Apreciem a cena...
No País dos Sacanas
Que adianta dizer-se que é um país de sacanas?
Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas,
e todos estão contentes de se saberem sacanas.
Não há mesmo melhor do que uma sacanice
para poder funcionar fraternalmente
a humidade de próstata ou das glandulas lacrimais,
para além das rivalidades, invejas e mesquinharias
em que tanto se dividem e afinal se irmanam.
Dizer-se que é de heróis e santos o país,
a ver se se convencem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
ingénuos e sacaneados é que foram disso?
Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência, a
justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.
No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma.
10/10/1973
Jorge de Sena
segunda-feira, junho 30, 2003
G'anda cena!
A Portugal
Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.
Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.
Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fatua ignorância;
terra de escravos, cu pró ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos todos do milagre, castos
nas horas vagas de doença oculta;
terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude; terra triste
à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas,
oh pulgas lusitanas, pela Europa;
terra de monumentos em que o povo
assina a merda o seu anonimato;
terra-museu em que se vive ainda,
com porcos pela rua, em casas celtiberas;
terra de poetas tão sentimentais
que o cheiro de um sovaco os põe em transe;
terra de pedras esburgadas, secas
como esses sentimentos de oito séculos
de roubos e patrões, barões ou condes;
ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço. És cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço mas seres minha, não
Jorge de Sena
A Portugal
Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.
Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.
Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fatua ignorância;
terra de escravos, cu pró ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos todos do milagre, castos
nas horas vagas de doença oculta;
terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude; terra triste
à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas,
oh pulgas lusitanas, pela Europa;
terra de monumentos em que o povo
assina a merda o seu anonimato;
terra-museu em que se vive ainda,
com porcos pela rua, em casas celtiberas;
terra de poetas tão sentimentais
que o cheiro de um sovaco os põe em transe;
terra de pedras esburgadas, secas
como esses sentimentos de oito séculos
de roubos e patrões, barões ou condes;
ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço. És cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço mas seres minha, não
Jorge de Sena
Acabei de criar um fotolog que me parece melhor daquele que eu tinha antes. Ao menos posso pôr mais do que uma foto por dia.
http://dunyazade.fotopages.com/
http://dunyazade.fotopages.com/
domingo, junho 29, 2003
E no meio destes disparates acabei por encontrar isto:
AS CINCO DIFICULDADES PARA ESCREVER A VERDADE, de Bertolt Brecht.
AS CINCO DIFICULDADES PARA ESCREVER A VERDADE, de Bertolt Brecht.
Vêm parar ao meu blog com estas pesquisas:
- música do sumol;
- escrita klingon;
- levanta-te e ri;
- o ser e o nada;
- gajos nus;
- métodos para escrever livros (ao menos está dentro do tema);
- blogs amizade;
- influência do meio na escrita (vá lá);
- Dino Meira (?!?!?!?!?!?);
- figura pequena sereia;
- Casimiro de Brito blog.
Gajos nus? Dino Meira?!?!
(Ok, podia ser pior: Dino Meiro nu).
*suspiro*
- música do sumol;
- escrita klingon;
- levanta-te e ri;
- o ser e o nada;
- gajos nus;
- métodos para escrever livros (ao menos está dentro do tema);
- blogs amizade;
- influência do meio na escrita (vá lá);
- Dino Meira (?!?!?!?!?!?);
- figura pequena sereia;
- Casimiro de Brito blog.
Gajos nus? Dino Meira?!?!
(Ok, podia ser pior: Dino Meiro nu).
*suspiro*
sábado, junho 28, 2003
Olhem o que eu encontrei. Vai já para os links.
"O que é o Programa de Narcóticos Anónimos?
NA é uma irmandade ou associação, sem fins lucrativos, de homens e mulheres para quem as drogas se tornaram num problema muito grave. Somos adictos em recuperação que nos reunimos regularmente com o intuito de nos ajudarmos mutuamente e de nos mantermos limpos. Este é um programa de abstinência completa de todo o tipo de drogas. Existe apenas um requisito para se ser membro: o desejo de parar de usar. Não há nenhuma obrigação em NA, mas sugerimos que mantenhas a mente aberta para assim poderes aproveitar esta oportunidade. O nosso programa é composto por princípios escritos de uma forma clara para poderem ser seguidos diariamente. O mais importante é que estes princípios dão resultado."
"O que é o Programa de Narcóticos Anónimos?
NA é uma irmandade ou associação, sem fins lucrativos, de homens e mulheres para quem as drogas se tornaram num problema muito grave. Somos adictos em recuperação que nos reunimos regularmente com o intuito de nos ajudarmos mutuamente e de nos mantermos limpos. Este é um programa de abstinência completa de todo o tipo de drogas. Existe apenas um requisito para se ser membro: o desejo de parar de usar. Não há nenhuma obrigação em NA, mas sugerimos que mantenhas a mente aberta para assim poderes aproveitar esta oportunidade. O nosso programa é composto por princípios escritos de uma forma clara para poderem ser seguidos diariamente. O mais importante é que estes princípios dão resultado."
sexta-feira, junho 27, 2003
Recebi uma menção honrosa num prémio literário.
Vou recusar. (Sim, a gente pode recusar. Não sabiam, mês lindos?)
Aprendam que eu não duro sempre.
E porquê? Para o livro continuar inédito, assim posso concorrer a outros prémios.
E já recebi menções honrosas antes (“A Fada dos Sonhos”). Não me adiantam nada.
(‘Tou com um mau humor hoje. Porra.)
Vou recusar. (Sim, a gente pode recusar. Não sabiam, mês lindos?)
Aprendam que eu não duro sempre.
E porquê? Para o livro continuar inédito, assim posso concorrer a outros prémios.
E já recebi menções honrosas antes (“A Fada dos Sonhos”). Não me adiantam nada.
(‘Tou com um mau humor hoje. Porra.)
quinta-feira, junho 26, 2003
Apoiado! Apoiado!
São BLOGS, porra!
Não sei quem foi o infeliz que teve a ideia de aportuguesar a palavra. Sei que foi um dos bloggers com acesso aos jornais. Lembrou-se de lhes chamar blogues, a coisa pegou, e os webloggers portugueses, como cordeirinhos bem comportados, seguiram o lider e agora é só blogues para aqui, blogues para acolá. Que raio pá!
Olha, já agora instalem o uindous, escrevam no uorde, enviem muitos é-mailes e naveguem muito na internete, sim?
Rapinado do eternos.org.
São BLOGS, porra!
Não sei quem foi o infeliz que teve a ideia de aportuguesar a palavra. Sei que foi um dos bloggers com acesso aos jornais. Lembrou-se de lhes chamar blogues, a coisa pegou, e os webloggers portugueses, como cordeirinhos bem comportados, seguiram o lider e agora é só blogues para aqui, blogues para acolá. Que raio pá!
Olha, já agora instalem o uindous, escrevam no uorde, enviem muitos é-mailes e naveguem muito na internete, sim?
Rapinado do eternos.org.
Ideia para intercâmbio cultural consistente entre Portugal e Japão:
- realização de feira gastronómica conjunta anual luso-nipónica.
Tipo, com o bilhete de entrada tem direito a um caldo verde
e a sushi!
N'era giro? Hum, digam lá se não era.
Podia ser todos os anos no mesmo sítio, tornar-se numa instituição.
Tipo Feira do Livro.
(Não 'tou a brincar.)
- realização de feira gastronómica conjunta anual luso-nipónica.
Tipo, com o bilhete de entrada tem direito a um caldo verde
e a sushi!
N'era giro? Hum, digam lá se não era.
Podia ser todos os anos no mesmo sítio, tornar-se numa instituição.
Tipo Feira do Livro.
(Não 'tou a brincar.)
quarta-feira, junho 25, 2003
terça-feira, junho 24, 2003
You habitually make disgustingly ugly LiveJournal
icons. No. No, don't try to deny it! We've all
seen them, and they are fucking ugly as sin,
and for this you have damned yourself to an
eternity of suffering. It is justice! After
all, you've probably blinded dozens of
people.
STOP THIS NOW AND REPENT!
Perhaps you will be saved.
Why Will You Go To Hell?
brought to you by Quizilla
É verdade. Eu confesso.
segunda-feira, junho 23, 2003
quinta-feira, junho 19, 2003
Dúvida literária
"Estou a escrever um livro (talvez acabe estas férias) que tem um problema complicado a resolver. É um livro sobre um homem que está preso onze anos, cuja vida no mundo carcerário é controlada ao milímetro, e cujos gestos possíveis e permitidos representam uma rotina imposta à força. (...) Cá fora há uma guerra, fria , mas guerra. Acontece tudo. O tempo é solto, é rápido, é o tempo da modernidade, acelerado. Como juntar num mesmo movimento tanta imobilidade e tanta rapidez?"
Alguém tem ideias (confesso que de momento não tenho nenhuma)? Escrevam ao homem.
"Estou a escrever um livro (talvez acabe estas férias) que tem um problema complicado a resolver. É um livro sobre um homem que está preso onze anos, cuja vida no mundo carcerário é controlada ao milímetro, e cujos gestos possíveis e permitidos representam uma rotina imposta à força. (...) Cá fora há uma guerra, fria , mas guerra. Acontece tudo. O tempo é solto, é rápido, é o tempo da modernidade, acelerado. Como juntar num mesmo movimento tanta imobilidade e tanta rapidez?"
Alguém tem ideias (confesso que de momento não tenho nenhuma)? Escrevam ao homem.
quarta-feira, junho 18, 2003
[4400 gajos já passaram neste blog. Marco histórico!]
_________
Even the Universe feels
De amor e de morte - não se morre.
Tem-se a má sorte de viver...
de amor e de morte.
Batalha afogante (navega-se à bolina),
sal e sangue e sal rebentam nos pulmões,
cessa-se assim, termina-se a vida.
Mas de amor e de morte não se morre.
(Vai-se fluindo de mansinho para
fora da avenida...)
Formigas somos.
Como contabiliza o Universo os anos de um insecto?
Carregando miragens e cruzes, perseguindo fantasmáticas
luzes que desaparecem nas margens (de além-mar,
do ultramar, de Sebastiões caídos, de destinos grandes
que nunca tornam a tornar).
Quissesse o Universo acabar-se de amor e de morte!
De amor e de morte não morre.
Vai-se extinguindo devagarinho para fora
dos negros buracos infinitos.
(Até o Tecto de Tudo sente...)
2/2000
_________
Even the Universe feels
De amor e de morte - não se morre.
Tem-se a má sorte de viver...
de amor e de morte.
Batalha afogante (navega-se à bolina),
sal e sangue e sal rebentam nos pulmões,
cessa-se assim, termina-se a vida.
Mas de amor e de morte não se morre.
(Vai-se fluindo de mansinho para
fora da avenida...)
Formigas somos.
Como contabiliza o Universo os anos de um insecto?
Carregando miragens e cruzes, perseguindo fantasmáticas
luzes que desaparecem nas margens (de além-mar,
do ultramar, de Sebastiões caídos, de destinos grandes
que nunca tornam a tornar).
Quissesse o Universo acabar-se de amor e de morte!
De amor e de morte não morre.
Vai-se extinguindo devagarinho para fora
dos negros buracos infinitos.
(Até o Tecto de Tudo sente...)
2/2000
terça-feira, junho 17, 2003
Tu Pensas que os Cardeais
Tu pensas que os cardeais
não se masturbam,
que não vêem
as telenovelas,
que vêem, quando muito, os filmes de Bergman
e o Evangelho segundo São Mateus de Pasolini.
Não, eles nunca lêem os livros pornográficos
e nunca pensaram em ter amantes.
Eles não conhecem o turbilhão das visões
das figuras eróticas,
eles lêem os exercícios espirituais
de Santo Inácio
e têm o odor da santidade
e irão para o céu porque nunca pecaram,
nunca acariciaram um pénis,
nunca o desejaram túmido e ardente
na sua boca casta.
Ah os cardeais como são exemplares
mesmo quando os espelhos os perseguem
com os membros e órgãos de mulheres
na fulguração da nudez liquida e candente!
Todavia eu conheço a obstinada chama
do desejo,
a sua glauca ondulação,
os seus olhos deslumbrados pela oceânica
vertigem
de um corpo embriagado pela sua simetria
e pela volúvel coerência
dos seus astros dispersos.
Não, eu não creio na inocência imaculada
dos solenes cardeais.
Eu sei que a sua carne é a mesma argila
incandescente e turva
de que o meu corpo frágil é composto.
Eles conhecem o sofrimento de ser duplos,
o vazio do desejo,
a violência nua das imagens monstruosas,
a adolescência do fogo nos labirintos negros.
Mas eu sei que os cardeais não gritam,
nem levantam a voz,
nem atravessam a fronteira do pudor
e adormecem ao rumor das orações.
É esta imagem que eu quero conservar
na religiosa monotonia do meu sono.
Antonio Ramos Rosa
(Poema passado no #poesia.)
Tu pensas que os cardeais
não se masturbam,
que não vêem
as telenovelas,
que vêem, quando muito, os filmes de Bergman
e o Evangelho segundo São Mateus de Pasolini.
Não, eles nunca lêem os livros pornográficos
e nunca pensaram em ter amantes.
Eles não conhecem o turbilhão das visões
das figuras eróticas,
eles lêem os exercícios espirituais
de Santo Inácio
e têm o odor da santidade
e irão para o céu porque nunca pecaram,
nunca acariciaram um pénis,
nunca o desejaram túmido e ardente
na sua boca casta.
Ah os cardeais como são exemplares
mesmo quando os espelhos os perseguem
com os membros e órgãos de mulheres
na fulguração da nudez liquida e candente!
Todavia eu conheço a obstinada chama
do desejo,
a sua glauca ondulação,
os seus olhos deslumbrados pela oceânica
vertigem
de um corpo embriagado pela sua simetria
e pela volúvel coerência
dos seus astros dispersos.
Não, eu não creio na inocência imaculada
dos solenes cardeais.
Eu sei que a sua carne é a mesma argila
incandescente e turva
de que o meu corpo frágil é composto.
Eles conhecem o sofrimento de ser duplos,
o vazio do desejo,
a violência nua das imagens monstruosas,
a adolescência do fogo nos labirintos negros.
Mas eu sei que os cardeais não gritam,
nem levantam a voz,
nem atravessam a fronteira do pudor
e adormecem ao rumor das orações.
É esta imagem que eu quero conservar
na religiosa monotonia do meu sono.
Antonio Ramos Rosa
(Poema passado no #poesia.)
[escrito ontem à noite]
____________________________
Antigamente odiava a uniformidade das cartas editoriais recusando (yet again) o meu manuscrito. Mas não me ‘tão a dizer nada, porra! São todas iguais! Não dizem porquê! Os fundamentos da recusa! Eu quero saber porquê, porra!
Não querida, tu não queres (trust me, darling), diz o meu eu futuro (ou melhor: presente) ao meu eu passado.
