segunda-feira, março 30, 2009

Re-Post: uma série de poemas

NÃO ME APETECE ESCREVER

Não me apetece escrever, hoje.
Não, hoje não me apetece Nada escrever.
Por isso não vou escrever, pronto.
Não escrevo, pronto.
Já disse, não escrevo!
Ninguém me poderá obrigar a escrever,
se eu não quero. Muito menos a caneta
com que escrevo as palavras que não
quero escrever - compreendem?
Está tudo dito - não escreverei!

*

Já disse, hoje não escrevo!
Que maçada...Não! Odeio ter de me repetir.
Quantas vezes terei de dizer que hoje, hoje,
hoje, Não Escrevo?!?

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IT RAINS NOT

(Tenho saudades da chuva.)
"Tenho saudades de ti a ter saudades da chuva."
(Tenho medo que a chuva parta para donde
não sinta as saudades que sinto dela.)
Encostamos os dois a cara e
enleamos os cabelos na mão de cada um...
e eu digo:
"Tenho medo que um dia esqueças as saudades
que eu tive de ti a ter saudades da chuva;
que me esqueças o temor que senti por ti,
temendo a partida da chuva para lá do sítio
onde as saudades inda se sentem."

E depois o silêncio sobreveio a tudo,
até ao barulho das águas a cair sobre o telhado.

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ACHA

Vem de mim a espada
Vem de mim o tecto, o iludido luto
Da dor funesta que findou
Na mentira do outro

Vem a mim a certeza
Acesa
Da perene canalhice
Macha

Amor é foda
Não é afecto de espírito
Não é comunhão em dois
Amor é a roda rodando do Rito

É o que nunca vem depois
da findada paixão a acha.


MEU AMOR

Se houvesse coisa que eu quisesse
que fosse amor meu que ma desse
Se eu, acaso, gostasse de cortinas de folhos
que meu amante para mim as tecesse
São verdes, seus belos olhos
e por eles me perdia, se ele me tentasse
Mas é meu amor que, por mim, se perde
e me deseja todos os sonhos
a que eu tentado
esteja
ou sonhasse

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