quinta-feira, abril 24, 2003


E mais outro extracto do livro que ando a escrever.

"Segue-la à distância, disfarçado, vagabundo, idoso, sujo, abatido, a arrastar um pé, olhando o chão e recolhendo dos caixotes de lixo cartão para mais tarde vender. Tens barba (o tempo que passaste na Alemanha a dividir o espaço com um antigo palhaço desempregado e alcoólico foi proveitoso, ensinou-te umas coisas, o tipo era um mestre no disfarce, mas tinha de estar bem bebido para se deixar convencer a partilhar tais segredos) e um chapéu roto, à cigano, a tapar-te os olhos. A invisibilidade serve para ninguém te ver, para ela não te descobrir.

Sem comentários: