No Instituto Português do Sangue
- É só um bocadinho que eu não tenho aqui, não tenho aqui...
«Em que ano se deu a batalha... 1849...»
- Então senhor Luís, vai comer alguma coisa? Quer um iogurtezinho? Quer o quê, café? É nosso colega. O senhor Luís tá cá temporariamente.
- Muda tudo, muda cá dentro.
- Tem preferência de braço?
- Olhe eu gosto sempre do esquerdo, se for possível. Já agora peço desculpa pela maçada.
- Quer beber alguma coisa? Quer um suminho?
- Já bebi sumo.
- Coitada da rapariga, pelo amor de Deus.
- Se não era bom.
- Então tá tudo bem?
- Que horas são?
- Tem dias! Depende de um dia bom!
- Nunca foi a Aveiras de Cima? Pois. De um modo geral não venho cá.
- Acha que é bom abrir e fechar?
- De vez em quando.
- Coma antes de sair.
- Sou dador há muitos anos, desde 71.
[E depois chamaram-me. Era a minha vez.]
Nos Correios [eu era o nº 242]
- Eu depois falo contigo a esse respeito.
- 226.
- Ai, ai.
- ... outra vez.
- ... quarta à sexta.
- Vais lá para a semana?
- Epá, eu não acredito!
- Vais buscar a miúda?
- Três dias. Três. Eles só podem dar...
- Não, ela tá a trabalhar.
- Quando eu for para Alcântara vou lá com ela.
- Eu telefonei à minha...
- ... três dias...!
- Não vale a pena ires porque diz que as doenças...
- Vá, um abraço então. Vá.
- Ela gosta muito... da minha cunhada.
- 24 cêntimos tem? 24 cêntimos?
- E vais quando?
- Sexta-feira, não é?
- Tá bem. Então eu digo qualquer coisa amanhã.
- Pode contar à vontade.
- Hã?
- Pode contar à vontade!
- Eu juro, eu juro que não passo mal.
- ... pás férias.
- Engana-me a mim, vá. Vá.
- Já este fim-de-semana. Porque senão ele... o meu Paulo... o meu Paulo à estação.
- Tem 68 cêntimos?
- Quer dizer, tás de férias, mas não tás de férias.
- Hã?
- Quer dizer, não conseguiste as férias como...
- Não, por causa da Julieta.
- Todos os meses.
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