quinta-feira, julho 23, 2009

O Mágico e o Louco

(conto)

A VIAGEM DO MÁGICO E DO LOUCO

-I-

Era uma vez um Mágico que foi à procura do Louco (the fool). O Mágico tem um aspecto assaz bizarro. Tem o cabelo negro e liso comprido, muito brilhante. O manto vermelho escuro tapa-lhe o corpo inteiro, desde o pescoço até aos pés. O Mágico tem tudo dentro daquele manto. Tem paus e coisas brilhantes, varas de magia, óculos mágicos, mágicos de óculos. Pequenos cães treinados e um pintainho cantor. Quando tem sede de vinho, de água ou de sumo tira do interior dele um copo pequeno sempre cheio que nunca se entorna. É uma estranha personagem, às vezes parecendo velho, outras muito jovem. É um mágico consumado. Fala a língua das serpentes e das pedras, conhece o som das folhas das árvores e os segredos que contam. Está à procura do Louco, seu velho companheiro de aventuras. O Louco segue a sua natureza rebelde e sem caminhos pré-definidos. O Louco vai ao desafio e da última vez que o viu o Mágico notou que um cachorrinho pequeno e branco o seguia, ladrando muito vivaz, a avisá-lo de todos os perigos para os quais era cego.

O Louco já não se vê. O Mágico sabe bem que não deve prendê-lo. Seria um crime universal. Um crime que não suportaria contra si, nem cometê-lo. Mas há coisas importantes que o Louco conhece e o Mágico tem de o seguir. O número um atrás do zero. O Uno a seguir o infinito e indissolúvel. O uno sempre atrás do zero.

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