sábado, agosto 13, 2005

Penso


Penso no caso Casa Pia e que a nova ditadura se instala em Portugal e na Europa, brevemente, se não já hoje, seremos presa diária do terrorismo estatal; penso que é bom ter de novo um gato, mesmo que não seja meu e se esquive e não me deixe tocá-lo; penso que já estou farta do ioga e devia regressar aos pesos; penso que sete da manhã é muito cedo para me levantar e que as Sextas e os Sábados são dias óptimos porque não tenho esse problema.

Penso que certa pessoa já devia estar no olho da rua há muito tempo, ou preferencialmente no chilindró; penso que a falta de ética e a falta de verdade explicam o fraco progresso luso (verdade para fora: de nós para os outros; e verdade para dentro: de nós para nós); penso que se calhar o melhor é emigrar, este país daqui a escassos anos será um verdadeiro deserto, um mar de areia de norte a sul. Talvez a solução seja importar nórdicos, os seus valores e princípios morais.

Penso que devia estar a escrever outra coisa que não isto e que devia terminar “A Linha de Sombra” do J. Conrad. Escreve bem, o gajo. Escreves bem, pá!, grito eu para o navio.

Ah – tenho de ir verificar o chá.

Ando a ler também “O Homem que Amava Cerejeiras” de António de Cairu. Fabuloso. Transfusões de chá. Um tipo apaixonado por uma cadeira. Peixes de aquário que falam. Esquisito, como eu gosto. Adoro livros esquisitos. Escrevi um esquisito: “Senhor Bentley, o Enraba-Passarinhos”. (Relembro: sai no próximo ano.) Quero ver se consigo fazer mais livros estranhos. Talvez pôr nele um hipopótamo e levá-lo ao Tamisa. Ou Tejo, por ser mais perto. Num livro antigo inventei uma tartaruga voadora e noutro um dragão que falava à çopinha de maçça, pitosga e apaixonado pela Ponte Vasco da Gama.

Sim, gosto muito de livros esquisitos.

Sem comentários: