Tenho uma grande armadura dentro do meu coração; feita de fios entrelaçados, às vezes de oiro, outras prata, hoje de cordel esgaçado.
Uma armadura que ecoa como sapatos de salto alto nas ruas de madrugada.
É negra negra negra - hoje cinzenta. E é tão bonita.
É uma bela armadura cujo frágil caule verde, tenro, se espraia até ao chão e busca alimento na terra. Desde que a tirei do vaso rego-a para não morrer.
Tenho um pequenino coração dentro da minha grande armadura. E às vezes o sol brilha nele. Como entrou desconheço porque o material é antigo, herdado de cavaleiros medievais, e passa sempre na inspecção. Nenhum raio solar lá devia entrar. Talvez as formigas, que descobrem buraquinhos minúsculos, tenham descoberto passagem.
De resto o meu coração por vezes sorri e eu talvez deva deixar as formigas em paz.
13 Junho06
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