terça-feira, fevereiro 18, 2003

Entrevista com Urbano Tavares Rodrigues.

P – Cinquenta anos de vida literária e cerca de sete dezenas de livros escritos: está satisfeito com o seu percurso? Acha que houve sempre uma evolução?

R – Nenhum escritor autêntico está contente com aquilo que fez. Realmente queria fazer o grande livro da minha vida e nunca o fiz. Às vezes, ao escrever um romance, penso: «Este sim, vai ser o meu grande romance!». Mas depois fico sempre insatisfeito, não consigo sentir-me feliz com o que escrevi. Acontece-me às vezes reler e dizer: «Afinal, enfim, isto não é mau, não é exactamente quilo que queria. Mas é o melhor que pude fazer… e não é mau».



P – Mas está satisfeito com a sua carreira?

R – Nunca ninguém está satisfeito. O Eça, que era muito maior escritor do que eu, considerava-se um vencido da vida. Nós normalmente somos todos vencidos da vida e da obra.


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