quarta-feira, abril 20, 2005

19 de Abril´05


Aquilo que eu acho que realmente aconteceu dentro do Conclave:

- Os cardeais ocuparam-se a jogar dados e cartas e a serem subornados pelo Pinto da Cuosta com prostitutas brasileiras. (Mas isto sou eu que sou um bocado cínica nestas coisas.)

Como são todos gajos aposto que houve concurso de arrotos e de quem mijava mais longe.
E aposto que, mal fechada a porta, tiraram os sapatos, desapertaram os fatos e assistiram a uma partida de futebol na televisão que, adivinho!, alguém levou para o interior da Capela Sistina, dissimulada. (Mas isto sou eu, enfim, sou fértil em ideias heréticas.)

E tiveram pena que não houvessem cardealas para lhes limpar a correnteza de cascas de amendoins e pevides e pôr as latas de cerveja no lixo.

[Pela rádio informam-me sobre o fumo branco e sobre os sinos e oiço as palmas do povo. Tudo o que consigo pensar é: peloamordedeus, que não seja o Ratzinger.]

Desconfio que um ou outro cardeal tenha levado os patins a fim de demonstrar a geriátrica flexibilidade, prova da sua longevidade e rija saúde.

Tenho quase a certeza que um, para demonstrar a ligação à juventude materialista que urge reconverter, levou escondida nas vestes a Playstation que saiu há pouco tempo.

Muitos, tendo em conta a idade, devem ter dormido e ressonado durante as votações. Quem me garante que um ou outro cardeal não terá votado mais do que a sua vez? O Ratzinger, caso a ocasião se apresentasse, teria votado nele próprio para aí umas cinquenta vezes.

Ó Habemus Papam, Habemus Papam. Papinha. Cerelac.

Mas porque raio é que eu não posso votar no pontífice? Serei menos do que um cardeal? Eu Quero Votar no Pontífice! Sou católica, afinal. Não praticante. Agnóstica. Pormenores que não vêm ao caso.

Um dia. Ena. Turbo-eleição. Com chazinho e bolachinhas pelo meio, pergunta-se o meu eu céptico, sempre suspeitando.

A eleição do Papa não devia ser um acontecimento à escala mundial? Votantes: um bilhão. Ca fixe.

Nesse caso ganharia, decerto, um Papa sul-americano ou africano. Um Papa negro. Isso a mim não me faz espécie. Fará a alguém? Papa Negro... ou melhor ainda: uma Papisa Negra!

Ah, isso, isso é que eu gostava de ver!

Um dia as mulheres chegam lá.

[Peloamordedeus, que não seja o Ratzinger.]

Na infância eu pensava que Deus, Ele Mesmo, o Altíssimo Gajo, falava directamente com os cardeais e indicava o escolhido por Si. Porque é que eu nunca me perguntei: porque razão há-de ser uma coisa tão secreta Deus falar com os homens? Porque o hão-de esconder? Mas era criança e as crianças não têm consigo questões complexas.

Deus não é para ser escondido por entre quatro paredes. Na verdade isso não me importa porque a dúvida permeia-me o espírito como uma porta que, depois de aberta, nunca se fechou.

[Peloamordedeus, que não seja o Ratzinger.]

Tenho o espírito demasiado aberto pela dúvida. Às vezes sinto saudades da certeza. Certezas não fazem mal a ninguém - desde que espaçadas no tempo.

[Pois. Lá teve de ganhar o gajo da Inquisição. Belos tempos se avizinham, olaré.]

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