terça-feira, outubro 28, 2003

"It is too often forgotten that just as a bad man is nevertheless a man, so a bad poet is nevertheless a poet." (G. K. Chesterton)

Também acho.
Que mania esta de pensar que um escritor tem de ser um bom escritor Sempre; ou um filho tem de ser um bom filho Sempre; ou um homem tem de ser um bom homem Sempre.
Nem Deus pediu isso de nós. Não aceitar menos do que a perfeição é a melhor receita para o falhanço.
Um exemplo: o nanowrimo. Aceito que passarei os próximos 30 dias a escrever porcaria sem ponta por onde se lhe pegue. E as restantes 18 mil pessoas que se inscreveram também o aceitam. Algo que é mau, mas existe, pode ser melhorado. Algo que é bom e perfeito, mas não existe... enfim.
Parece-me que o materialismo já afectou tudo. Temos de ser perfeitos sempre! Bons em tudo! Um poeta não tem o direito de ser um mau poeta! Que se fuzilem todos os maus escritores! Isto é a mesma coisa que dizer a uma criança com asma: tu não sabes respirar bem. Estás a gastar ar que outros usariam de forma mais eficiente e competente.
Só aceitamos os perfeitos agora?
Só aceitamos os bons?
Notícia de última hora: para ser bom é Necessário ser mau primeiro!
Um bom poeta tem de ser um mau poeta. Sem ser mau, jamais será bom.
Nós evoluímos a vida inteira. Olhemos para o nosso corpo. Está a envelhecer ou a evoluir? Está a modificar-se, a transformar-se. Um corpo de 90 anos é mau, comparando-o com um corpo de 16 anos?
Só porque alguém leu um mau escritor quando este tinha 23 anos, quererá dizer que o escritor permaneceu mau? Ou será que evoluiu, se transformou?
Não me venham dizer que não tenho direito aos meus erros. Como é que se aprende se não se erra?
Digam a uma criança que ela não pode errar. Nunca. Vai crescer saudável, não vai...?

Bom, o nanowrimo está à porta. Tenho um "plot", sei o início e até já sei o fim! O meio é que me lixa.

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