domingo, novembro 27, 2005

[My Day My Way]
- Escrito numa gloriosa Sexta -


Ai que frio do caraças, catano. O almoço está a ser feito. Adoro as sextas-feiras, são o meu dia favorito. Adivinhem porquê, hehe. Se não fossem pelas sextas uma pessoa definhava. Bom, não pelas sextas elas mesmas, mas pela antecipação do que representam: o fim-de-semana, olé! O fim-de-semana só dura dois dias, o que é pena (lacrimejo). Sniff. Devia durar três, pelo menos. O Parlamento que me reveja a Lei.

De manhã levantei-me às sete horas, oh joy, com o frio fora da cama a enregelar-me os ossitos, gostava que o sol viesse acordar-me e sentar-me ao colo, assim não tinha de acender o aquecedor a óleo, era tão bom pois era mas não é. Azar.

Faço ioga. Meia hora, praí. Ósdespois faço chá e vou escrever durante três horas, das oito às onze horas, com interrupções. Se aquilo me correr bem, a história avançar e eu for de caneta em punho atrás das minhas personagens, entusiasmada com as suas aventuras e patifarias várias, consigo fazer mais do que três folhas A4,

se correr mal e estar ali a arrancar o texto a ferros - faço duas mil palavras, ou seja, duas folhas A4 (em papel quadriculado). Há mais de um mês comecei a seguir este plano. Quero mantê-lo. Às vezes a preguiça, sobretudo em dias em que não trabalho e não tenho de me levantar cedo, impõe-se. Seguidamente vejo mails e lá pelo meio-dia faço o almoço (antes alimento o gato para lhe prevenir uma síncope de tanto miar, porra, ´tá gordo que nem um abade obeso mórbido, chiça, só sabe pedir comida). À tarde saio, vou trabalhar, chego a casa antes das onze, janto e vou dormir. Ver televisão é mentira. Não posso. Senão de manhã é o levantas. (Mas só dá porcaria, não perco muito.) O que eu gostava mesmo mesmo mesmo era viver ao pé da praia,

talvez em França, ao sul, ou em Barcelona, acordar com o som das ondas a rebentar no exterior, a praia deserta, toda só para mim, o grito, o uivo das gaivotas a ecoar no exterior enquanto eu aqueço as mãos, o corpo o rosto, na lareira acesa e depois me estabeleço quietamente à mesa e começo a escrever. Disso é que eu gostava.

Não tenho lareira, mas um aquecedor a óleo. Em vez do mar vejo, só do sótão, uma nesga do Tejo ao fundo; praia é mentira e as gaivotas aparecem por aqui quando a tempestade as açoita e elas procuram refúgio nas Augi.

Ó, como eu queria ser podre de rica, não ter de trabalhar, mas, se não trabalhasse escreveria? O pior é que sei a resposta: sim, embora menos. Porém eu queria (quero) só escrever, escrever, escrever, ao pé do mar, olho para fora e depois de uma curta extensão de areia livre e minha observo o furioso rebentar das águas e espuma, o mar em revolta, o uivo da chuva e do vento, as nuvens pesadas, negras, espessas como puré com molho de couve-roxa, a largar trovões e relâmpagos, e eu acoitada perto do calor da lareira, a ver as janelas lacrimejantes, a escutar o ressonar do gato e a escrever, feliz da vida.
Talvez um dia o meu sonho se cumpra. Ó, quiçá.

Ver do almoço.

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