Razões para a Guerra
Eu acho que devia haver guerra. Sei lá, porque é fixe, cool, sei lá. É baril, ‘tá a ver? A guerra dá-nos sempre tema de conversa, logo a seguir ao tempo.
-Hoje está um tempo do filha da puta.
-Pois é. E a guerra, hã!
-Ah pois, a guerra!
Nunca nos falta assunto, sei lá, num cocktail. Numa exposição daquelas pós-pós-pós modernistas. Numa bicha, num engarrafamento.
-E a filha da puta da guerra!
-Ah pois! Você, você não me diga nada!
-Ó homem...! Por quem é, fale!
-Sou pelo Benfica.
-Ah.
-Pois.
A guerra é gira, combina com todo o tipo de roupa. Há a guerra de andar por casa, de sair à rua, de ir a um casamento, a guerra do acordar, do ir dormir.
E depois pode-se comer tudo com a guerra: caviar, salsichas e batatas fritas de pacote, sei lá, ‘tá a ver, combina. Prontos, combina com qualquer estrato social. Um fidalgo (mesmo remendado e sem ter onde cair morto) pode falar com o almeida. Ou seja, aproxima as pessoas.
E também é um óptimo assunto para o blog quando um gajo já não se lembra do que raio há-de falar.
Sei lá, a guerra é chique. Contribui para a comunhão inter-social e interpessoal. É boa para o stress. Descontrai, relaxa.
Principalmente quando não é aqui à porta e não nos está a matar os vizinhos e a massacrar as criancinhas.
Mas guerras ao longe são giras. São bonitas de ver, têm até uma certa estética. As bombinhas a caírem, os padrões que se criam, o sangue espalhado nas ruas. Trata-se de uma Arte Superior.
Os generais são artistas. Os soldados executores da obra.
‘Tou com sono. Vou dormir.
Ver se hoje não sonho com arte.
Ao contrário de muita malta espalhada por esse mundo fora.
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