segunda-feira, julho 15, 2002

Desculpas Esfarrapadas Para Não Escrever
(e possíveis soluções...)

O gato. O gato amantíssimo. Vicissitudes de possuir um gato (ou, em verdade, ser-se possuído por um). Ele quer brincar, comer, ir à rua, mordê-lo, arranhá-lo; espreita o que você lê (e morde o livro que, por acaso, nunca é seu e custa um balúrdio). Ele salta para cima do computador para bisbilhotar o que tecla (e estraga-lhe o trabalho todo e, de seguida, formata-lhe o disco rígido. E, claro, você não tem nada gravado. Tudo era essencial e tudo estava lá dentro).

Resultado: é impossível escrever. O acto de entreter um gato (por ele exigido) é incompatível com o acto da escrita.
Soluções possíveis: e que tal arranjar um cão? Ou outro gato para fazer companhia ao gato que arranjou para lhe fazer companhia a si. (Não, não, estou a brincar! Não vá já a correr para a União Zoófila, homem! Dois gatos em casa?! Vocemessê está doido... lol).

Na dúvida – compre um peixe.
Voltando atrás. O gato tem ciúmes da escrita, você terá de se esconder dele para poder alinhavar um ou outro parágrafo. Ou aproveita as sonecas felinas. Vá a correr para a secretária e escreva, mal lhe surpreenda um bocejo.

O quê? Bem, a pergunta é pertinente. E se, resolvido o problema do gato, não encontra nada para ser dito? E se a história, tão clara momentos atrás, é agora confusa, inexistente ou não tem a originalidade que há pouco lhe atribuíra?
Como resolver isto?

À maneira Zen. Aplique o método budista (ou taoísta). Não faça nada. Não faça porra nenhuma. A ponta de um corno. Junte-se ao gato e vá dormir.
Espere. Dê tempo ao tempo. A história, regra geral, vem ter consigo, por isso não a force. Sabe, ela também gosta de brincar. A história é como um gato que se esconde e pula sobre nós de surpresa.
Agora com licença, o raio do meu felídio está aqui a reivindicar atenção, pleno de exigências.
(Outras desculpas esfarrapadas serão colocadas – “postadas”? qual o termo correcto? – no blog, numa próxima oportunidade.)

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