quinta-feira, janeiro 05, 2006

PEDOFILIA II



Em relação a certos e determinados indivíduos que enfrentam hoje certos e determinados processos onde são acusados de pedofilia.
Na minha opinião aquilo não vai dar em nada. Afinal de contas estamos em Portugal, meus senhores!
Na minha opinião vão safar-se porque são ricos e têm dinheiro para pagar a bons advogados, peritos no ofício (e ainda bem! Não minto, ainda bem que o têm, porém considero que os arguidos pobres deviam igualmente ter acesso ao mesmo tipo de recursos).
Portanto não vai haver porra de merda de caralho de justiça nenhuma. Vai existir sim a aplicação da lei nos seus rígidos termos. (Não faço futurologia, senhores, isto é tão óbvio. Planeio, no entanto, iniciar estudos sérios em astrologia daqui a uns meses, mas adiante.)

Na minha opinião daqui a cem anos quando todos estivermos seguramente mortos, os seus nomes e nomes dos seus apoiantes serão seguramente execrados. Os descendentes directos mudarão de nome para impedir que os filhos não oiçam, como eles o ouviram, à hora do recreio, estas pérolas:
- Ah-ah! Olhó descendente do pedófilo! Olha, olha! Pedófilo, pedófilo!
Sinceramente espero que isto não aconteça, mas sabem como as criancinhas podem ser más umas para as outras.
Os descendentes destes senhores serão certamente sujeitos a escárnio e hostilidades. Fartos, decidirão com certeza alterar o nome ou mesmo repudiar o ramo genealógico.
Mas consequências futuras a mim não me interessam nada e muito menos se forem deslocadas. Não é correcto castigar filhos pelo (alegado) crime dos pais, avós, bisavós.
O que me interessa é o agora.
Agora como poderei tornar visível o meu desagrado? Ora bem, acheguem-se, senhores, para isso já tenho resposta!
O ostracismo é uma arma útil e poderosíssima. Certamente sofrê-lo-ão, mas irão continuar à mesma a beneficiar de certos e determinados privilégios, certas e determinadas mordomias. Abençoados! Nada contra. E digo isto com sinceridade, não minto – só tenho pena que os pobres e remediados não tenham acesso ao mesmo. E deviam ter, deviam.

Prevejo (novamente não é futurologia, apenas senso comum, um sentido social para os padrões portugueses de comportamento que, aliás, partilho com os restantes cidadãos) que as pessoas ao pé destes futuros ex-arguidos ilibados serão civilizadas.
Vão sorrir.
Apertar a mão.
Dar dois beijinhos na cara. Ter conversas amenas.
Enfim, vocês sabem, o costume.
Não acho que nos devemos comportar como Neandertais e acossá-los na rua, atirar-lhes pedras, partir-lhes os bracinhos (e talvez o nariz). Sou Contra qualquer género de violência.
Há outras formas de magoar, há outras maneiras de passar a nossa mensagem, os nossos sentimentos e juízos – mais poderosas.

Exemplos.
Quando certo e determinado indivíduo, acusado de pedofilia e ilibado, vos apresentar a mão para um aperto protocolar e cordial enquanto exibe no rosto sorriso compatível, na minha opinião o comportamento a adoptar deve ser o seguinte:
- Tenho imensa pena, senhor Tal e Tal, não lhe vou poder apertar a mão porque vai contra os meus princípios. Na minha opinião o senhor devia estar a mofar por largos anos atrás das grades. Não o quero magoar, não lhe quero causar dano, ou melhor, quero causar-lhe o mínimo dano possível. Não lhe vou desejar sucesso em nada da sua vida nem desejar-lhe boa sorte, excepto numa coisa: espero que o senhor se conheça na totalidade; espero que, ainda nesta vida, saiba quem é, se revele a si mesmo e compreenda a natureza exacta das suas acções e pensamentos. Esse é o maior sucesso que um homem pode obter em vida e desejo com sinceridade que o obtenha nesta.
Enquanto o gajo está aparvalhado a olhar-vos de queixo caído façam o favor de acrescentar:
- Por favor, não volte a dirigir-me a palavra nem a estender-me a mão. Eu não quero de modo nenhum associar-me a si. Adeus.
Mas sejam educados, civis, cordiais, não gritem porque o impacto é menor.

Agora vamos aos factos (seguramente há factos).
Depois do julgamento seguramente os ex-arguidos ilibados terão de continuar a viver uma vida normal.
Terão de fazer a manicura, palitar os dentes, comprar charutos, ir ao café beber uma bica, comprar o jornal, comprar pão para o jantar porque já não há. E seguramente têm vizinhos. Decerto têm família e amigos. E colegas. E camaradas da tropa com quem organizam aqueles jantares uma vez por ano para recordar a guerra colonial, os mortos, os vivos, os turras, o que veio depois.
Há uma grande rede social a rodear cada uma destas pessoas.
O que eu proponho é que cada uma destas pessoas adopte a conduta atrás ilustrada – que cada uma se recuse a continuar a relação com eles, que corte em definitivo todos os laços, que os abandonem e eles se tornem invisíveis. Se são novas pessoas as que lhes vão apertar a mão na merda de uma cerimónia qualquer, proponho que o comportamento seja idêntico.
Isto é o que eu desejo ardentemente fazer.
Desejo com paixão que, acossados de todos os lados por tal porte, eles prefiram a prisão à liberdade porque a liberdade é um martírio.
Agora... se terei coragem ou não para isso... isso já não sei. Não sei se, à vista de um rosto sorridente e simpático, de mão estendida para a minha ou mesmo num gesto que seguramente terminará em abraço afectuoso, não sei se não me irei abaixo e simplesmente aceitar a cordialidade, o afecto (ainda que hipócrita). Não sei.
Mas sei que é assim que eu me quero comportar. Ao menos sei isso.
E vocês, em relação a esta trapalhada toda, o que é que sabem?

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