terça-feira, junho 17, 2008

CONVERSAS COM O MEU EU SUPERIOR

Ah, o meu Eu Superior deseja falar, cavaquear comigo. (Só um bocadinho, 'pera aí.)
- Greatings, earthling, from the other side of the Universe!
Começa bem, é ianque ou bife o gajo.
- Descansa, avatar pequeno e ignorante das grandes verdades, ´tás no bom caminho, és um salmão persistente a ir contra a corrente do rio para o subir. És o meu bom e dedicado salmãozinho.
(Que enternecedor. Really.)
- Segue Fanaticamente a tua Soberana intuição pois que provém de mim. Segue-a ao abismo, ó mortal invólucro que aí estás a fazer progredir parte de quem eu sou, o teu Eu Superior. Ah, e nunca deixes crescer a barba.
(Bonito. As mulheres não têm barba, ó totó. O teu monitor celestial ´tá com poeira ou quê?)
- Por acaso... a mulher-a-dias, sabes, há uma greve geral de mulheres-a-dias e domésticas aqui no Topo. É um martírio. (Hum.)
[Limpa a garganta.]
- A tua missão está quase no fim! Só tens mais cerca de sessenta anos de vida. Aproveita-os e usa-os sabiamente! Outras partes do teu Eu Superior [aqui o Je, por favor não aplaudas.]
*blink*suspiro de enfado*
[Limpa a garganta. Prossegue.]
- ... estão neste momento a trabalhar para o meu, nosso, vosso colectivo /individualizado desenvolvimento espiritual. O avatar iraquiano estás prestes a afectuar a passagem. É novo... tem barba. Vai morrer num atentado. Vês o que eu te disse da barba?
(...)
- Os outros avatares estão espalhados pelo MultiUniverso.
Alguns dos meus irmãos/clonnes-avatares são formigas?
- Um momento enquanto verifico.
[Música foleira de espera.]
- Não. Mas já foste/fui/fomos/seremos um gafanhoto e um louva-a-deus. E, uma vez, o vírus invasor a um animal doente que sucumbiu ante o nosso silencioso e mortal ataque.

E o que é que supostamente aprendemos nessa vida, nesse invólucro?
- Fomos aquilo que mais tarde, como cientistas, matámos. Keep your enemys closer than your friends.
Faz... um certo sentido.

Fui um vírus. Fixe. Que tipo de vírus? Será que era um vírus giro? Será que era um vírus com dívidas no cartão de crédito, um mau casamento, problemas de alcoolismo e eternamente desafiador da autoridade? Será que era um vírus que maltratava a Senhora Vírus? Se sim, não admira que mais tarde perseguisse tenazmente o meu erradicamento... (enquanto cientista).

Há uma série de questões em aberto. Desconfiio que o meu Eu Superior me oculta parte da dolorosa verdade, mantendo-me a atenção focada no resultado final - suposta e alegadamente bom.

Sessenta anos. Não é mau. Noventa e quatro anos...
Sessenta anos aparentemente é ¨pouco¨. O que é muito?
Cem, duzentos, quinhentos talvez? (Uau, imaginem: quinhentos anos seguidos a escrever livros, lol!) Uma vida de quinhentos anos, o que se fará? Imagine-se uma série de vidas, dentro de um tema, que completam no conjunto cinco séculos. Oito vidas em que diferentes aspectos e variantes do mesmo tema são trabalhados, analisados, compreendidos, dissecados. Vividos. Humm... porque, imaginemos, quinhentos anos em uma só vida - seria uma chatice do caraças.

Cortei momentaneamente comunicação com o meu Eu Superior barbudo (é gajo e parece-me possuir traços levemente indianos. Está ricamente vestido, de ouro e branco, e usa turbante. Demasiado entusiasta para o meu gosto. Eu - e outros - é que estou a fazer o trabalho todo. E o que é que Ele faz? Organiza e integra a experiência do vivido, do material? Isso lá é trabalho? Talvez seja. Deve ser, suponho. Hum, concedo que sim, o seja.

Entretanto relembro ao meu eu de Aqui e Agora que tem apenas sessenta anos to make something of her life; que o tempo escasseia e que talvez deva encontrar uma Filosofia de Vida que a guie na restante peregrinação/progressão espiritual.
Parafraseando (mal) os Beatles:
- Will I be a Believer at 94?
Trá-lá-lááá!
Cheers, Gaijos e Gaijas, Companheiros de viagem e Extraterrestres vários. Paz e Prosperidade e Avanço a todos! (E verifiquem sempre a pressão dos pneus.)

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