Sabem a famosa frase... you can’t handle the truth! Ora nem mais.
Agora imaginem, queridíssimos leitores, que as editoras diziam de facto a verdade aos wannabe writers. Havia de ser lindo. Era vê-los em carreirinha, a caminho da Ponte 25 de Abril, fazendo fila para o mergulho final das suas miseráveis (repito: miseráveis) vidas.
(Pitiful lives. Soa melhor em inglês.)
Ora isto era o suicídio da Nação!
Milhares de autores medíocres a jogarem-se dramaticamente ao rio Tejo, ao encontro das Musas (a ler um poema ao mesmo tempo, quiçá), e no meio da maralha – um ou outro talvez não tão medíocre assim. Um ou dois que, com a passagem dos anos, acabassem por escrever obras interessantes, livros de jeito. Aqueles que a gente lê no décimo ano porque é obrigado (ninguém me tira da ideia que a obrigatoriedade da leitura é a morte da leitura, mas adiante), mas torna a ler anos depois e adora. Os clássicos, sabem, os tais dos clássicos.
Agora atentem na categoria, na qualidade da carta de recusa que eu recebi da D. Quixote, feita justamente para evitar o suicídio de um autor porventura brilhante!
“A obra que V. Exa. [Ena! Excelência!] teve a amabilidade de nos propor para publicação já foi apreciada. [Ah sim! Foi, foi! E então, e então!]
Infelizmente a Editora não pode dar-lhe uma resposta positiva por dificuldades de enquadramento da nossa programação. [Sacana da programação, lixada a tipa.]
Junto devolvemos pois a cópia do respectivo original [Estes devolvem. Hum, as mesas já devem estar todas niveladas.]
Agradecendo uma vez mais a amabilidade [Ora, não tem de quê!] com que nos distinguiu [Disponham sempre!], aproveitamos para nos subscrever com a maior consideração.
Departamento Editorial.”
(Eu acabei de queimar qualquer hipótese com a D. Quixote, não foi...?)
Estúúúúpiiiida.
Mas divago.
Esta carta, apesar de ser quase igual, ao milímetro, a todas as outras cartas de diferentes editoras que já recebi (eles juntaram-se e combinaram?, I wonder), tem a virtude de me instilar o desejo de continuar a escrever !
Imaginem se as editoras dissessem mesmo a verdade.
“Os papéis que nos mandou, desperdiçando inutilmente a vida de uma árvore inocente, já foram apreciados (apesar dos vómitos, não conseguimos afastar-nos com rapidez, mas deu para ler).
Graças a Deus a Editora só pode dar-lhe uma resposta NEGATIVA (negativa, negativa, negativa – caso seja surda, repetimos) não por causa da treta das “dificuldades de enquadramento na programação” (Ah-ah-ah! Vocês são tão tapadinhos, acreditam mesmo), mas porque é Mau Para Caraças, porra! O computador não se auto-mutilou quando escreveu o livro nem nada, hã?!
Não devolvemos a cópia porque nos faltou papel na casa de banho.
Pedindo a todos os santinhos que nos faça a caridade de Não nos voltar a remeter mais nenhum outro livro, aproveitamos para nos subscrever com a maior...
Ah, que se dane: olha, pá, vai para almeida.
O Departamento Editorial.”
Quer dizer, eu ia direitinha, a arrastar o ego pelo chão, a chorar baba e ranho, ver se arranjava a maior pedra, amarrá-la ao pescoço, fazer bungee jumping para a Ponte Vasco da Gama.
Sem corda. Ou, no máximo, com um elástico daqueles de prender o cabelo.
O Saramago, se recebesse uma carta destas em início de carreira nunca chegava a Nobel. Nem a velho.
(‘Tá um tipo a rapar o cabelo na TV! Lol! ‘Tá parvo! Ai, o preço da arte...)
Mas divago.
(‘Tá-se a pôr careca! Eu não acredito!)
Ó porra, onde é que eu ia? Ah!
My point is: estas cartas insípidas de recusa preservam, a longo prazo, o futuro cultural do país.
Eu, ao lê-las, acredito mesmo. A sério. Gostaram! Fui amável! Mando a tonelada de livros que fiz desde os seis anos! Vou ser ainda mais amável, vão adorar!
(Yes, I’m petty.)
Se é verdade que estas cartas preservam os medíocres (such as I, it pains me to admit it), também preservam os outros. Os bons. E de vez em quando há editores que têm o efectivo privilégio de publicar génios em vida.
Não disse metade do que eu queria dizer. Tentei fazer piadas, saíram secas, apesar de estar a assistir ao Levanta-te e Ri. Lembrei-me agora do Milan Kundera, checo. Certa vez, ao receber a carta da editora francesa que lhe publicava as obras julgou que a secretária aproveitara para lhe fazer uma declaração amorosa dissimulada no insípido texto comercial. E tudo por causa do amavelmente. Semânticas diferentes em países diferentes. Na verdade a frase final não passava de uma fórmula social e ele tomou-a por verdadeira. Também nós acreditamos na tal da “dificuldades de enquadramento de programação”, não é?
Pois.
