles aprenderam que não era assim. Culto solar. A luz do dia. Agora, na época moderna, o Leão é considerado o signo Criativo por excelência. É masculino, rege o Sol. Rege a casa 5, dos filhos e da criatividade.
Talvez este seja o início do tempo em que nenhum se sobreporá ao outro, antes trabalhando em conjunto para o bem comum. Pois afinal (se a minha teoria estiver correcta), Plutão, o Golem sem cabeça está a ser guiado por Ceres, a sogra! Sogra a quem já tinha feito concessões no passado.
- Ceres é a mulher Madura, é a Mãe. Não é a jovem. Mas também não é a velha. É a que providencia alimento (deusa da agricultura, signo caranguejo) à família (caranguejo). Compreendo o elemento água na simbologia de Ceres, mas continuo a achar que a sua Maturidade, a sua Responsabilidade que a leva a retomar os Deveres de modo a que o mundo não morra de fome, tem para mim um elemento de Terra.
Amor, Carinho, Cuidado (elemento Água), manifesto em Actos (elemento Terra) concretos, palpáveis; actos quotidianos de Limpeza (das ervas daninhas no campo, por exemplo) e Detalhe (signo virgem).
Mas estou, quem sabe, a ser parcialmente influenciada pela minha concepção de afecto por ter o planeta Vénus em virgem.
Seja como for é uma Mulher (o novo princípio feminino) que Amadureceu e que não Domina, mas está ao serviço dos outros, do Bem-Comum. Sem precisar de elogios. Faz o seu trabalho sem nada esperar em troca (virgem). Abdicou primeiro da dominação da filha, Perséfone; agora é a Mãe. Concessões. Plutão, ao ser demovido, abdicou também da autoridade, da Dominação Repressiva. Será este o começo da correcta integração dos dois princípios, feminino e masculino, sem que um se sobreponha e domine o outro, sem que um se julgue superior?
Outra coisa que me ocorreu: uma mulher infeliz, que sofre abusos de todo o tipo quotidianamente, não pode alimentar (emocionalmente) a sua família. É uma mulher que deixa de cultivar o seu jardim e que, por causa disso, acaba por matar de "fome" os outros que dependem dela.
É esta a altura para perceber que, tratando mal as mulheres, "matamos à fome" o mundo inteiro?
Terá o patriarcado de fazer concessões para que ela volte a cumprir as suas funções de nutridora?
São ideias que andam a redopiar-me na mente. Aqui ficam à vossa consideração.
São apenas reflexões íntimas que decidi partilhar. Reitero que não sou astróloga profissional e podem existir incorrecções.