Fiz um pacto comigo própria e hoje penso que o quebrei: escrever três páginas/dia. Tenho longos e variados compromissos comigo e quebro-os a todos. Falta-me a energia do elemento terra, a praticalidade, o ser metódica, disciplinada, produtiva e eficiente. Bom, ainda posso escrever as três páginas hoje (A4, caderno quadriculado, quarenta e cinco minutos à mão).
Enquanto passo o texto para o Alphasmart retiro palavras, corto, diminuo, reentro na história, tenho pequenos insights possíveis de acrescentar mais tarde. Corto vírgulas, traduzo os verbos do passado imperfeito para o passado ou presente. Corto palavras em excesso. Executo pronomes possessivos. Penitencio-me por nâo incluir os sentidos a cada página escrita: som, cheiro, sabor, tacto. Consolo-me: na reescrita fá-lo-ei - e penitencio-me de avanço por temer não fazê-lo ou se sim inadequadamente.
Quero absorver-me mais na história, no Sr. X, o fantasioso; quero não julgar-me em demasia e continuar a trabalhar, a escrever, a aperfeiçoar-me; e trabalhar para a aceitação de um destino que receio ser o anonimato - a morte para um Leão.
E se o meu destino é criar somente, aprender a aceitar não ter a Honra, a Glória, a Fama e os Proveitos - e mesmo assim continuar criando? Vocês não imaginam o rasgo que isso me faz à alma.
Desde que comecei a levar a astrologia mais a sério, a analisar mapas por inteiro, comecei a desconfiar que muitas almas estão aqui para sofrer e, sofrendo, aprender a sofrer. Por isso não faz sentido que muita gente se queixe: a minha vida é horrível, pobre de mim. Provavelmente a pessoa escolheu sofrer antes de nascer (e, claro que a minha próxima afirmação não vai fazer sentido, além de ser paradoxal - e digo isto permanecendo agnóstica).
Parece que não existe happy-ending para muitos de nós. Parece que o objectivo da vida É a Ruína, a Queda, a Perda e que, após essa aprendizagem, talvez na próxima vida se seja recompensado com o tal final feliz e facilidades. E felicidade.
Temos a errada noção que as coisas são difíceis, dolorosas, mas que se fizermos o nosso trabalho, aceitarmos as responsabilidades, não nos queixarmos - haverá a recompensa, o arco-íris, ao fim de anos de esforço.
E se não houver recompensa nenhuma?
E se o objectivo final fosse aprender a aceitar que por vezes não existem finais felizes por mais que nos esforcemos?
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