sexta-feira, junho 09, 2006

CENSURA EM PORTUGAL II

Porque é que não temos uma Primeira Emenda em Portugal?
Que dê o direito de parodiar figuras públicas, mesmo quando isso lhes causa dano emocional?

The First Amendment also protects the right to parody public figures, even when such parodies are "outrageous," and even when they cause their targets severe emotional distress.


[Fonte: http://usinfo.state.gov/journals/itdhr/0297/ijde/goodale.htm]

Eu queria poder usar o Nome Completo da pessoa que desejasse satirizar, poder Claramente Identificar a Pessoa. Queria poder Expressar Claramente a minha Opinião e chamar Estafermo a alguém – sem ser processada. Tu és um estafermo porque, na minha óptica, te comportas como tal.
Neste país não tenho liberdade para o fazer.
Mesmo iludindo a pessoa, evocando-a, tenho de me certificar que ela pode ser uma quantidade de outras pessoas – para evitar processos.
Tipo, é como no tempo do Estado Novo em que as coisas se diziam por meias-palavras. Uma palavrinha mal dita, mal colocada – e lixam-nos.

“if it is the speaker's opinion that gives offense, that consequence is a reason for according it constitutional protection. For it is a central tenet of the First Amendment that the government must remain neutral in the marketplace of ideas."

[Fonte: http://usinfo.state.gov/journals/itdhr/0297/ijde/goodale.htm]

O Governo neutro no mercado no mercado das ideias. Então não... Era logo. Mas devia ser.

Nós, portugueses, somos como um rio estagnado.
Pior: um lago, porque os rios ainda têm ligação a outras fontes de água, podem regenerar-se. Os americanos são como um imenso oceano, com correntes e contracorrentes, possuem um imenso “mercado de ideias” que se opõe e conecta. O oceano está sempre em movimento e cria Vida. Nós no nosso lago estagnado vamos morrendo pouco a pouco. Porque é esse o legado do Poder Absoluto, do Controlo Absoluto: A Morte Absoluta. A nossa morte enquanto povo, o nosso inexorável Afundamento.

Ou melhor: a nossa seca e aridez. O lago morre e depois enxuga e por fim haverá uma cova a testemunhar a antiga existência de um povo.
O próprio Governo, Estado, Poder (whatever – a meu ver confundem-se) não percebe que está a contribuir para o seu aniquilamento.
O Poder, concluo, é como um cancro que matará o corpo porque não quer morrer – busca a imortalidade, o perpetuamento, e para isso recusa-se à auto-limitação. Expande-se corpo afora – até o consumir. Porque o cancro recusa a mortalidade e acaba por matar o hospedeiro que o alimenta.
Eu quero – exijo – a liberdade de expressão que existe nos EUA. Como cidadã tenho direito a ela. Não é justo que apenas aos ricos se dê acesso a coisas a que todos deviam ter acesso.

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