segunda-feira, março 13, 2006

Quando eu tinha quatro anos (acho) vivi em Moscavide, numa barraca de pedra na zona agora ocupada pela Expo'98. Para os lados do matadouro, segundo me disseram.
Brincava muito com o careca, um rapaz de seis anos que batia em toda a gente - menos em mim. Tinha este nome por lhe raparem o cabelo (por causa dos piolhos).
O pai dele era polícia e suicidou-se.
Tinha duas irmãs, segundo me disseram (ou eram três?), mas eu só me lembro de uma.
Costumávamos brincar atrás da minha casa, que tinha lá uma coisa muito gira que o meu pai estava a guardar para o amigo (quem brincou comigo sabe do que se trata).
Havia ciganos. Eu comia a sopa (que odiava comer em casa, sopa de couve brancas) com eles porque o faziam na rua, em cima de um banco, a segurar o prato nas mãos, e a olhar para o horizonte.
Havia feira às... terças-feiras?
Uma vez desapareci o dia inteiro porque fui brincar para o carrosel (à borla), e a minha mãe, desesperada à procura de mim.
Há mais coisas, mas não vou dizer tudo. Gostava de saber como está o careca agora. Nem sequer sei o nome dele. Hoje já deve ter 34 anos, pelo menos.
Foi a época mais feliz da minha infância.
Será que alguém conhece este gajo...?

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