Todos os que lêem o meu blog conhecem o meu Amor e Adoração pelas cartas de recusa.
São como o ar que respiro.
O pão para a boca.
São a chuva do meu Inverno e o sol do Verão
Pouco a pouco começo a interiorizar que a recusa é do Livro e não de mim – mas olhem que esta porra demora o seu tempo. O pior é que sou Leão e o orgulho leonino (ferido) só atrapalha.
Mas com cada missiva, normalizada, de rejeição vem (em ocasiões) uma linha ou duas que me dispara o “modo paranóico”.
- Mas o que diabo quererão eles dizer com isto?!
Desta vez a negativa veio da Oficina do Livro. Apesar da recusa concluem:
“Não obstante, muito nos agradaria o envio de futuras obras para análise.”
E a minha mente delirante e paranóica começou logo:
- Mas os gajos estão a gozar com a minha cara ou aquilo é mesmo a sério?!
É a sério ou não?!
Odeio estas pequenas frases porque não sei se me dizem a verdade ou se estão a ser simpáticos. Detesto esta ambivalência (porque não a sei ler correctamente).
Em Portugal o normal é ser simpático. Um dos exemplos são estas fabulosas recusas normalizadas. “Após análise literária” eles concluem pela “impossibilidade de incluir a... obra no... plano editorial”.
Não é bem uma mentira (é impossível porque não vai dar lucro – mas tudo bem, as editoras são empresas e existem para ganhar dinheiro, aceito isso), mas também não é bem uma verdade. (Se fosse um livro que gritasse “Lucro! Lucro Exorbitante!” – claro que o plano editorial de repente abria logo uma vaga).
Vêem? Vêem o que isto me faz? My head is racing to all sorts of places. Tenho de descobrir sentido em tudo, chiça. Eu não consigo simplesmente aceitar a negativa – e seguir em frente. Tenho de analisar cada palavra, cada letra (“Agradaria Muito??? Mas mesmo Muito?? A sério...?”), e tento desenterrar significados ocultos.
E agora quanto à frasezinha... quererão Mesmo que lhes envie outras obras?
Hipóteses.
Não: talvez seja uma frase simpática, de circunstância, peculiar à Oficina do Livro.
Ou.
Sim: porque talvez gostem da minha escrita, mas pensem que a obra não fosse vender nada e talvez a próxima seja destituída do handicap “low profit” (ou “no profit”).
Bom, já exorcizei os delírios. Acabou. Vou arrumar a carta na Gaveta das Recusas. Para quem desejar tentar a sua sorte com a editora deixo os contactos:
Oficina do Livro
Rua Bento Jesus Caraça, 17, Dafundo
1495-686 Cruz Quebrada
Portugal
Tel.: +351 21 0052350
Faz: +351 21 0052340
E Boa Sorte!
Que os Deuses Editoriais vos Iluminem e Amparem!
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