sábado, maio 10, 2003
Receituário
É muito fácil fazer poemas.
É, de todas, a mais simples receita do mundo.
Vai-se ao fundo da alma e partem-se os alicerces.
Recolhem-se à superfície. Dividem-se em palavras,
sujeitos, adjectivos, conceitos - a natural
argamassa de um banal poema.
Depois não se bate não se mexe nem se leva a lume brando.
Dá-se ao primeiro passante que nele cuspirá
por o haver confundido com um selo.
Um poema não é para sabê-lo, tê-lo, crê-lo ou havê-lo.
É para dar ao primeiro passante. Que o lançará no
caixote do lixo, visto ser cidadão correcto (exemplar, modelar);
e não concorda em conspurcar as ruas da cidade com poemas
de merda. Nem servem para estrume.
Por aqui se vê a total inutilidade dos poemas:
é que nem servem para estrume.
11/99
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