domingo, maio 29, 2005

Pior.
Fui às urgências do São José.
Como é Domingo foi rápido.
Aparentemente o meu caso é "atípico", bacteriano e viral.
Já fui à farmácia e já coloquei a nova pomada nos olhos.


Vamos lá a ver se é desta.

sábado, maio 28, 2005

Fonte: através dos espelhos. (Cuja fonte foi: Dona Ema.)

"Sempre que no Parlamento se levanta a voz plangente dum ministro, pedindo que cresça a bolsa do fisco e se cubra de impostos a fazenda do pobre, para salvação económica da pátria, há agitações, receios, temores, inquietações, oposições terríveis, descontentamentos incuráveis. O povo vê passar tudo, indiferente, e atende ao movimento da nossa política, da nossa economia, da nossa instrução, com a mesma sonolenta indiferença e estéril desleixo com que atenderia à história que lhe contassem das guerras exterminadoras duma antiga república perdida.(...)

Temos um déficit de 5.000 contos. Esta é a negra, a terrível, a assustadora verdade. Quem o promoveu? Quem o criou? De que desperdícios incalculáveis se formou? Como cresceu? Quem o alarga? É o governo? Foram estes homens que combatem, foram aqueles que defendem, foram aqueles que estão mudos? Não. Não foi ninguém. Foram as necessidades, as incúrias consecutivas, os maus métodos consolidados, a péssima administração de todos, o desperdício de todos. Depois, as necessidades da vida moderna, de terrível dispêndio para as nações. Como na vida particular, cresceram as superfluidades, o vão luxo, o aparato consumidor, mais precisões, mais gastos, a vida internacional tornou-se tão cara que mais ou menos todas as nações estão esfomeadas e magras.(...)

O déficit tornou-se um vício nacional, profundamente arraigado, indissoluvelmente preso ao solo, como uma lepra incurável."

Eça de Queiroz, 1867

domingo, maio 22, 2005

Esta Merda da Infecção Nos Olhos NÃO HÁ MEIO DE DESAPARECER!

Eu já estou a entrar em paranóia!

Isto estava quase curado e hoje vejo que o olho esquerdo está muito vermelho e uma ferida na córnea reapareceu!

Raiva, raiva, raivaaaaa!!!!!!!

Segui a porra do tratamento todo como deve ser!
Porque é que esta merda não cura, porquê?!?!?!?!??!?!?!?!?!?!?!?!!??!

quinta-feira, maio 19, 2005

Numa destas noites sonhei com o novo Papa, todo vestido de branco e com aquela, hum, "bengala" retorcida que os Papas têm (não me lembro do nome). Ele entregava-me ou dava-me a ler uma folha, mas não me lembro do que estava escrito.
Sei que não gostava dele, já não me lembro qual a sensação exacta que ele me provocou no sonho, mas a minha atitude quando ele me abordou foi mais ou menos assim:

- "Mas o que é que este quer?!"

Tenho de começar a escrever detalhadamente os meus sonhos. Esqueço praí 90 por cento do que sonhei. Por exemplo sonhei com um primo meu, mas já não me lembro quando. E ontem soube que ele teve um acidente de trabalho :((
Tipo, não foi um sonho premonitório nem nada do estilo, foi apenas a imagem dele, sem nenhum sentimento a acompanhá-la.
Mas coisas deste género (ou melhor - este tipo de sonhos) andam a acontecer as vezes suficientes para eu notar - o que é esquisito, porque inédito.
Não é premonitório - é do género: sonho com alguém e semanas depois tenho notícias desse alguém.

E ando, eu própria, a ficar muito agressiva, verbalmente, nos sonhos.

Outro dia li que os sonhos são a nossa ligação ao espiritual, a porta pela qual lembramos a verdade, o sítio de onde viemos.

Bom, ver se amanhã escrevo o que sonhei.

Porque pode-me ser útil, mais tarde, não só para isto, mas para construir um mundo onírico, para fazer um romance mais ou menos baseado nisso.
Pensei nisto muitas vezes, mas acho que ainda não tenho sonhos suficientes (porque esqueço-me de anotar a maior parte).

quarta-feira, maio 18, 2005

terça-feira, maio 17, 2005

É por causa disto que cada vez mais eu começo a acreditar na lei do Karma.

É que, doutra maneira, a vida não faz sentido.

A vida sem verdadeira justiça não faz sentido.

Estarmos vivos não faz sentido nenhum. Porque se o dinheiro compra tudo e os pobres é que se lixam sempre - porque raio estamos aqui? Somente para sofrer? Não pode ser. Tem de haver mais, muito mais. Tem de haver um verdadeiro equilíbrio.

