Estou a divertir-me, senhores, a divertir-me!
Inventei uma personagem que vai além de mim própria e possui, intuo-o (espero-o, exijo-o!), a incapacitante capacidade de me surpreender! É um corno, cabrão de primeira, é mau como as cobras, faz chorar as pedras da calçada porque as arrebenta com as biqueiras dos sapatos. É uma personagem grande, espero, e poderá manter-me ocupada durante uns tempos. Não revelo o nome do gajo, tenho medo que mo roubem ou que ele fuja. Suspeito que inúmeras vezes escapou a autores incautos que deixaram a janela aberta.
Estava eu a escrever sobre cemitérios, vermes, muco e morte quando a cabra da gata me salta de rompão para o quarto, apoiando o peso na porta encostada! Assustou-me, filha da mãe. Pulei da cadeira.
- Porra!
Vinha a perseguir uma mosca.
A gaja limita-se a um olhar inocente, os olhos verdes transfigurados em dois enormes sóis negros.
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