(Eh pá, um anúncio a uma bebida qualquer com um monte de gajos nus! De repente fiquei com os neurónios ocupados.)
Eu disse os Neurónios.
______________
Citação do Bruno Nogueira (ontem) no Levanta-te e Ri: eu não sou gay, tenho é as rótulas todas apanhadinhas.
____________________________
Antigamente odiava a uniformidade das cartas editoriais recusando (yet again) o meu manuscrito. Mas não me ‘tão a dizer nada, porra! São todas iguais! Não dizem porquê! Os fundamentos da recusa! Eu quero saber porquê, porra!
Não querida, tu não queres (trust me, darling), diz o meu eu futuro (ou melhor: presente) ao meu eu passado.
Sabem a famosa frase... you can’t handle the truth! Ora nem mais.
Agora imaginem, queridíssimos leitores, que as editoras diziam de facto a verdade aos wannabe writers. Havia de ser lindo. Era vê-los em carreirinha, a caminho da Ponte 25 de Abril, fazendo fila para o mergulho final das suas miseráveis (repito: miseráveis) vidas.
(Pitiful lives. Soa melhor em inglês.)
Ora isto era o suicídio da Nação!
Milhares de autores medíocres a jogarem-se dramaticamente ao rio Tejo, ao encontro das Musas (a ler um poema ao mesmo tempo, quiçá), e no meio da maralha – um ou outro talvez não tão medíocre assim. Um ou dois que, com a passagem dos anos, acabassem por escrever obras interessantes, livros de jeito. Aqueles que a gente lê no décimo ano porque é obrigado (ninguém me tira da ideia que a obrigatoriedade da leitura é a morte da leitura, mas adiante), mas torna a ler anos depois e adora. Os clássicos, sabem, os tais dos clássicos.
Agora atentem na categoria, na qualidade da carta de recusa que eu recebi da D. Quixote, feita justamente para evitar o suicídio de um autor porventura brilhante!
“A obra que V. Exa. [Ena! Excelência!] teve a amabilidade de nos propor para publicação já foi apreciada. [Ah sim! Foi, foi! E então, e então!]
Infelizmente a Editora não pode dar-lhe uma resposta positiva por dificuldades de enquadramento da nossa programação. [Sacana da programação, lixada a tipa.]
Junto devolvemos pois a cópia do respectivo original [Estes devolvem. Hum, as mesas já devem estar todas niveladas.]
Agradecendo uma vez mais a amabilidade [Ora, não tem de quê!] com que nos distinguiu [Disponham sempre!], aproveitamos para nos subscrever com a maior consideração.
Departamento Editorial.”
(Eu acabei de queimar qualquer hipótese com a D. Quixote, não foi...?)
Estúúúúpiiiida.
Mas divago.
Esta carta, apesar de ser quase igual, ao milímetro, a todas as outras cartas de diferentes editoras que já recebi (eles juntaram-se e combinaram?, I wonder), tem a virtude de me instilar o desejo de continuar a escrever !
Imaginem se as editoras dissessem mesmo a verdade.
“Os papéis que nos mandou, desperdiçando inutilmente a vida de uma árvore inocente, já foram apreciados (apesar dos vómitos, não conseguimos afastar-nos com rapidez, mas deu para ler).
Graças a Deus a Editora só pode dar-lhe uma resposta NEGATIVA (negativa, negativa, negativa – caso seja surda, repetimos) não por causa da treta das “dificuldades de enquadramento na programação” (Ah-ah-ah! Vocês são tão tapadinhos, acreditam mesmo), mas porque é Mau Para Caraças, porra! O computador não se auto-mutilou quando escreveu o livro nem nada, hã?!
Não devolvemos a cópia porque nos faltou papel na casa de banho.
Pedindo a todos os santinhos que nos faça a caridade de Não nos voltar a remeter mais nenhum outro livro, aproveitamos para nos subscrever com a maior...
Ah, que se dane: olha, pá, vai para almeida.
O Departamento Editorial.”
Quer dizer, eu ia direitinha, a arrastar o ego pelo chão, a chorar baba e ranho, ver se arranjava a maior pedra, amarrá-la ao pescoço, fazer bungee jumping para a Ponte Vasco da Gama.
Sem corda. Ou, no máximo, com um elástico daqueles de prender o cabelo.
O Saramago, se recebesse uma carta destas em início de carreira nunca chegava a Nobel. Nem a velho.
(‘Tá um tipo a rapar o cabelo na TV! Lol! ‘Tá parvo! Ai, o preço da arte...)
Mas divago.
(‘Tá-se a pôr careca! Eu não acredito!)
Ó porra, onde é que eu ia? Ah!
My point is: estas cartas insípidas de recusa preservam, a longo prazo, o futuro cultural do país.
Eu, ao lê-las, acredito mesmo. A sério. Gostaram! Fui amável! Mando a tonelada de livros que fiz desde os seis anos! Vou ser ainda mais amável, vão adorar!
(Yes, I’m petty.)
Se é verdade que estas cartas preservam os medíocres (such as I, it pains me to admit it), também preservam os outros. Os bons. E de vez em quando há editores que têm o efectivo privilégio de publicar génios em vida.