Tem de haver uma justiça que transcende os homens. E seja realmente cega. E nunca cometa enganos.

segunda-feira, maio 16, 2005

Capítulo 6 d'A Imortalidade

Sou pela intuição, acredito nas tramas invisíveis, insensíveis aos factos materiais, que nos avisam, nos aconselham sobre o caminho a seguir. Muito mal teria sofrido se tivesse entregue o juízo unicamente aos factos, quantas patadas da vida não teria apanhado.
Decido confiar no meu coração e volto-me para nunca mais retornar. Não me importa que esteja ali, presa. É um monstro e apenas a esse facto darei atenção.
Oiço-a lançar-se contra as barras, agarrá-las e depois, quase a gritar, dizer-me:
- Vais para casa! Fazer a comida ao maridinho! Escrava! ESCRAVA!
Estaco. Encaro o túnel de costas voltadas para ela.
- Limpar as ceroulas, varrer o chão, lavar as janelas! Acender a lareira. Oh, o fogão. E fazer-lhe bacalhau com batatas. Até morreres. Escrava!
- A mim quem me parece privada da liberdade és tu – replico, virando-me, lenta e surpreendentemente sem medo.
- Acreditas? Sou livre.
Revivo a última lida da casa, o cheiro do pó a picar-me o nariz, os vapores da roupa que passei a ferro a subirem-me para a cara, o odor e a textura húmida da roupa acabada de sair da máquina de lavar e o peso que carrego nos braços para a pôr no estendal; as pequenas partículas do Pronto a elanguescerem no ar quando pressiono a lata ao pé dos móveis. Tudo isso se abate sobre mim numa mistura de cheiros quotidianos, rotineiros. Cheiros que poucas vezes o meu marido sentiu, a não ser como espectador ou como aquele que usufrui do trabalho alheio. Ele pouco faz lá por casa, a não ser lavar a loiça em raras ocasiões, sobretudo quando há visitas. A desculpa do trabalho por turnos, que tem de ir dormir, está sempre presente. E eu, com o benefício de trabalhar perto de casa, indo a pé para o emprego, nem sei o cansaço que os transportes provocam. Sim, sou escrava de facto. Mas a culpa é minha. Podia obrigá-lo, fazer greve de tarefas domésticas e ele que se arranjasse. Mas abomino conflitos, prefiro perder as vantagens da assertividade e da autoridade aos benefícios de me fingir de forma constante um ser de temperamento forte. Por isso deixo que ele reine e ganhe a maioria das discussões.
Amo o meu marido, mas ele nunca me compreendeu totalmente.
Há uma parte de mim secreta, obscura, que guardo dos seus olhos analíticos, a parte que sente atracção pelo abismo, que pensa como seria abrir-me às trevas. Abrir-me à noite e à escuridão. Não posso ter este género de conversas com ele. Não as percebe. É demasiado céptico, superando-me. Morrerá uma criatura perfeitamente racional. Sim, sou escrava. Não dele, mas dos meus medos: o medo de sucumbir ao lado escuro de mim e o medo da mudança.
Apercebo-me que ela me olha interrogativa e ansiosa.

Continua.

quinta-feira, maio 12, 2005

Ok, esta é uma pergunta um bocado totó, mas aqui vai:

- eu tenho o speed on da netcabo. Há montes de tempo que nem vejo os consumos, nem vale a pena, gasto muito pouco. Por exemplo, este mês gastei pouco mais de 200 megas no internacional (que é aquele que mais nos preococupa, não é?). Estive a ver a página da netcabo e vi aquilo mal ou... da 1h às 7h da manhã os consumos não são contabilizados? É uma happy-hour permanente?

Digam qualquer coisa, plize.



Nota: esqueçam. Já percebi (isto ainda funciona a carvão :p)
IMI, o terrível.

A ler.

Qualquer dia parece-me que haverá outra revolução porque a malta não aguenta ser f*dida todos os dias.

quarta-feira, maio 11, 2005

A minha participação para este desafio.

"Neste poema terá de começar cada verso com uma letra do nosso abecedário seguindo a ordem do mesmo."


Zulmira

Antes que o sol venha pôr-se no teu colo
Bebo o moribundo calor do Verão
Cansei-me de tudo isto
Das esperas fúteis, das zangas
Ele, o antigo amante, que te ature e
Fique contigo
Gastei a paciência
Hoje é o último dia em que estamos juntos
Infiel
Já vais? Fica mais um pouco, vá
Lá
Mais um pouco
Não me deixes sozinho com as memórias amargas
Olha para mim. Tens certeza que queres voltar
Para ele?
Quanto te ama, pergunto. Mais do que eu? Duvido
Ridículo
Sim
Tu fazes-me ridículo
Usaste-me sem
Vergonha. Esse gajo, o
Xavier, que não se fie porque tu
Zulmira, tens um rosto que espalha terra-queimada ao seu redor
Os brasileiros, que descobriram isto dos blogs primeiro, e que abrasileiram todas as palavras que lhes aparecem à frente, a começar pelas inglesas, chamam aos blogs BLOGS.

Nós é que tivémos de inventar o Blogue.


Quer dizer, somos atrasados e snobes.
(Ou será snobues?)

Mais dia menos dia lá estará a puta da palavra no dicionário.
Eu é que nunca a vou usar.
Bonito, o tipo.

