domingo, junho 05, 2011

Em Busca

Hoje, 5 de Junho de 2011, fui votar. Eish, ganda lista de partidos que a malta tem! Que inflação partidária, fáxavor! Nisso, olarilas, não somos pobres. O problema é sempre a questão ética. Somos pobres na ética e quem se lixa é o mexilhão - se bem que a ética do mexilhão seja tão escassa quanto a dos partidos que elege para que governem a Mexilãndia (gostam? Inventei agora). Em menos de um minuto 'tava feito. Eu também não altero muito as minhas preferências à hora de votar. Voto quase sempre nos mesmos. No entanto! Acaso começassem esses gajos a ganhar - começaria a votar nos adversários. Just because. Não me agrada concentrações de poder.
Bem, deixo aqui um poeminha que fiz ontem. Uma espécie de poema. Pelo menos para mim é.

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EM BUSCA

Fui em busca da minha alma, mas a minha alma escondia-se de mim por que eu a procurava.

Tinha-a eu encerrado dentro de um quarto vazio cheio de vazio, um vazio imenso, e tentava arrombar a fechadura (não obstante ter a chave guardada no meu bolso).

Fui à procura da minha alma e ela, por isso, escondia-se de mim (porque eu a buscava incessantemente, como o alcoólico procura o próximo copo de vinho).

A minha alma não ouvia, não falava, não sabia chorar - mas, mesmo assim, sabia tudo. Sabia mais do que eu sobre mim. Era (é) uma alma gentil. Bem bonita, a minha alma.

Fui à procura dela porque desejava, com toda a força dos meus instintos humanos, encerrá-la dentro do meu corpo e apoderar-me dela para sempre. Eu que construí uma prisão tão bonita para ela - a minha própria carne - e a danada não a aceita. Ela foge de mim. A minha alma é livre e não quer andar a carregar fardos de carne pelo Universo.

Fui na sua peugada, para apanhá-la, bater-lhe e dominá-la e, por fim, pô-la onde devia ter estado desde sempre - no meu corpo (fechado).

Mas a minha alma foge de mim a rir (apesar de não falar, mas eu bem lhe compreendo o riso), sem medo nenhum. E eu nem consigo abraçá-la.

Porque eu a procurava - a minha alma escondia-se de mim.

Um dia desisti de chamá-la. Fui sentar-me debaixo da oliveira velha e adormeci. Acordei a ver a árvore desde o topo. A minha alma juntou-se a mim. Deu-me a mão e lá fomos as duas, volitando acima de tudo. A carcaça que eu deixei para trás andará, quiçá, ainda à nossa procura.

(4 de Junho de 2011)