sábado, novembro 15, 2003

Bom, abaixo está um trecho do que ando a escrever durante o nanowrimo. É capaz de ter uns errozitos. Seja como for é para reescrever mais tarde.



- Porra, pá, o que é que te custa?! – vociferou Rui.
- O meu estômago. O meu almoço, o meu jantar. O tipo dá-me náuseas.
- Olha quem fala.
- Estúpido!
- Estúpida!
- CALOU! – gritou Piedade. – Já estou por aqui de vos ouvir, por aqui! Rui: deixa a Geninha em paz, se ela não quer ir é porque não quer, não insistas! Eugénia: não respondas ao teu irmão. Quantas vezes é que eu te disse?! Se ele começa tu não tens de continuar... mania... vocês cansam-me, chiça. Cansam-me os dois. Fazem-me mais velha do que aquilo que eu sou.
Deu um suspiro grande, como um balão a esvaziar-se, e sentou-se. Rui não conseguiu conter a raiva.
- Pois, a senhora toma sempre o lado dela! Sempre do lado dela! É a filha preferida, toda a gente sabe isso.
CHAP. Piedade pregou estalo valente e sonoro na face de Rui que se quedou estupefacto. Era a primeira vez que a mãe lhe batia. Entredentes Piedade disse-lhe, lágrimas de fúria e mágoa ameaçando brotar:
- Nunca mais digas uma barbaridade dessas. Só Deus sabe os sacrifícios que fiz por ti – afastou-se e fechou-se no quarto.
- Vês o que tu fizeste – murmurou Geninha.
- Eu?! – gritou ele. – Sou sempre eu. Vou mas é dar uma volta – agarrou no casaco e saiu, batendo estrondosamente a porta.
Piedade saltou com o barulho. Os ombros estremeceram. As lágrimas rolavam em silêncio face abaixo.
- Mãe?
Nenhuma resposta.
- Mãe, posso entrar?
- Deixa-me. Tu deixa-me. Deixem-me os dois!
“Vou ter de ir à merda da concentração de Ferraris. Cabrão do Rui. Estou deserta para ter casa minha e não ter de lhe aturar as merdas do costume.”

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