[Escrito a 1 de Outubro de 2010, Sexta-feira]
'Tou com um humor um bocado fodido hoje. A merda do dia inteiro tem sido esperar, esperar, esperar. E aqui estou eu, à espera outra vez. Será o trânsito de Saturno? Seja lá o que for, está-me a enervar. Mudaram-me de sítio, no trabalho. Chego aqui e ninguém sabe nada. Bonito. Odeio secas, odeio. Hoje tive uma entrevista de emprego. Depois de hora e meia à espera fiquei com um mau humor lixado. Quero ir para casa. Quero que a porra do FDS comece já. Aliás, não quero trabalhar nem mais um dia. Nunca mais. Não tenho fé em totolotos e afins. Não está na minha sina ganhar a Sorte Grande (Saturno – limitação – na casa 8 – dinheiro dos outros). Uma das piores coisas que me podem fazer é pôr-me à espera, dar-me secas, obrigar-me a aguardar. Não tenho. Pachorra. Não há. PACIÊNCIA. Foda-se, não tenho Mesmo pachorra nenhuma.
Hoje vou começar Formação nova. Também hoje tive a oferta de um emprego, mas por incompatibilidade de horários e por ser a tempo-inteiro não deu para aceitar. Bolas, do que é que eu falava antes? Ah sim. Da chatice que é trabalhar. Call-center, call-center, só call-center. Raiva. Estou com uma raiva hoje (mas não é Bonito, eu sei, as mulheres terem ou sequer pensarem em Expressar a sua Raiva). Há motivos fisiológicos (as Alegrias da Feminilidade), ambientais (o dia de hoje. Caralho, fartei-me de andar e esperar, andar e esperar) e até Astrológicos! (O planeta Marte – guerra – pertíssimo do meu Ascendente – o Self, a Personalidade, o corpo físico.) Não sei se ando com uma Atitude Guerreira, com vontade de partir o focinho a toda a gente, ou se os outros é que andam a embirrar comigo. Parece-me ser ambos os casos. Li num fórum de astrologia sobre um tipo que quase foi morto no dia em que Marte em trânsito estava conjunto ao seu Ascendente. Por milagre não apanhou um balázio de um gajo maluco que se barricara na biblioteca. Portanto, quando Marte estiver a 13º Escorpião vou ter que ter muuuito cuidadinho.
Ai que ódio. Ainda vou ter de esperar Tanto Tempo (Saturno) até ser a hora. Ao menos não é atender. (Mudança... e depois lá vou eu alegremente para a – Retenção.)
Se passar ao teste, claro.
Oh, the joys of living.
In other news: tenho um primo que se divorciou este ano e se vai casar também ainda este ano.
Uma prima que era também para se casar pelo religioso (segunda cerimónia pela Igreja, aqui em Portugal. A outra já fora feita em França) – mas não o fez (o meu tio teve um avc o dia anterior. Agora já está bem).
Mais? Mais, mais, mais.
Ah. Os velhos e antigos problemas com as partilhas. Sinceramente, não entendo. Luta-se por pequeníssimos pedaços de terra. É que não se disputa, convenhamos, a fortuna do Rockefeller!
O meu gato nunca mais voltou. Eu sei que está morto, embora não me tenha aparecido em sonhos a revelar-mo (houve um outro gato que me informou desse modo). E o pássaro não gosta nada que lhe incomodemos o sono, à noite.
Mais notícias? Estou a engordar 0_o
Tenho de continuar a trabalhar só para evitar isso. Really. A melhor maneira de emagrecer, para mim, é trabalhar. Saio de casa e não levo o frigorífico atrás. Pronto, é isso.
Há uma série de outras notícias e projectos e, e, e – que não são da conta de ninguém, portanto não os revelo. Epá, honestamente, se me saíssem agora 5000€ no totoloto não me mexia durante uns meses valentes. Nem uma palha. É que nem piscava os olhinhos de modo a preservar a Força Vital.
Ando verdadeiramente com um humor de cão. A raiva foi erradicada do território nacional, felizmente (ah-ah. Era uma piada. Perceberam? Perceberam?).
Se eu soubesse que Esta é que ia ser a minha vida... chiça. Voltava atrás no tempo e dava cá uma carga de porrada à miúda que eu fui.
- Estuda! - diria após cada estaladão. - Estuda para Médica! - Chap! - Vai para as Políticas! - Chap! - Vai para as Juventudes Partidárias! Uma qualquer!
Pimba.
Ó, tachinho querido dos meus sonhos. Dos meus sonhos, o tachinho. O poleirozito. Assentava arraiais, lá nas Alturas dos Parlamentos, gritava Apoiado! de vez em quando; enfurecida diria a um qualquer parlamentário ossudo ou bojudo, um qualquer idiota da Oposição, Não é verdade! Olhe que não! - e depois tornava a sentar o rabo no tacho, quer dizer, no banco, e dormia uns, vinte, vá lá, trinta anos – sem nunca ter de me preocupar em Trabalhar.
Recordo que aos doze anos eu tinha a certeza absoluta que a minha vida ia ser brilhante. Resplandecente. Fabulosa. Atapetada de êxitos e sucessos, uns a seguir aos outros. Nem uma dúvida me permeava a mente ingénua nessa pueril idade.
E agora cada vez mais entendo o que é envelhecer. Envelhecer é perder sonhos e alegria. É perder as ilusões (ou guardá-las, trancadas, numa gaveta obscura da qual se perde a chave para sempre). É deixar de acreditar. É ter vontade de matar à porrada quem Ainda acredita e quem quer que nós Continuemos a acreditar. Envelhecer é não sorrir espontaneamente, com aquela crença imbecil e idiota de que as Promessas (todas! As que nos fazem e as que nos fazemos!) serão inevitavelmente cumpridas. Envelhecer é ir perdendo sonhos, um a um, como quem perde as pétalas de uma flor antes viçosa e fresca. Envelhecer é compreender, ver pela primeira vez a Realidade, encará-la de frente – e perder.
Envelhecer é isso, é perder. Perder, perder, perder.
Estou farta de perder. Farta, farta.
Ponho isto no blog, não ponho? Logo vejo.
***2 de Outubro***
Decidir partilhar a minha negatividade. E agora, ao banho!
2 comentários:
Eh, lá. Intermitentemente sou leitor deste blogue. E fiquei siderado com estas suas considerações tão pessimistas. Eu podia vir aqui para dizer para olhar para o mar, o céu, os animais e os sorrisos das criancinhas, mas sabe que mais?
Acho que tem toda a razão.
Há dias maus.
Enviar um comentário