domingo, fevereiro 16, 2003

Não 'tou com pachorra para títulos

(Vem noite longínqua mitigar as mágoas dos inexistentes.
O torpor enlanguesce-me a carne, lábios, língua
e eu não sei experimentar os pés, as mãos, os gestos destes
que não sou eu e te dou a ler.
Pela tinta vens tu de mim a receber o universo
pré-feito, pré-dito - quase ilícito - e que a outro alguém
ignorado eu tirei - quase como quem rouba um fado.
Recordo o que nunca por mim soube.
Lembro o que nunca houve.
Mas deste mundo concreto - quem sobrará
para se lembrar ao certo?
Portanto vem, vida não minha, mas vida porém,
comigo vem de encontro aos olhos de outros
dar lume à extinta brasa adormecida.)
_______

Deixo um poema. Já nem me lembro quando o escrevi.


Sem comentários: