terça-feira, março 01, 2005

Modalidade: Livre. A minha participação segue abaixo.




O senhor Bê (bê-a-bá) apanhou uma pulga do chão e disse:
- Oh, os bebezinhos são cremosos, cremosos os bebezinhos. Passados pelo passevite ou pela máquina de sumos, hummm, delicioso. Derrama-se o resultado por cima de saladas ou bitoque. Ah - vale a pena estar vivo. Assim, sim.
O senhor Bê (de bê-a-bá, repito) roubou a cadeira motorizada de um tetraplégico, depositando-o esparramado no passeio numa posição esdrúxula (parecia dançar hip-hop. Hop-Hop!), colocou um cartaz com os dizeres: Arte. Favor Não Incomodar. (O gajo anda sempre preparado, nem lhe falta o dedal e as agulhas, vejam lá.) E arrancou. Teve o cuidado de deixar um fio de baba escorrer pelo canto dos lábios, jogar a pupila dos olhos para cima e balançar-se em gestos descoordenados para não destoar do assento.
Basicamente, é um pulha.
Depois foi o fartote: lançou-se contra todos os agentes da autoridade que viu, mesmo direitinho às canelas. Nenhum lhe passou multa nem lhe deu voz de prisão.
- Coitado - diziam, coxeando, alguns com as pernas rachadas iam ao pé coxinho para as urgências do Curry Cabral, - isto são vidas, são vidas.
A brincadeira acabou quando um bando de miúdos lhe gamou a cadeira.
- Caaaabrões! Filhos da puuuuuta! Ai, falta-me o ar. Gritar cansa. Nestas idades, nestas idades há que ter cuidado. Malaaaaaandros! Isto já não há o respeito que havia antigamente, nem pelos mais velhos. Francamente. É uma bandalheira. Sinceramente.