"Transcrevo do Expresso de ontem: «Uma recensão [...] da escritora Marianne Wiggins ao mais recente livro de John Irving, Until I Find You, publicada no Washington Post há mais de um mês, foi 'desautorizada' pelo jornal, após queixa do autor. É que aos críticos daquele diário estão vedadas recensões de obras escritas por amigos ou conhecidos. [...] Em consequência, Irving e Wiggins conheciam-se. Pelo facto, o periódico norte-americano pediu desculpas.» Nós por cá não somos, nem podíamos ser, tão esquisitos. Ficava toda a gente desempregada, porque toda a gente conhece toda a gente, e aqueles que não conhecem não são recenseáveis nem escrevem nos jornais. Assunto arrumado. É verdade que podíamos ser um pouco menos promíscuos. O Expresso, que não se coíbe de publicar extensas recensões (laudatórias) aos romances do seu director, e tem mesmo três ou quatro colaboradores permanentes que só escrevem sobre os livros e plaquettes uns dos outros, é o epítome do nepotismo «crítico». Escrevendo depreciativamente sobre o livro de um amigo (Irving) do seu ex-marido (Salman Rushdie), Marianne Wiggins rompeu a deadline do conflito de interesses. Se tivesse elogiado era o mesmo. Os protocolos são para cumprir. Sobre a questão, assalta-me uma dúvida: quem terá sido o patusco que inseriu a notícia na p. 35 do caderno Actual, à laia de ilustração da tese contrária aos hábitos da casa...?"
in: http://daliteratura.blogspot.com/2005/08/conflito-de-interesses.html
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