Não disse metade do que eu queria dizer. Tentei fazer piadas, saíram secas, apesar de estar a assistir ao Levanta-te e Ri. Lembrei-me agora do Milan Kundera, checo. Certa vez, ao receber a carta da editora francesa que lhe publicava as obras julgou que a secretária aproveitara para lhe fazer uma declaração amorosa dissimulada no insípido texto comercial. E tudo por causa do amavelmente. Semânticas diferentes em países diferentes. Na verdade a frase final não passava de uma fórmula social e ele tomou-a por verdadeira. Também nós acreditamos na tal da “dificuldades de enquadramento de programação”, não é?
Pois.
(Eh pá, um anúncio a uma bebida qualquer com um monte de gajos nus! De repente fiquei com os neurónios ocupados.)
Eu disse os Neurónios.
______________
Citação do Bruno Nogueira (ontem) no Levanta-te e Ri: eu não sou gay, tenho é as rótulas todas apanhadinhas.
segunda-feira, junho 16, 2003
Eu não disse! Chegou a recusa da D. Quixote!
Iuupiii!
Ok, isto é eu a fingir que não me importo nada.
Mas importo-me muito. Engraçado. Desta vez doeu menos. A cada carta de recusa a dor diminui.
Mas mal acabe o que ando a escrever agora - bute exemplar para a D. Quixote!
Porque é que eu insisto? Nop, não é masoquismo. Foi-me me dito (e acredito) que das editoras portuguesas, a mais honesta (em relação aos autores) é a D. Quixote.
domingo, junho 15, 2003
Vi na têvê García Márquez falando sobre livros e literatura. Disse mais ou menos isto: a função do livro é hipnotizar o leitor.
Hipnotizar. Jamais o pensara dessa forma. E como hipnotizava ele? Não quebrando o ritmo da frase. Se preciso acrescentava um adjectivo ou dois para a manter equilibrada.
Acrescentar adjectivos? Olha, essa é nova! E eu a pensar que devíamos fugir deles como o diabo foge da cruz! Que só o verbo é senhor e mestre na escrita!
De súbito, penso: não ter medo dos adjectivos.
Não ter medo dos adjectivos.
Quanto mais oiço os escritores a falar sobre a sua obra ou como se escreve, mais sei que não os devo ouvir porque todos se contradizem. E todavia oiço. E todavia me surpreendo (e aprendo).
Paradoxos. Contradições. A escrita tudo aceita.
Adjectivos, disseste, camarada? Hum... a experimentar (a experimentar deveras).
sábado, junho 14, 2003
Tenho ali um livro que foi recusado várias vezes por diversas editoras. Acabei de fazer um blog onde o publiquei.
Falta-me receber a resposta de D. Quixote (rec., rec., de certezinha), mas que se lixe!
Quem quer o endereço do blog?
(Ah, ah, ah, 'tou mêmo a ver: Ninguém!)
(Deixem o vosso e-mail, por favor.)
Se não quiserem dizer nos comentários, usem o e-mail: dunyazadeREMOVE@aeiou.pt
sexta-feira, junho 13, 2003
Qual é a minha validade?
A minha validade está no erro. É por isso que eu escrevo - porque posso corrigir.
Mas, ao mesmo tempo que penso na legitimidade, no valor, penso também:
Isso não tem importância nenhuma. Não é por isso que tu escreves. Não é por isso que tu existes. Estar a atribuir valor às coisas ou às pessoas é estar, simultaneamente, a retirar-lhes todo o valor.
I
O Tao que se procura alcançar não é o próprio Tao;
o nome que se lhe quer dar não é o seu nome adequado.
Sem nome, representa a origem do universo;
com um nome, torna-se a Mãe de todos os seres.
Pelo não-ser, atinjamos o seu segredo;
Pelo ser, abordemos o seu acesso.
Não-ser e Ser saindo de um fundo único
só se diferenciam pelos seus nomes.
Este fundo único chama-se Obscuridade.
Obscurecer esta obscuridade,
eis a porta de toda a maravilha.
Lao Tse in Tao Te King
(ou Livro da Via e da Virtude)
Editorial Estampa
II
Todos consideram o belo como belo
é nisso que reside a sua fealdade.
Todos consideram o bem como bem,
é nisso que reside o seu mal.
Porque o ser e o nada engendram-se.
O fácil e o difícil completam-se.
O longo e o curto formam-se um pelo outro.
O alto e o baixo tocam-se.
A voz e o som harmonizam-se.
O antes e o depois sucedem-se.
Por isso o santo adopta
a táctica do não agir,
e pratica o ensino sem palavra.
Todas as coisas do mundo surgem
sem que ele seja o autor.
Produz sem se apropriar,
age sem nada esperar,
acabada a sua obra, a ela não se prende,
e porque a ela se não prende,
a sua obra permanecerá.
Lao Tse in Tao Te King
(ou Livro da Via e da Virtude)
Editorial Estampa
'Tou a fazer uma coisa muito feia.
