sábado, dezembro 17, 2005

Arruda & Compras

Agora querem ir para Arruda dos Vinhos no dia de Natal, devem estar mas é parvos. É Natal, mas não são férias, Segunda eu tenho de me levantar às sete da manhã, Arruda dos Vinhos, vão esperando. Prefiro estar em casa, quentinha, enrolada no edredão, sem que me chateiem, a pôr o sono em dia, hoje fui às compras, quando sou cliente também gosto de ser bem atendida, não me parece ter sido o caso, na caixa de dez unidades a senhora começa por dizer:
- Olhe que esta caixa é só até dez unidades.
Eu conto-as em voz alta. São dez exactas.
Depois diz qualquer coisa acerca das camisolas, que eu não percebo porque ainda não coloquei todos os itens em cima do tapete. Ela repete.
- Vou pô-las em cima dos joelhos para me aquecer.
- Hum? – e continuo a fazer o mesmo.
Ela ainda não compreendeu que eu Não Quero Conversa. Hoje Não Me Apetece Paleio. Passo Horas a falar, o fim-de-semana é reservado ao Descanso.
Depois pede-me desculpa e explica-me que era apenas para não se sujarem no tapete e que podia perfeitamente (as compras) passar das dez unidades. Passa algum tempo nestas explicações. Eu:
- Ah – e arrumo as compras.
No fim: esqueceu-se de fazer a conta exacta, deixou de fora o peixe e o azeite, acrescenta-os.
(E ainda tive de ser eu a pôr o peixe e as camisolas nos sacos, o que não costuma suceder. )
Dou o dinheiro, recebo o troco e mais um daqueles talões inúteis para usar na Repsol quando for a pôr trinta litros de combustível que, convenhamos, é acto diário, rotineiríssimo.
Às vezes dá mesmo vontade de dizer: desculpe, mas eu não quero falar, quero despachar-me, ir para casa fazer o almoço e comer, dá para fechar a matraca?
Arruda dos Vinhos... horas seguidas a aturar a família inteira (de quem gosto muito, não me interpretem mal) que agora anda a braços com um género de drama, não o apelido de pequeno por não querer ofender ninguém – não, obrigada. Deixem-me em paz, descansada, a sonhar com lareiras imaginárias.

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