Papagaio morto
(Traduzido – ok, estraçalhado - daqui: http://bau2.uibk.ac.at/sg/python/ Scripts/TheDeadParrotSketch )
[Update: não encontro o link directo. Apenas este.]
Cliente entra em loja de animais.
Cliente: Olá, menina?
Dono: O que quer dizer com “menina”?
C: (pausa) Desculpe, estou constipado. Quero fazer uma queixa!
D: Vamos fechar para o almoço.
C: Isso não interessa, meu rapaz. Quero queixar-me deste papagaio que comprei nem há meia hora nesta mesma boutique!
D: Ah, o Azul Norueguês. Que é que há de errado com o bicho?
C: Eu já lhe digo o que é que há de errado, meu rapaz! Ele ‘tá morto! É o que há de errado com o bicho!
D: Não, não. Não – ele ‘tá a descansar…
C: Ó camarada, eu conheço um papagaio morto quando lhe ponho os olhos em cima, e estou agora a olhar para um
D: Ná, ná, ele não ‘tá morto! ‘Tá a descansar! Lindo passaroco, o Azul Norueguês, hem? Linda plumagem!
C: A plumagem não é práqui chamada! Ele está morto que nem uma pedra!
D: Não-não-não! ‘Tá a descansar!
C: Ok, então se ele está a descansar, eu já o acordo!
(Grita pá gaiola)
Olá, senhor papagaio Polly! Tenho uma deliciosa posta de peixe para ti se mostrares… (o dono bate na gaiola)
D: Viu! Mexeu-se!
C: Mexeu uma porra! Foi você a bater na gaiola!
D: Não bati nada!
C: Bateu sim!
D: (aos gritos e a bater na gaiola sem parar): OLÁ POLLY! Teste, teste, teste! É o teu alarme das nove horas!
(Saca o papagaio da gaiola e martela-lhe a cabeça contra o balcão. Lança-o para o ar e fica parado a vê-lo espatifar-se no chão.
C: Ora a isto é o que eu chamo um papagaio bem morto!
D: Nãããão… ‘tá atordoado.
C: ATORDOADO?!
D: Claro! Vossemecê atordoou-o mal ele acordou! Os Azuis Noruegueses ficam azoados com facilidade.
C: Hum… olhe lá, olhe lá, ó camarada, já me estou a passar com isto. Aquele papagaio está mais do que defunto e quando eu o comprei nem há meia hora atrás o senhor garantiu-me que a sua total ausência de movimentos era devida ao facto de estar cansado e totalmente exausto após um prolongado grito.
D: Hum… ele, errr, provavelmente tem saudades dos fiordes.
C: SAUDADES DOS FIORDES?!?!?! Mas que raio de conversa é essa?! Olhe lá, porque é que ele caiu de costas, duro que nem uma tábua, mal cheguei a casa?
D: O Azul Norueguês prefere manter-se deitado de costas. Pássaro fabuloso, lorde, não acha? Linda plumagem!
C: Olhe, eu tomei a liberdade de examinar aquele papagaio quando cheguei a casa e descobri que estava sentado no poleiro unicamente porque o tinham PREGADO lá.
(pausa.)
D: Bem, claro que estava lá pregado! Se não tivesse pregado aquele pássaro, ele tinha afocinhado até às barras, tinha-as separado com o bico e VUUM! Fiiuiiuiiuii!
C: “VUUM”?!? Ó amigo, este pássaro não ia VUUM nem que o atravessasse com um milhão de volts! Ele está morto, diabo!
D: Não, não. Ele está melancólico!
C: Ele não está melancólico! Ele passou desta para melhor! Este papagaio não é mais! Ele deixou de ser! Ele expirou e foi ter com o criador! É um cadáver! Despojado da vida, descansa em paz! Se não o tivesse pregado ao poleiro ele já estava no jardim das tabuletas! Os seus processos metabólicos passaram à história! Ele vestiu um colete de madeira! Bateu as botas! Libertou-se das vestes mortais, baixou a cortina e juntou-se ao maldito coro invisível!! ESTE É UM EX-PAPAGAIO!
(pausa)
D: Bem, então é melhor substituí-lo.
(dá uma espreitadela rápida por detrás do balcão)
D: Desculpe, senhor, dei uma olhadela nas traseiras da loja e, hum, esgotaram-se-nos os papagaios.
C: Estou a ver. Estou a ver, apanho a ideia.
D: (pausa) Tenho uma lesma.
(pausa)
C: (doce como o mel) E, diga-me, fala?
D: Neeeem por isso.
C: NÃO CHEGA A SER UMA SUBSTITUIÇÃO, POIS NÃO?!?!?!
D: Olhe, se for à loja de animais do meu irmão em Bolton, ele substitui-lhe o papagaio.
C: Bolton, hem? Muito bem.
O cliente sai.
O cliente entra na mesma loja. O dono põe um bigode falso.
C: Isto é Bolton, não é?
D: (com o bigode falso) Não, é Ipswitch.
C: (olhando para a câmara) Topem-me a qualidade do inter-cidades!
O cliente vai para a estação de comboio.
Dirige-se a um homem atrás de uma secretária que diz “Queixas”.
C: Desejo fazer uma queixa, pessoa dos caminhos-de-ferro britânicos.
Funcionário: EU NÃO SOU OBRIGADO A TER ESTE TRABALHO, PERCEBE!
C: Desculpe..?
F: Sou um cirurgião cerebral qualificado! Eu só tenho este emprego porque gosto de ser o meu próprio chefe!
C: Peço desculpa, mas isso é irrelevante, não é?
F: Sim, mas não é fácil encher estes ficheiros python até às 150 linhas, sabe.
C: Desejo fazer uma queixa. Entrei no comboio para Bolton e achei-me depositado aqui em Ipswitch.
F: Não, aqui é Bolton.
C: (para a câmara) O irmão do dono da loja de animais estava a mentir!
F: Não pode culpar os caminhos-de-ferro britânicos por isso.
C: Nesse caso voltarei à loja de animais!
Ele volta.
C: Afinal de contas isto sempre É Bolton.
D: (ainda mantendo o bigode falso) Sim?
C: O senhor disse-me que era Ipswitch!
D:… era um trocadilho.
C: (pausa) UM TROCADILHO?!?
D: Não, não… não é um trocadilho… como é que se chama aquela coisa que dá para ler da mesma maneira de trás para a frente?
C: (Longa pausa) Um políndromo…?
D: Sim! Isso mesmo!
C: Não é um políndromo! O políndromo de “Bolton” seria “Notlob”!! Não resulta!!
D: Bem, que quer?
C: Não estou preparado para continuar a minha linha de inquérito uma vez que penso que isto está a tornar-se demasiado ridículo!
Sargento-Major: Concordo, concordo, muito ridículo, demasiado ridículo… (segura o braço do cliente) Vá lá, agora tem de fazer outro sketch! Vá lá… (sai pela parte esquerda do cenário, seguido pelo realizador e o operador de câmara, deixando o dono sozinho no cenário)
D: (para a audiência) Bom! Eu nem sequer queria fazer isto. Eu queria ser…
UM LENHADOR!
(ele tira a bata branca e revela por debaixo uma camisa axadrezada e suspensórios)
Flutuando ao longo dos poderosos rios da Colômbia Britânica!
Com a minha namorada ao meu lado! Etc…
(Continua em O Lenhador Python)
[Originalmente publicado no Eternos.org]
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