Envolve o Kazaa lite (parece bebida aparentada com o sumol e a coca-cola light, mas divago) e o sacanço hard.
Ah-Ah. Mentira, mentira.
É só sacanço.
P.S. Pós senhores doutores inteligentes da Pêjota: eu não 'tou a tirar música à borliú da net - Deus me livre e guarde.
Estou a, errrrr, fazer outra coisa que por acaso também se chama sacanço e que por acaso (só acaso) envolve o Kazaa.
Pois.
(Tu és tão esperta, tão bright, sei lá. Inté dá impressão.)
(Se fosses dentro nem precisavas de advogado nem nada, tamanha a inteligência.)
[Não liguem. Cafeína a menos. Ela já volta ao normal.]
[Lola out.]
quinta-feira, junho 12, 2003
Favorite Poem Project: The Poems: Tonight I Can Write
Esta noite posso escrever.
Bonito.
E aqui no original.
quarta-feira, junho 11, 2003
Só pra avisar, eu não respondo perguntas sobre blogs. Eu não dou entrevistas sobre blogs nem participo de trabalhos de faculdade sobre blogs. Eu simplesmente não agüento mais essa baboseira de blogs. Chega. Blog não passa de um meio de publicação. O autor do blog, dono e soberano do blog, faz o que bem entender com seu blog. Não existe literatura de blog. Não existe escritor de blog. Blogueiro não é escritor. Escritor não é blogueiro. Não existe escritor de blog. Existe blog enquanto meio de publicação para um escritor. Escritor é escritor. Escritor não é blogueiro. Não sei nada sobre o fenômeno blog. Sequer acho que seja um fenômeno. Nunca mais respondo nenhuma pergunta sobre blog. Por favor, não me incomodem com essas coisas. Sou uma grávida tensa, isso não faz bem. Sem mais,
in Brazileira Preta.
E disse tudo.
in Brazileira Preta.
E disse tudo.
terça-feira, junho 10, 2003
Fiz busca no Livejournal. Há 351 blogs em Portugal.
Blogsempt.blogspot.com contabilizou já 621 blogs (não sei se incluiu contas do LJ).
Em Diaryland também há blogs em português, mas não dá para ver quantos.
Já para não falar de bloguistas com diários no Blogger.com.br.
Ao todo, portugueses, seremos quantos?
segunda-feira, junho 09, 2003
domingo, junho 08, 2003
:: A amizade é o amor que se escolhe ::
Qual é o valor da amizade? Porque é que escolhemos os amigos que escolhemos? Escolhemos de facto na amizade como não podemos escolher no amor? Existe lá coisa como “amizade à primeira vista”? Escolhemos os amigos por mera identificação de gostos e carácter? Gosto dele porque ele aprecia as mesmas coisas que eu? Podemos dar-nos ao luxo da racionalidade, da lógica, na escolha (a frio?) dos amigos?
Valorizo muito a lealdade. Tenho o defeito de exigir dos outros aquilo que dou, mesmo que os outros não o peçam. (Parto do pressuposto que a reciprocidade está implícita no contrato silencioso de estima mútua). Não traio – exijo idêntico tratamento. Ajudo – exijo ajuda quando for caso disso. Sou leal – exijo lealdade. É assim que eu sou – e dou imensas chances aos amigos quando estes não me tratam do mesmo modo, da maneira como eu os trato.
Claro que a paciência tem limites. E a minha estica-se, às vezes, anos a fio. Sou leal, repito.
Há pessoas, porém, que não toleram a falta irreparável. Não digo a primeira falta, falha, mas a falta irreparável. Tanto pode ser a primeira a ser cometida como a última após anos de amizade sólida. Há pessoas assim. E não as recrimino.
A falta irreparável pode ser mínima, não passar de um insulto pueril a olhos alheios, mas ser grave e inadmissível para quem a sofre na pele. O amigo tem a responsabilidade (assente no contrato silencioso da amizade) de conhecer quais são as faltas irreparáveis e jamais as cometer sob pena de perder o amigo. A falta irreparável pode ser feita por outros – mas jamais tolerada pelo amigo sincero.
Os amigos são para as ocasiões. Os amigos têm de estar ao nosso lado. Aos amigos perdoa-se tudo – menos a ausência de amizade. Eu escolhi-te. Tu escolheste-me. Escolhemo-nos ambos, no meio de milhões de anónimos. Racionalmente entregámos o coração aberto um ao outro. (Ou, pelo menos, a esperança desse coração aberto.) Racionalmente escolhemos amar-nos. E, é incrível, mas este amor racional, lógico, frio na essência (ou morno) – resultou. Tinhas a responsabilidade de me conheceres, assumiste o compromisso de não me magoares. Se ficas ao lado de terceiros que escolhem ferir-me – então és igual a eles e não és meu amigo.
E pronto. Partilhei convosco a minha ideia da amizade.
sábado, junho 07, 2003
Chá de hortelã-pimenta. Estou a fazer. Não tenho anti-histamínicos em casa. Sou uma desleixada. Nem sequer uma reles aspirina. Não é bem desleixo, é mais do tipo: se não tiver medicamentos em casa então não fico doente de certeza! (Parvoice...)
