O centauro ocupava toda a entrada da carruagem. E o cheiro, meu Deus. Aquele maldito cheiro a cavalo! Semeava bostas por onde quer que passasse, o Metro fora baptizado desde a entrada até à carruagem onde eu seguia, na direcção do Marquês de Pombal. Malditos centauros. Não há um dia que não chegue a casa sem porcaria na sola dos sapatos. E de autocarro também não posso andar, nunca se sabe quem se senta ao nosso lado, uma bruxa, um feiticeiro, um qualquer ser vingativo que nos diminua o tamanho do crânio à mínima falta. Ao menos no Metropolitano só sujo os sapatos e continuo com a cabeça intacta. É complicado viver nesta cidade, ando continuamente a fugir de ogres e à noite tenho de adornar o pescoço com um colar de alhos fedorentos para manter os sacanas dos vampiros à distância. Saídas à noite nem pensar. Meu rico pescocinho. Ainda por cima sou AB- e parece que apreciam a “colheita” (o meu tipo de sangue combinado com o ano de nascença). Isto parece que há anos melhores e piores.
Mas a grande chatice são os porcos voadores. Porquê - nem vale a pena explicar. Basta dizer que as minhas contas na lavandaria têm subido exponencialmente. Ando a considerar emigrar. Não sei é para onde ir. Por todo o lado existem porcos que voam e centauros.
Talvez Marte.
É um bocado deserto, mas isso até pode ser uma vantagem.
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