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segunda-feira, maio 09, 2005

Estou com fome de livros.
Livros como os de Anita Brookner (recomendo vivamente dois dos que li dela: Hotel du Lac e Uma Amiga de Inglaterra).

Cada vez que leio um livro, penso: quando for grande quero escrever assim.

Tenho fome de livros.
De esganar.

Mas daqueles que se dedicam às personagens. Que as dissecam e as expõem para nós, leitores.


"És um barco vazio que me arrasta..." - Mafalda Veiga.

sexta-feira, maio 06, 2005

Eu acho que gosto mais de estórias do que de História; acho que me interessam mais as histórias que acontecem dentro da História.

É a parte humana que me interessa.
É o Porquê e o Como.
Escrevi o texto abaixo para participar neste desafio do Escreva!

[Não consigo esperar até ao fim para o tornar público.]


O SENHOR PIMENTA

Dia 1

O senhor Pimenta não é um homem apaixonado – é um homem sereno. Hoje, por exemplo, sentou-se no banco do jardim para onde os velhos se exilam (ou para onde os afugentam) e serenamente contemplando o instante no momento em que o era, o segundo no momento em que se fazia (e não em que passava, porque passando deixara de o ser), a vida em todas as suas manifestações no momento em que se manifestava (nem antes nem depois), não se apercebeu que os pombos o usavam como poleiro.
Se ele se deixa ficar ali a noite toda – porque não quer incomodar os pombos – é comum que eles se aconcheguem nas dobras do sobretudo ou perto do pescoço, no interior das abas. De modo que toda a noite o senhor Pimenta escuta um cruu-cruu ininterrupto. Como os pombos já o conhecem mesmo quando passeia, contemplando a vida dessa maneira, mesmo assim os pássaros se congregam à sua volta, seguem-no discretamente.
Hoje, daqui da minha janela, vejo que ficou outra vez ali a noite toda, mas parece-me que são os pombos que o guardam a ele e não o contrário. Porque o senhor Pimenta é um homem Bom. E a bondade vitimiza. A bondade magoa os outros que arranjam maneira de, ressentidos, remeter essa dor a quem lha provoca – fisicamente. Por isso os bons são apedrejados, cuspidos, mortos, insultados. Mas nunca nada de mau sucedeu ao senhor Pimenta. Como se uma capa invisível o envolvesse. Cá para mim são os pombos, são os pombos os anjos que o protegem.
E nunca o vi oferecer-lhes milho.

Dia 2

Hoje vi-o comer algo que tirava de um saco de papel pardo. Fui buscar os binóculos (porque, ao contrário dele, não posso dizer que tenha serenidade e tudo me preocupa, tudo me atiça o interesse). Vi que era milho.
Talvez se queira transfigurar em pombo. Talvez julgue os pombos como os verdadeiros, e incógnitos, budas.

Dia 3

Na Praça, enquanto fazia as compras, observei o senhor Pimenta contemplando de rosto vazio a superfície das águas do rio. Estive ali muito tempo, até a feira terminar, até o sol se pôr – mas não cheguei a vê-lo a andar sobre as águas. Desiludida, retornei a casa e fiz uma canja de galinha, que o meu marido odeia, mas a contemplação (nada serena) do sereno homem que contempla desorganizou-me o dia.

Dia 4

Hoje, pela janela, avistei uma coisa muito estranha. Os pombos empoleirados no ar, em nada. Mas este nada tinha a forma de um sobretudo, de um homem num sobretudo. Era de noite. Talvez eu tivesse sonhado. Quem sabe. Porque de manhã não vi lá coisa nenhuma – nem pombos, nem invisíveis sobretudos. Apenas o jardim vazio de aves.
Tive a intuição pavorosa de que não o tornaria a rever.

Dia 5

Mas de manhã vi-o a pairar do outro lado da janela, seguro pelo bico dos pombos que o amparavam da queda (certamente fatal, mesmo para um homem iluminado) prendendo cada um uma parte do sobretudo. O seu rosto vazio permaneceu vazio, mas aquela mão a acenar-me o adeus enquanto se afastava de costas para cima, para o céu, foi como um sorriso – um sorriso permanente que eu transporto comigo quando vou, por exemplo, para o jardim sentar-me um pouco.

quinta-feira, maio 05, 2005

2 gigas no gmail, fooooge.

E o Brad Pitt ali em baixo... tããããã giro!
*baba*
Este gajo é que faz um Bem à vista :D

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Esta merda melhorou desde ontem.
Já estava a ficar com medo de perder a vista.

Bom, agora é seguir o tratamento e ir de novo ao São José 2ª feira.

quarta-feira, maio 04, 2005

terça-feira, maio 03, 2005

Um dos possíveis efeitos secundários dos pingos que ando a pôr nos olhos para ver se me livro da porcaria da infecção:

- ataque cardíaco.

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Quer-se dizer... morro curada, né...?
Ai meus ricos olhinhos.
Esta porcaria está pior.
Vou ao médico outra vez hoje.
Mal consigo suportar a luz, começo logo a lacrimejar.