Este chá pareceu resultar uma vez. Espero que resulte de novo.
A Coluna Infame
Novidades: parece que o João Pereira Coutinho vai ter um blog só dele.
YESSSSS!!!!!!!
(Ok, mulher, controla-te, vá lá, respira fundo, isso, devagarinho.)
Gosto do gajo, não sei porquê. Minto. Sei sim: gosto da forma extraordinária como o tipo escreve.
ARABIAN NIGHTS : Alf Laylah wa Laylah
But when it was midnight Scheherazade awoke and signaled to her sister Dunyazade, who sat up and said, "Allah upon thee, O my sister, recite to us some new story, delightsome and delectable, wherewith to while away the waking hours of our latter night." "With joy and goodly gree," answered Scheherazade, "if this pious and auspicious King permit me." "Tell on," quoth the King, who chanced to be sleepless and restless and therefore was pleased with the prospect of hearing her story. So Scheherazade rejoiced, and thus, on the first night of the Thousand Nights and a Night, she began her recitations.
Ando a ler política a mais e o corpo estranhou.
Porra para isto, alergias, maldita sinusite, sacana da rinite.
Não consigo dormir. Ponho o corpo em poses estranhas, torço-me,
doem-me as costas, não consigo respirar. Para... desanuviar
venho ler blogs políticos na internet.
E o nariz continua entupido. Amanhã tenho de comprar a porcaria do
Actifed (ou outro, que este já não faz efeito nenhum).
Não há literatura possível com o nariz entupido.
Como se pode ser poética - na asfixia?
Merda para isto. Respiro pela boca. Impossível dormir.
Para completar o ramalhete - leio blogs políticos.
E irrito-me. Com esquerdas e direitas e assins-assins.
Eu não sou assim nem assado (a?).
Sou mais adepta do respeito do que de categorias políticas
ou politizáveis. Estúpida. O corpo não está habituado, pois não sabes?
Burrinha. Asfixias e assoas-te e maldita primavera, maldito pó.
Eu quero respirar, pá.
Eu só quero respirar.
Que se lixe a literatura. Vá, Deus, devolvo ao remetente todo
o hipotético talento que decerto não tenho. Só quero ar. Ar.
sexta-feira, junho 06, 2003
Amar amar... não amo
Mas julgo amar
O Mar
(Quisera a ideia de amar deixar
para amar poder amar.)
__________________________
Cá estou eu, a dever cartas a toda a gente, a esquivar-me aos capítulos em falta, cá estou eu na cena da procrastinação.
Mas julgo amar
O Mar
(Quisera a ideia de amar deixar
para amar poder amar.)
__________________________
Cá estou eu, a dever cartas a toda a gente, a esquivar-me aos capítulos em falta, cá estou eu na cena da procrastinação.
quinta-feira, junho 05, 2003
quarta-feira, junho 04, 2003
Mariposa azual
Enxute azzorrague no tolo, Babirussa!
Lúcio da Terra, Minestre dos sonos outros,
Germinista do mente, Seu Estipida, oi!
Atra-me a ti, Levantino Levante, sim,
Parte-me leseiras nos dedos, que mesmo eu também
Dassinar igual Fero Porcino!
Q´isto , deles que te cortam, n´o papel Obuseiro?
És escrito, Cinta de Forçamento, e
Nada rapaces -então sólito que te talhem corne d´ôque!?
Ah, vezo único de pensar longe!
Cova, Zoilos, cova!
Verdades! Sai já pra Mores, spera!
Nuno Moura
Enxute azzorrague no tolo, Babirussa!
Lúcio da Terra, Minestre dos sonos outros,
Germinista do mente, Seu Estipida, oi!
Atra-me a ti, Levantino Levante, sim,
Parte-me leseiras nos dedos, que mesmo eu também
Dassinar igual Fero Porcino!
Q´isto , deles que te cortam, n´o papel Obuseiro?
És escrito, Cinta de Forçamento, e
Nada rapaces -então sólito que te talhem corne d´ôque!?
Ah, vezo único de pensar longe!
Cova, Zoilos, cova!
Verdades! Sai já pra Mores, spera!
Nuno Moura
Fotolog.
Mensagem recente: You are not currently a Gold Camera Patron so you have a daily upload limit of 1 photo.
Pagar?!?!?!?!?!?
Antes o máximo eram 6 fotos por dia, agora tenho de pagar para ter direito a essa quota?!
PQ'osP.
Mensagem recente: You are not currently a Gold Camera Patron so you have a daily upload limit of 1 photo.
Pagar?!?!?!?!?!?
Antes o máximo eram 6 fotos por dia, agora tenho de pagar para ter direito a essa quota?!
PQ'osP.
terça-feira, junho 03, 2003
[Momento esotérico]
Meus lindos, lixem-se para o Mundo e o Mundo seguir-vos-á.
[/Momento esotérico]
Be zen.
Meus lindos, lixem-se para o Mundo e o Mundo seguir-vos-á.
[/Momento esotérico]
Be zen.
segunda-feira, junho 02, 2003
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